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Brasilienses são campeões em prática de exercícios

Malhar, correr, pedalar, jogar ou simplesmente caminhar. A atividade física foi incorporada à rotina de 14% dos moradores do DF acima dos 13 anos. Pode parecer uma porcentagem pequena, mas é superior à média nacional, segundo pesquisa feita em nove capitais

postado em 13/08/2016 07:00 / atualizado em 16/09/2020 10:33

Mônica Alcântara joga vôlei de areia com os amigos no Parque da Cidade pelo menos cinco vezes por semana. Tamanha frequência lhe deu experiência de sobra e ela virou técnica

Praticar exercícios físicos faz parte do hábito de 14% dos brasilienses acima de 13 anos. Esse é um dos dados coletados pela Ipsos Connect nas nove principais regiões metropolitanas do Brasil. A porcentagem supera a média nacional, o que não chega a ser uma surpresa: a capital é líder também em serviços de estética, ou seja, seus moradores valorizam muito o corpo, a beleza e o bem-estar. Aqui, não falta disposição para correr, andar de bicicleta e malhar.

As clássicas alamedas do Parque Ibirapuera, em São Paulo (13%), e os charmosos calçadões da Cidade Maravilhosa (11%) perderam para a arquitetura minuciosamente planejada de Brasília. Contribuem muito para esse quadro os 420 hectares do Parque da Cidade e o espelho d;água do Lago Paranoá. Segundo a pesquisa, a caminhada é a atividade preferida em todas as faixas etárias, embora seus praticantes mais assíduos sejam maduros ; 43% dos indivíduos entre 55 e 64 anos caminham com regularidade, assim como 39% dos maiores de 65 anos. Andar de bicicleta vem logo atrás, com 27% de adesão, independentemente da idade.

[SAIBAMAIS]A corrida também tem muitos adeptos: 16% dos entrevistados. Nivaldo de Sousa Pereira, 59 anos, é um dos fãs do esporte. Corre há 30 anos e há 26 participa de provas de competição. Hoje, não consegue ficar um dia sequer sem se movimentar. ;São, no mínimo, 10 quilômetros por dia. Quando estou mais animado, faço mais uns 4. Aos fins de semana, fazemos alguns desafios e corremos em grupo uns 15 quilômetros. É um vício mesmo;, garante o comerciante.

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Nivaldo lembra que, na época em que começou, não havia muito incentivo para o esporte. Com o crescimento dos interessados, porém, surgiram muitos atrativos, tanto para os novatos, quanto para os veteranos. ;Você vê as corridas de hoje em dia: a menor delas tem, pelo menos, 1.2 mil inscrições. As grandes chegam a 10 mil corredores. E é um esporte que facilita, porque só depende de você. A recompensa vem na forma de sensação de liberdade, vento no rosto, som de passarinhos ; é muito bom;, resume.

Os esportes em equipe aparecem com 10% de adesão, ao passo que os individuais correspondem a 4%. Como a cidade dispõe de muitas academias, esse número era esperado, mas a fatia dos esportes em grupo superou expectativas. De alguns anos para cá, observa-se, por exemplo, o fortalecimento do futevôlei e do vôlei de praia. Handebol e queimada, muito associados à educação física dos tempos de escola, ganham força renovada ; em Águas Claras, há diversos grupos, com larga participação feminina.

No Parque da Cidade, o vôlei de areia já tem tradição. Há pelo menos 12 anos, as quadras atraem praticantes das 8h às 19h. Nessa modalidade, os homens ainda são maioria, independentemente da faixa etária, aponta a pesquisa. Mônica Cristina Barros de Alcântara, 26 anos, representa a ala feminina: joga pelo menos cinco vezes por semana. A paixão a fez virar técnica de vôlei. ;O Parque tem ficado lotado, principalmente aos fins de semana. As pessoas estão muito preocupadas em ser fitness, ter um bom corpo bonito, além, claro, da qualidade de vida. Hoje, estão arrumando um tempo, conciliando com outros afazeres e deixando de dar desculpas para não fazer nada;, analisa a esportista.

Há ainda os que gostam tanto de esporte que não conseguem escolher apenas uma modalidade. É o caso do professor de inglês Adama Métola Koné, 26 anos. Ele é da Costa do Marfim, mas vive em Brasília há 11 anos. Às segundas, quartas e sextas-feiras, corre 6 km no Parque da Cidade e aproveita os aparelhos para complementar a atividade, com séries de barra, abdominais e agachamentos. Às terças e quintas-feiras, pratica box chinês na 713 Norte. ;Sempre gostei de esportes. Na minha casa, quando criança, meu pai não deixava jogar videogame;, recorda. ;Acho que a prática vai muito dos hábitos da família, de dentro de casa. Em primeiro lugar, vem o bem-estar. Durante a atividade, há, inclusive, momentos de reflexão.;

Segundo Diego Pagura, executivo da Ipsos, a pesquisa marca uma tendência consistente do comportamento dos brasilienses. ;Percebemos que, para fazer um esporte, uma atividade física, tem que ter motivação. Brasília foi concebida para ser mais do que um projeto de cidade, mas também um projeto de vida, ou seja, a cidade convida para essa prática;, acredita Pagura.

Academias

O apego do brasiliense ao bem-estar, somado à alta renda per capita ainda coloca o Distrito Federal como a unidade da Federação com a maior quantidade de academias por morador. Segundo dados do Sebrae, existe um estabelecimento para cada grupo de 4,7 mil usuários. O número é quase o dobro da média nacional ; uma academia para cada grupo de 9,3 mil habitantes.

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