Cidades

Asa Norte tem o maior número de casos de H1N1 do DF, seguido por Ceilândia

Até agora, o vírus matou 13 pessoas e infectou 163 na capital, apesar da campanha que imunizou 625 mil brasilienses

Otávio Augusto
postado em 05/07/2016 06:05
Maria Creuza mora na 114 Norte:
A Asa Norte concentra 12,8% dos casos de H1N1 da capital federal. É a maior representatividade entre as 31 regiões administrativas. Moradores do local estão preocupados com a escalada do vírus, que atinge 21 pessoas da região. Ceilândia aparece em segundo lugar, com 16 infecções ; 9,8% do total de registros do DF. Ao todo, em 2016, 13 pessoas morreram e 163 ficaram doentes. Um óbito está em investigação. Mesmo com a imunização de 625 mil pessoas durante a campanha de vacinação, a Vigilância Epidemiológica alerta que o risco de transmissão existe e é preciso reforçar os cuidados de higiene pessoal.

A Secretaria de Saúde ainda não tem fundamento concreto para explicar a situação epidemiológica da Asa Norte. O perfil demográfico da região, com muitos idosos, pode ser determinante. ;Não temos uma explicação plausível, exata para explicar essa concentração de casos. O que existem são hipóteses. Pode ser uma circulação maior em locais com aglomeração de gente, como em shoppings, ou moradores que foram para áreas de grande incidência fora do DF;, afirma a diretora de Vigilância Epidemiológica, Cristina Segatto.

Nas ruas, as pessoas contam casos de gente que teve a doença. Carla Godoy, 42 anos, mora na 314 Norte. A ilustradora tem uma amiga que se contaminou com o vírus H1N1. ;Ela trabalha aqui na Asa Norte, mas mora no Jardim Botânico. Todos ficaram muito assustados quando ela recebeu o diagnóstico;, conta. Para atenuar os riscos, ela redobrou a atenção com a limpeza do apartamento, no Bloco I, e passou a usar álcool em gel. ;O inverno seco de Brasília deixa o sistema respiratório comprometido. Neste ano, a minha filha Maria Luiza não teve nada, mas fica a preocupação;, reforça a mãe da menina, de 7 anos.

O inverno nem havia chegado e o outono com cara de verão desencadeou o temor da gripe H1N1. No DF, segundo as autoridades sanitárias, 69,9% dos casos são graves e necessitaram de internação em unidades de terapia intensiva (UTI). Entre os casos críticos, 20 ocorreram em menores de 5 anos. No total, 16 gestantes contraíram o vírus. Nas últimas duas semanas, a Secretaria de Saúde informou que houve uma desaceleração das contaminações. ;Prevenção é extremamente importante. Temos de manter um nível baixo de H1N1, mantendo cuidados como lavar com frequência as mãos, utilizar lenço descartável para higiene nasal, cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir, manter os ambientes ventilados e evitar contato com doentes de gripe;, aconselha Cristina.

Alerta
Na casa da professora aposentada Maria Creuza Fernandes, 69, na 114 Norte, ela colocou em prática a Operação Mãos Limpas. ;Vacinei-me no início da campanha. Mesmo assim, uso álcool em gel e lavo bem as mãos;, detalha. Na tarde de ontem, Maria caminhava pela comercial da quadra com a filha, a neuropediatra Tânia Virgínia Fernandes, 45. A médica conta que, no início da epidemia, os questionamentos sobre a doença eram mais comuns. ;Mesmo não sendo a minha especialidade, os pais perguntavam. Agora, caiu no esquecimento, e esse é o problema. Os cuidados de higiene ficam esquecidos;, lamenta.

;A transmissão ocorre mais agora do que quando começou o surto. O problema atual é a oscilação da temperatura e o ambiente mais seco, que fragilizam as vias aéreas, principalmente para quem tem alergia respiratória. O H1N1 deve ser monitorado pelo potencial de complicações;, alerta a otorrinolaringologista Márcia Voltolini.

A primeira pandeia do século 21 começou em abril de 2009 com o alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o aparecimento de casos de gripe H1N1 nos Estados Unidos e no México. Semanas depois, em 7 de maio, o Ministério da Saúde confirmou quatro casos no país. Naquele ano, a capital federal registrou 10 mortes e 668 pacientes. A taxa de mortalidade chegava a 39%, e gestantes e obesos eram os caos mais agudos.

Neste ano, a taxa de letalidade do vírus está maior do que em 2009. ;Como era uma doença nova, as pessoas ficaram mais desesperadas. Eu dava plantão em pediatria de pronto-socorro em São Paulo e muitos pais levavam os filhos durante a madrugada. Hoje, há uma tranquilidade maior;, detalha Márcia.

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