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Avanço do vírus mayaro em Goiás preocupa infectologistas

Transmitida por mosquito silvestre, a doença começa a ser registrada também em áreas urbanas. Pesquisas mostram que o Aedes aegypti se tornou um vetor

Otávio Augusto
postado em 13/03/2016 08:58
O mayaro trilha caminho para ser o próximo vírus a se urbanizar e causar epidemias. Assim como o zika e a dengue, o ;parente próximo; do chicungunha causa surtos de uma síndrome febril cujas dores nas articulações se prolongam por semanas. Ele não mata, mas pode levar à internação. Em Goiás, por exemplo, do ano passado ao início de março, a Secretaria de Saúde notificou 70 casos da doença. Em 2014, houve apenas um registro. O avanço do vírus, bastante comum em regiões que têm matas, deixou em alerta autoridades sanitárias, que temem a proliferação da infecção. Seus transmissores são mosquitos silvestres como o Haemagogus janthinomys. Entretanto, pesquisas mostram que a doença se adapta bem ao Aedes aegypti.

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Hoje, o mayaro atinge 10 municípios goianos, entre eles, a capital, Goiânia, com 15 infecções. Professor Jamil, Rio Quente e Bela Vista de Goiás apresentam números similares (veja arte). Esses locais têm a característica de serem urbanizados ; o que indica a mudança no perfil da doença. Apesar de pouco conhecida pela população, a enfermidade é antiga, o vírus é conhecido desde 1950. Em 1987, Goiás passou por um surto. Pelo menos sete estados já registraram casos desde 2008. A Secretaria de Saúde do DF diz que não há confirmações do mal na capital federal.

[SAIBAMAIS]O principal vetor do vírus mayaro é o mosquito Haemagogus, um animal silvestre de hábitos predominantemente diurnos encontrado principalmente nas copas de árvores. Contudo, a Fundação Oswaldo Cruz e o Instituto Evandro Chagas têm estudos que comprovam a fácil adaptação da doença ao Aedes. O Ministério da Saúde confirma que estudos laboratoriais demonstraram ;competência de vetores urbanos;, incluindo o Aedes aegypti, em transmitir o vírus ; o que ;torna o mayaro uma potencial ameaça à saúde pública;. Primatas como micos e saguis, muito comuns em grandes cidades brasileiras, são potenciais hospedeiros. Acredita-se que o mesmo processo ocorreu, há muito tempo, com o chicungunha.

A pesquisadora Socorro Azevedo, do Instituto Evandro Chagas, explica que uma das evidências da mudança no comportamento do mayaro é a própria ação do homem. ;O vírus se adapta ao seu ambiente. Com isso, procura novos hospedeiros e meios de transmissão. A urbanização muda o cenário em que as doenças se desenvolvem, o que tem alterado a dinâmica das arboviroses. Há alguns anos, temos mostrado que o mayaro é um vírus emergente;, ressalta.

Atualmente, 34 amostras aguardam análise do Instituto para a confirmação da infecção em Ananindeua (PA). O material partiu de Goiá, Mato Grosso, Roraima e Pará. ;Os testes, normalmente, são demorados mesmo para a cultura do vírus. Poucos laboratórios dispõem de tecnologia para esse serviço. Com uma sobrecarga, como agora, pode-se levar mais tempo;, esclarece Socorro. As técnicas utilizadas para a identificação do mayaro são exames sorológicos e moleculares.

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