Cidades

Refugiados que vivem no DF recebem bicicletas para facilitar mobilidade

O projeto é feito em parceria com a Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e com o Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), ONG que auxilia os migrantes

postado em 10/04/2016 15:53
A ONG Rodas da Paz faz doação de bicicletas para refugiado de vários países
Refugiados de vários países que vivem no Distrito Federal receberam hoje (10) 34 bicicletas para facilitar o deslocamento pelos espaços urbanos. As bicicletas são usadas e foram consertadas para a doação, feita pela organização não governamental (ONG) Rodas da Paz. O projeto é feito em parceria com a Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e com o Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), ONG que auxilia os migrantes.

O coordenador do projeto de doações e conselheiro da Rodas da Paz, Rafael Barros, afirma que a ideia é que os refugiados contem com um meio de transporte acessível. ;[Com a bicicleta] você não precisa mais gastar com transporte público. Além disso, há pessoas que não têm condições de comprar um carro. Andar de bicicleta é também um jeito de conhecer a cidade;, comenta. Já Luiz Fernando Godinho, porta-voz do Acnur no Brasil, destaca os benefícios sociais do uso da bicicleta.

;É um fator fundamental de mobilidade, que ajuda também na integração social das pessoas. Um dos nossos principais objetivos é fazer com que eles se integrem ao Brasil, à comunidade onde vivem;, destaca Godinho. O porta-voz conta que é a segunda vez que a agência da ONU faz a mediação da doação da Rodas da Paz a refugiados no Brasil. ;Há dois ou três anos, houve outra doação;, diz. Ele explica ainda que o IMDH fez a seleção de quem receberia as bicicletas.

Para o paquistanês Haron Ali, 21 anos, a bicicleta será útil para percorrer o caminho de casa até a estação do metrô em Samambaia, cidade distante cerca de 30 quilômetro de Brasília. ;Eu vou de metrô até a rodoviária [do Plano Piloto, terminal de ônibus na região central da capital]. De lá, vou pegar ônibus para a universidade;, relata ele, que cursa enfermagem na Universidade de Brasília.


Haron veio para o Brasil há dois anos, acompanhado do irmão. Os pais deles já viviam aqui há cinco anos. O motivo, segundo o jovem, foi a realidade de conflitos na cidade de Peshawar, onde o Exército paquistanês combate militantes islamitas. O colombiano Arvey Mina, 52 anos, também preferiu vir para o Brasil a permanecer em Calí, cidade onde morava.

;Há muita falta de segurança, guerrilha, conflito armado;, diz ele sobre o local onde vivia. O auge dos confrontos entre facções armadas na Colômbia foi nos anos 1980 e 1990. No entanto, diz Arvey, ainda há violência. Ele veio para o Brasil há três anos, acompanhado da esposa e do filho.

A família mora na Fercal, em Sobradinho, a 20 quilômetros de Brasília. Arvey trabalhava em uma fábrica de cimento, mas conta que foi dispensado em função da crise ;No momento, estou desempregado;. Segundo ele, a distância entre o ponto de ônibus e sua casa é grande, daí a necessidade de uma bicicleta. O colombiano ganhou uma e o filho de oito anos outra.

A mobilização para a doação de bicicletas ocorreu no Parque da Cidade, região central de Brasília, e foi parte do Dia Mundial das Boas Ações. A data foi criada em Israel em 2007 e, no Brasil, sua comemoração é organizada pela ONG Atados. A entidade une pessoas a organizações sociais por meio de uma plataforma de trabalho voluntário na internet.

Neste domingo, além da doação de bicicletas a refugiados, o Dia das Boas Ações incluiu um encontro de comerciantes autônomos, aulas de ioga, apresentações culturais e workshops sobre temas como reaproveitamento de alimentos, grafitagem de bicicletas e criação de hortas urbanas.

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