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Construção de prédios em Pirenópolis (GO) é tema de audiência no Senado

Senadores querem explicações sobre os edifícios que serão erguidos no centro histórico. Prefeito da cidade goiana é esperado em sessão

Renato Alves
postado em 16/12/2015 11:26
O Condomínio Estrada Parque dos Pireneus terá 150 apartamentos e potencial de 7,8 mil compradores
A construção de prédios no centro histórico de Pirenópolis (GO) será tema de audiência pública no Senado Federal, na manhã desta quinta-feira (17). A iniciativa é do senador goiano Ronaldo Caiado (DEM), que considera os empreendimentos uma ameaça ao centro histórico local da cidade, com 280 anos e distante 140km de Brasília.

O encontro será na Comissão de Desenvolvimento Regional, às 10h. Entre os convidados está o prefeito Nivaldo Antônio de Melo, que, apesar de toda a repercussão e da resistência de grande parte da população local, ainda não se manifestou publicamente sobre as construções, autorizadas por sua administração.

Líder do Democratas (DEM) no Senado, Ronaldo Caiado ressalta que Pirenópolis foi tombada como conjunto arquitetônico, urbanístico, paisagístico e histórico pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 1989. "Somente no centro de Pirenópolis existem mais de 240 imóveis centenários, todos preservados pelo Iphan. Até mesmo casarões construídos recentemente preservam fachadas em cor branca, janelões coloridos e grandes portas de madeira que respeitam as mesmas características do ciclo do ouro e dos tempos dos engenhos. Esse equilíbrio precisa ser preservado, tanto do ponto de vista histórico-cultural, como em defesa do turismo goiano", defende o senador.

[SAIBAMAIS]Os planos de expansão da hotelaria em Pirenópolis foram revelados pelo Correio Braziliense, mês passado. Desde então, mais de 3 mil pessoas assinaram a petição contrária à construção de dois condomínios destinados à moradia e ao turismo. O próximo passo do grupo Piri Sem Time Share, que organiza as mobilizações, é recorrer ao Ministério Público a fim de impedir as obras. Juntos, os dois empreendimentos terão 262 apartamentos.

Moradores temem a redução do fluxo de água e de energia, já escassos na cidade de 22 mil habitantes. Segundo denunciam os integrantes do movimento que tenta conter a empreitada, a ruptura do cenário bucólico de ruas e casas antigas ameaça também o meio ambiente, uma vez que os projetos preveem obras em áreas próximas a nascentes e córregos. ;O projeto foi feito na surdina, isso deixou a cidade indignada. O nosso esforço é para preservar Pirenópolis, uma joia do Brasil;, denunciou Jeanne Caraívas, empresária e integrante do movimento.

Classes A e B

O Condomínio Estrada Parque dos Pireneus terá 150 apartamentos e potencial de 7,8 mil compradores. Pertence ao empresário Flávio Tadeu Câmara e fica no entorno do centro histórico. Ao todo, serão 9 mil metros quadrados de área construída, com público-alvo nas classes A e B. ;Concordo com as pessoas que estão preocupadas com o meio ambiente e com o referencial histórico da cidade. Posso ter errado ao não apresentar o projeto ao mercado local;, disse o empresário, que ainda busca recursos financeiros para iniciar as obras.

O segundo empreendimento, o Quinta Santa Bárbara, ficará ao lado da Igreja Nossa Senhora do Rosário, no centro histórico do município. Os sócios Juliana Mesquita, Maurício Lobo e Josemar Borges Jordão são responsáveis pela obra, que prevê 192 apartamentos, sendo 64 com dois quartos. A B3 Incorporadora e Construtora, com sede em Brasília, é responsável pelo projeto arquitetônico das duas edificações.

Centenária

Há cerca de 240 imóveis centenários em Pirenópolis, todos preservados, no centro histórico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1988. Outros 250 imóveis também fazem o visitante ter a sensação de voltar no tempo ao andar pelas ruas de pedra do município. Mesmo construídos recentemente, os casarões de fachadas em cor branca, janelões coloridos e grandes portas de madeira têm as mesmas características do ciclo do ouro e dos tempos dos engenhos de cana-de-açúcar. Com um escritório na cidade, o Iphan diz que o processo teve de passar por alterações para atender às regulamentações do órgão de preservação. A prefeitura liberou os alvarás de construção para os edifícios.

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