Cidades

Estudantes denunciam maus-tratos, e médicos do Hospital de Samambaia reagem

Acusação de que profissionais praticavam violência obstétrica chegou ao Ministério Público; diretor reconhece existência de carta de retaliação, mas nega que haja comportamento inadequado nos partos realizados

postado em 24/05/2016 20:30

Acusação de que profissionais praticavam violência obstétrica chegou ao Ministério Público; diretor reconhece existência de carta de retaliação, mas nega que haja comportamento inadequado nos partos realizados

Uma denúncia anônima feita por um aluno do curso de medicina da Universidade de Brasília (UnB) sobre uma suposta violência obstétrica no Hospital Regional de Samambaia (HRSAM) colocou em rota de colisão estudantes e profissionais que trabalham na unidade. Segundo a acusação, os profissionais do hospital realizam procedimentos cirúrgicos, sem autorização, para agilizar o parto normal, e atacam verbalmente as gestantes.

A denúncia chegou ao Ministério Público Federal (MPF), que realmente apura o caso, mas informou que não pode fornecer detalhes da investigação.

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Ao tomar conhecimento das acusações, os médicos do Hospital de Samambaia redigiram uma carta de repúdio, na qual negam qualquer possibilidade de maus-tratos na unidade de saúde, e pedem o cancelamento da participação dos estudantes nos plantões do HRSAM. O convênio no HRSAM faz parte do ciclo do internato, onde os acadêmicos acompanham a rotina de diversos hospitais do DF, sob supervisão de médicos responsáveis.

A carta dos médicos diz que não há mais clima de cooperação da unidade com os acadêmicos de medicina e que a decisão de não mais recebê-los no hospital foi unânime (leia a íntegra abaixo).

Acusação de que profissionais praticavam violência obstétrica chegou ao Ministério Público; diretor reconhece existência de carta de retaliação, mas nega que haja comportamento inadequado nos partos realizados

Em entrevista ao Correio, o diretor do HRSAM, Luciano Gomes Almeida, confirmou a existência da carta, mas ressaltou que o documento não passou por sua aprovação. O diretor destacou ainda ser contra o fim da parceria com a UnB. Almeida reconheceu, porém, que terá dificuldade para manter os estudantes: "O professor da UnB que deveria acompanhar os alunos nunca compareceu aos plantões. O trabalho era, então, monitorado por médicos do próprio hospital. Como eles tomavam conta dos alunos, mesmo sem ser contratados pela universidade, eu não posso obrigá-los a continuar recebendo os alunos".

Segundo o diretor, o caso será enviado à corregedoria do hospital. Ele fez questão de ressaltar que nunca tomou conhecimento de nenhum caso de violência obstétrica. "O hospital é, inclusive, muito elogiado pelos partos."

A Faculdade de Medicina da UnB disse que vai aguardar retorno de férias do coordenador de ginecologia-obstetrícia do internato para tentar esclarecer o caso.

O coordenador de Graduação da Faculdade de Medicina, Ricardo Martins, considerou equivocada a atitude do estudante de prestar denúncia diretamente ao MPF, sem informar a universidade. ;Nós fomos atropelados por essa decisão. A pessoa ; que nós nem podemos confirmar se é aluno da UnB, porque o caso corre em sigilo ; tem todo o direito de prestar a denúncia se viu algo que considera errado. O problema foi ter se identificado como aluno, sem, ao menos, nos comunicar;, criticou.

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