Cidades

Garoto que matou colega de escola diz ter sofrido ameaças e bullying

Professores tiveram de conter alguns alunos para evitar que o suspeito fosse linchado

Otávio Augusto
postado em 16/09/2015 06:50
As aulas no Centro de Ensino Médio (CEM) 2, em Ceilândia, acabaram suspensas ontem, um dia após o assassinato de um estudante de 17 anos, nas dependências da instituição. Na noite anterior, o agressor, de 16 anos, colega de classe da vítima, usou um canivete para matar Danilo Roger Silva de Sousa. Ao todo, segundo a perícia, foram 16 golpes, três no pescoço. Os estudantes do 2; ano, segundo a direção do colégio, não tinham histórico de violência. Depois do crime, professores impediram o linchamento do acusado.

Policiais militares reforçaram a segurança nas imediações do Centro de Ensino Médio (CEM) 2: aulas suspensas e pais com medo

O adolescente prestou depoimento à polícia horas após o assassinato. Ontem, a Justiça o ouviu e o encaminhou para cumprir 45 dias de medida socioeducativa, até que seja definido o tempo total da sentença. Ele contou que sofria bullying e ameaças, versão confirmada pelos colegas. Alguns professores disseram que o garoto era ;calado; e ;não tinha muitos amigos;. O diretor do CEM 2, Wilson Venâncio, acredita que a confusão tenha começado fora da instituição. Entretanto, alunos que testemunharam o crime contaram que houve uma brincadeira com bolinhas de papel, o que deixou o suspeito constrangido. ;Não é possível que isso tenha deixado ele (o agressor) tão nervoso;, avaliou Wilson.

[SAIBAMAIS]A Delegacia da Criança e Adolescente (DCA) II, em Taguatinga, apura o caso. ;Ainda estamos apurando o que pode ter realmente motivado a ação, mas ainda não podemos divulgar muitos detalhes da investigação por se tratar de um crime que envolve dois menores de 18 anos;, afirmou o titular da unidade, delegado Amado Pereira. Funcionários do CEM 2 lavaram a sala onde ocorreu o crime no início da manhã de ontem. ;Eu nunca vi tanto sangue na minha vida. Era uma cena de horror. As cadeiras estavam bagunçadas e havia sangue pisoteado por toda a parte;, contou uma das responsáveis pela limpeza.



Pais de alunos estão com medo. No turno da noite, são seis turmas de ensino médio, com uma média de 35 alunos cada. ;Já tivemos reuniões para discutir casos de bombas e uso de drogas. Esperamos que esse caso extremo sirva de alerta para o governo, pois alguma coisa precisa ser feita para garantir segurança a alunos e professores;, reclamou o taxista Marcos Alberto Souza, 36 anos, pai de uma estudante do 1; ano do ensino médio. Danilo Roger será enterrado hoje no Cemitério de Taguatinga. A família procura explicação para o caso. ;Ele nunca falou sobre desentendimento com ninguém. Quando ficamos sabendo, pensamos que era engano. A minha mãe que o viu morto no chão da escola. É uma dor que a gente não consegue controlar;, desabafou o irmão da vítima, que pediu para não ser identificado.

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