Cidades

Política agrária: burocracia trava desenvolvimento de pequenos agricultores

Maioria dos assentamentos no DF e no Entorno está em fase de implantação, apesar de alguns existirem há mais de 10 anos

Flávia Maia
postado em 13/10/2015 06:03

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Deixar os assentamentos de reforma agrária autônomos e menos dependentes do governo tornou-se um dos principais desafios para os gestores das políticas públicas rurais. Dos 206 existentes na região do Distrito Federal e do Entorno, apenas dois deles são considerados emancipados, isto é, sem relação com as políticas públicas do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Um deles é o de Bálsamo, em Unaí (MG), e o outro, Três Barras, em Cristalina (GO), ambos com mais de 25 anos de criação. Não há nenhum nesse estágio de autonomia no Distrito Federal.

Maioria dos assentamentos no DF e no Entorno está em fase de implantação, apesar de alguns existirem há mais de 10 anos

Com uma política agrária de improvisos, presa na burocracia, os assentamentos avançam em passos lentos e não conseguem garantir os objetivos da reforma agrária: a subsistência da família e uma produção constante que possa abastecer os centros urbanos. No DF e no Entorno, boa parte das parcelas encontra-se em fases iniciais de implementação, embora tenha mais de 10 anos de criação. ;As políticas são demoradas porque envolvem muitos agentes públicos, como prefeituras, órgãos ambientais e o Incra. Fazemos o possível, e a situação melhorou. Nossa preocupação, agora, é com o corte de orçamento para a reforma agrária;, afirma Marco Aurélio Rocha, superintendente do Incra na região do DF e do Entorno.

[SAIBAMAIS]

Cerca de 84% dos parcelamentos dessas áreas estão nas fases de ;criado; ou ;em estruturação;, o que significa que as famílias se encontram instaladas sem documentação e infraestrutura mínima necessária, como estradas, eletrificação rural e acesso à água. É o caso, por exemplo, do Pequeno Willian, localizado em Planaltina (DF). O assentamento tem 144 hectares de extensão e existe há quatro anos. Até o ano passado, os moradores viviam à luz de velas, mesmo sendo vizinhos do Instituto Federal de Brasília (IFB), que conta com energia elétrica. Em relação à água, a Caesb começou a fazer a instalação de água potável, mas a rede não teve conclusão. Os hidrômetros estão instalados, mas não funcionam porque o serviço não é oferecido. A saída é usar cisternas e caminhões-pipa. O grupo também não recebeu as linhas de crédito para assentados, uma vez que não tem as devidas licenças ambientais.



Oziel Alves, localizado em Planaltina (DF), é um que não possui a infraestrutura necessária. A rede de alta-tensão passa pelo assentamento, mas ainda não há a distribuição para todas as chácaras. A água também é de cisterna, mas, com a chegada de um novo acampamento próximo à BR -020, novos poços foram furados e diminuiu a vazão para o Oziel. A maioria das casas são de madeirite ou de restos de demolição. O domicílio da produtora rural Divina Pereira Silva, 34 anos, é um desses. Ela vive em uma área de 7 hectares no Oziel há 14 anos, desde a ocupação da fazenda pelo Movimento dos Sem-Terra (MST). Ela entrou no grupo após ser assaltada três vezes e perder todos os bens que tinha. Com seis filhos para criar, Divina se preocupa só com o hoje. Os planos futuros limitam-se aos plantios para a próxima safra. A única garantia mensal é a Bolsa Família.

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