Cidades

"Errou, mas não é criminoso", diz esposa de segurança suspeito de estupro

Em entrevista exclusiva ao Correio, a esposa do homem acusado de estuprar uma jovem na noite de ano-novo sai em defesa do marido. Juntos há 17 anos, ela afirma ter certeza da inocência de Wellington, com quem tem dois filhos

postado em 06/01/2016 06:05
Elizângela dos Santos Monteiro passou mais da metade da vida ao lado do segurança acusado de estuprar uma jovem durante uma festa de réveillon na Acadêmicos da Asa Norte. Aos 32 anos, a brigadista, mãe dos dois filhos de Wellington Monteiro Cardoso, 33, coloca a dor da traição de lado para lutar pela integridade do marido. Ela recebeu o Correio, com exclusividade, na casa de uma amiga e conversou por cerca de uma hora com a equipe de reportagem. Durante todo o tempo, insistiu na inocência do homem com quem vive desde que os 15 anos.


Com movimentos circulares nas mãos e olhos marejados de emoção, Elizângela afirmou ter certeza de que Wellington não estuprou a jovem de 24 anos. O relato que a vítima publicou em uma rede social chegou aos ouvidos do casal no fim da tarde de sábado (2), um dia depois do ocorrido, após uma ligação do produtor da festa. ;Ele errou comigo, ao ter se relacionado com ela, mas não é um criminoso. Eu o conheço bem;, repete incisivamente.

O marido não poupou detalhes e contou à mulher a própria versão dos fatos. ;Ele falou tudo. Falou que estava na portaria da festa com mais um segurança, se não me engano, e ela estava com um rapaz. Falou que estava naquele jogo: a menina estava sensualizando com o amigo dela, dançando, e que esse amigo foi até ele e perguntou se era difícil ficar só olhando. Ele respondeu que sim, que era, mas que estava trabalhando. Ela foi se aproximando, dançando, até que ele a convidou para irem a um local mais reservado. Quando chegaram no estacionamento, ele me falou o que aconteceu. Ele falou que ambos quiseram e que, depois, ele chamou um amigo. Foi então que ela se sentiu ofendida, colocou a roupa e saiu, normalmente;, relata.

A explicação de Wellington convenceu a esposa, que diz não entender por que a jovem o acusa. Entre os motivos para reprovar o depoimento da vítima, estão, segundo Elizângela, os fatos de ela ter desperdiçado a oportunidade de denunciá-lo à polícia quando ainda estavam no mesmo local, para uma possível prisão em flagrante, e de ter continuado na festa após o suposto estupro. No entanto, mesmo convicta da veracidade da narrativa do segurança, ela afirma não sentir raiva da denunciante. ;Eu não quero julgá-la nem condená-la, mas, como mulher, me questiono por que ela está fazendo isso. Essa história não envolve só ela e ele. Será que não passa pela cabeça dela que ela pode estar acabando com uma família? Eu penso muito na minha filha de 9 anos, no bebê. Já imaginou se isso não vai causar nenhum trauma para a menina?;.

Em alguns momentos da entrevista, Elizângela deixou escapar o verbo no passado ao se referir ao casamento. ;Ele era um marido exemplar, pai maravilhoso;, solta. ;Agora, quero um momento para mim, mas não vou ficar quieta, calada, assistindo à pessoa que eu conheço ser bombardeada, massacrada.; E completa: ;O pior disso tudo é vê-lo sendo acusado, quase condenado pela sociedade, por algo que eu tenho certeza que ele não fez. Ele me traiu da pior maneira que poderia ter feito, mas não é um estuprador;.

Esta não é a primeira vez que o relacionamento enfrenta dificuldades. Em 2008, a brigadista registrou um boletim de ocorrência na 17; Delegacia de Polícia (Taguatinga Norte) contra o marido por ameaça e agressão. A informação foi confirmada pelo delegado-chefe da unidade policial, Daniel Gomes, mas negada por Elizângela. De acordo com ela, houve apenas um desentendimento, mas nenhum tipo de violência ; nem física nem psicológica.

Desabafo


O acusado de cometer estupro durante a celebração no ano-novo reativou ontem a página que tem em uma rede social para publicar um desabafo ; assim como a vítima tem feito desde sábado (2), dia em que a história veio à tona. No depoimento, Wellington pede perdão à esposa, à família, aos amigos e finaliza com um pedido para que a ;verdade prevaleça;. ;Hoje, só desejo que a verdade apareça e que justiça seja feita para que eu possa olhar de novo para essas pessoas e saber que elas acreditam em mim. Sempre trabalhei com honestidade para garantir o sustento da minha família e, em mais de 12 anos de trabalho como segurança, jamais tive uma reclamação de ninguém. Em todo esse tempo, zelei pela minha profissão sempre trabalhando com respeito. Hoje, me arrependo por ter deixado me levar por um momento de fraqueza e traído meu coração e a minha esposa.;

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