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FAB alerta para o perigo de usar raios laser e drones perto do aeroporto

O uso inadequado dos dois equipamentos pode causar até a queda de um avião. No caso do feixe de luz, órgão registrou 45 casos próximos ao aeroporto em 2014. Profissional critica a utilização de aeronaves não pilotadas por pessoas sem habilidade

Isa Stacciarini
postado em 10/10/2015 08:04

Fausto Dalledone observa todas as regras para poder utilizar profissionalmente o aparelho

Apontar raios laser para aviões e circular com drones próximo ao Aeroporto Internacional de Brasília Juscelino Kubitschek são crimes e podem causar uma tragédia em casos extremos. As interferências chegam a atrapalhar o piloto, principalmente nos procedimentos mais críticos, como pouso e decolagem. O feixe de luz dificulta a visão do comandante e pode provocar cegueira instantânea e queimaduras na retina. No caso do drone, se o objeto entrar em contato com a aeronave, o efeito é semelhante à colisão com um pássaro. O motor corre o risco de parar de funcionar, caso a turbina seja afetada. A lei prevê pena de 2 a 5 anos de prisão para quem dificulta ou impede a circulação de transportes aéreos ou marítimos.

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Em todo o ano passado, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipe) da Força Aérea Brasileira (FAB) registrou 45 ocorrências com laser próximo ao aeroporto. Em 38 casos, o piloto estava em procedimento de pouso e em sete situações se preparava para a decolagem. De janeiro até o último dia de setembro deste ano, foram 14 registros. Ao todo, nove em processo de descida. O Cenipa não contabilizou nenhuma ocorrência com drones até agora.

Segundo o oficial de investigação em segurança de voo da Divisão Operacional do Cenipa, major aviador Murillo Boery, o pouso e a decolagem são dois dos momentos que mais exigem atenção do comandante. ;Nesses casos, o laser faz o piloto parar de enxergar em algum momento que pode ser crítico. Em casos extremos de ofuscamento da visão, é possível até a queda da aeronave, em razão de o flash ser muito forte. Em outras situações, o piloto não tem condições de pousar;, explica.

O major ressaltou que, na maioria dos casos, o feixe de luz é usado por crianças como brincadeira. Os de maior potência são os verdes, mas o vermelho também causa dano. ;O objeto é comprado por um valor muito baixo, então, acaba sendo usado como brincadeira. A maioria não tem noção do que isso pode causar;, lamenta. O Cenipa trabalha com prevenção e conscientização, além de dados estatísticos. Em 2013, o órgão fez uma campanha para atingir o público infantil por meio de gibis que tratavam dos perigos dos raios. Este ano, o trabalho é alertar as crianças sobre os perigos de aves próximas ao aeroporto.

Até agora, segundo Boery, não foi registrada nenhuma ocorrência com os drones. O piloto e consultor em aviação Marcelo Camargo esclarece que, se o laser pode chegar a situação extrema de cegar o piloto, esse tipo de equipamento oferece risco do motor sugar o objeto. ;Nas duas circunstâncias, um avião menor, pilotado por um único comandante, pode cair;, conta. Camargo destaca que os vidros de aviões não blindados podem ser estilhaçados, em caso de choque com o veículo não tripulado.

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