Cidades

Outubro Rosa: mastologistas oferecem atendimento a 300 mulheres no Base

Nesta terça e quarta-feira, voluntárias recebem mulheres acima de 40 anos para agendar consultas

postado em 06/10/2015 06:02
Maria Gorete (à frente) contou com o apoio da Rede Feminina de Combate ao Câncer para se curar: hoje ela ajuda mulheres na mesma situação
No início de 2012, um convite colocou Maria Gorete Souto da Silva, 62 anos, dentro de uma montanha-russa de emoções. Ela estava com uma viagem marcada para o Nordeste quando a irmã a chamou para fazer uma mamografia. Mesmo resistente, Maria Gorete aceitou. De lá, ela foi diretamente encaminhada para o Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), pois estava com um nódulo no seio direito. A mulher começou o tratamento da unidade de saúde, mas, como tinha um câncer de mama, que se desenvolve rapidamente, a médica preferiu marcar logo a cirurgia. Depois de pouco mais de seis meses, Maria Gorete realizou o procedimento, já com a reconstrução mamária. Desde então, trabalha como voluntária na Rede Feminina de Combate ao Câncer. ;Levando a verdade e ajudando as mulheres que têm medo;, afirma.

Hoje e amanhã, ela estará ao lado de outras voluntárias da Rede para receber mulheres acima de 40 anos que queiram agendar consulta com um mastologista. Em cada dia, serão distribuídas 150 senhas. A marcação ocorrerá das 8h às 12h e das 13h às 18h. As interessadas devem comparecer à unidade de saúde com documento de identificação com foto e a última mamografia realizada. Aquelas que não tiverem o exame, mas encontram-se com alguma suspeita do tumor e não têm condições financeiras de arcar com o procedimento serão selecionadas para fazê-lo no hospital. Em seguida, nos dias 20 e 21, serão realizadas as consultas e, nos dias 27 e 28, divulgados os diagnósticos.

A ação faz parte da campanha do Movimento Outubro Rosa, celebrado em todo o mundo, e que foi idealizada pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), com a Unidade de Mastologia do HBDF e a Rede. ;O objetivo primário é tentar facilitar a chegada das pacientes ao HBDF. Entramos em contato com todas as regionais e agendamos as consultas para as mulheres que estavam necessitando. Agora, abrimos para a população em geral e vamos distribuir as senhas;, explica a mastologista e presidente da SBM Regional DF, Carolina Fuschino.

Na rede pública de saúde do DF, o acesso das pacientes é feito, normalmente, por meio das consultas com os ginecologistas nos centros de saúde e clínicas da família. ;Uma vez identificada uma lesão, o médico encaminha a paciente para a triagem no HBDF com risco vermelho. O que, às vezes, demora é essa chegada da mulher ao ginecologista. O atendimento primário é lento, tanto pela questão da falta de médico quanto por medo das pacientes. É uma combinação. Uma vez que o acesso é difícil, isso desestimula e, com pouca educação em saúde, o cenário se torna pior;, comenta Fuschino. A programação do Outubro Rosa visa, justamente, reverter esse quadro e mostrar que, quanto antes o diagnóstico for realizado, melhor.

Prevenção
De acordo com a médica, a expectativa é de que, para este ano, sejam identificados mais de 700 novos casos de câncer de mama no DF. ;É importante diagnosticar mais cedo, porque a chance de cura é maior. São milhares, centenas de mulheres com o tumor que, muitas vezes, deveriam ser diagnosticadas na atenção primária, mas já chegam ao hospital com o câncer avançado. A gente esquece de cuidar da gente e, quando percebe, pode ser tarde;, conta Vera Lúcia Bezerra da Silva, coordenadora voluntária da Rede Feminina de Combate ao Câncer.

Passados três anos do diagnóstico, Maria Gorete continua o tratamento no Hospital de Base, mas já não como antes. ;Agora, graças a Deus, é para manter e cuidar;, explica a voluntária. Na mesma cirurgia em que retirou o tumor e o seio direito, já fez a reconstituição. Direito que é garantido a toda mulher. ;É muito importante, porque a gente não se sente mutilada. Pensei que ia morrer, entrei em depressão. Mas tive muito apoio da minha família, e agradeço muito ao tratamento do hospital e ao trabalho da Rede. Mesmo com a cirurgia, a gente fica abalada, tem medo do tumor voltar. Aqui (na Rede), voltei a sorrir, minha vida deu um pulo, porque temos pessoas que conversam com a gente e mostram que temos que viver para salvar outras pessoas;, afirma.

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