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Mulher perde bebê depois de ser liberada no Hospital Regional de Ceilândia

Segundo testemunhas, a grávida chegou ao hospital com dores, foi atendida e dispensada pela médica plantonista

postado em 31/01/2016 12:29

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Uma cena chocou quem estava no Hospital Regional de Ceilândia (HRC) na madrugada desse domingo (31/1). Uma avó entrou na unidade de saúde com o neto no colo, um feto com idade gestacional de cinco meses, morto. O Correio teve acesso ao vídeo, no qual a senhora segura o feto envolto em um pano e chora, desesperadamente. Segundo testemunhas, a gestante foi até o hospital horas antes se queixando de dores. Foi atendida, mas a médica plantonista teria dito para ela ir embora. Ao chegar em casa, a mulher passou mal novamente e o bebê nasceu, rapidamente. Ao chegar no HRC, o filho estava morto.

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Muitas mães aguardavam na fila para atendimento quando a cena ocorreu. Todas ficaram comovidas. A empresária Ana Karolina Souza, 21, estava com a mãe, grávida de 9 meses. ;Chegamos 9h de sábado, minha mãe foi atendida, fez os exames, mas saímos de lá 6h do outro dia sem o resultado. Essa moça tinha ido lá, falado que estava passando mal, mas deixaram ela ir embora. O hospital ficou tentando justificar que era uma tentativa de aborto, mas não foi. Você percebe isso pelo desespero delas;, contou Ana Karolina.

A auxiliar de perecíveis em um mercado do DF, Ivanilda de Carvalho Viana, 36, também estava no hospital, com a filha de 16 anos, grávida de 9 meses. ;Minha filha chegou lá ontem (sábado), às 13h. Está lá até agora, em uma maca, no corredor. Ninguém fala nada, não nos deixam ficar junto, uma menina de 16 anos, sem experiência;, criticou. Segundo Ivanilda, depois de entregar o feto para a equipe médica, a vó tentou ver a filha, mas não foi permitido. ;Ela voltou, ainda com a roupa cheia de sangue e não deixaram ela ver a filha dela. Ficamos todos muito chocados, sabendo que isso poderia acontecer com a gente. É desesperador, precisam fazer alguma coisa;, lamentou. A Secretaria de Saúde afirmou que está apurando o caso.


A diretora do HRC, Talita Andrade, disse que a paciente chegou à ala da ginecologia às 0h45, queixando-se de dor e foi prontamente atendida pela equipe de plantão, à 1h08. A mãe não soube precisar a idade gestacional do bebê e não fazia acompanhamento pré-natal. Para a diretora, era impossível para a equipe médica prever o nascimento prematuro. A paciente foi submetida a anamnese (entrevista que serve de ponto inicial para diagnósticos), exame físico e medicação na primeira visita ao hospital, antes de ser dispensada pela ginecologista.

De acordo com Talita, foi registrado ;possível batimento cardíaco fetal positivo.; No entanto, quando o feto foi levado morto ao hospital, apresentava características que poderiam indicar um óbito ocorrido antes do parto. ;Não posso precipitar se houve ou não erro médico. A ginecologista responsável pelo atendimento vai continuar trabalhando, é uma profissional competente, mas não será poupada de investigação;, afirma.

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