Cidades

Deficientes físicos encontram dificuldade para se locomover de ônibus no DF

Mesmo quando os veículos estão equipados para o serviço, não há paradas de ônibus, nem calçadas de acesso devidamente preparadas, com marcação táctil e sinal sonoro

Flávia Maia, Nathália Cardim
postado em 22/08/2016 06:00

Todas as sextas-feiras, Flávio Luís da Silva, 47 anos, presta serviço de massagem em funcionários de uma agência bancária de um shopping na área central de Brasília. Às 18h, ele deixa o trabalho, segue até a Rodoviária do Plano Piloto e tenta pegar um ônibus para a casa, no Gama. O que parece uma rotina comum exige um grande esforço. Em meio ao barulho do trânsito e sem nenhuma sinalização, o caminho fica mais tortuoso. Flávio Luís é cego e precisa contar com a memória e a boa-fé alheia para conseguir chegar à parada e subir no coletivo correto.

[SAIBAMAIS]O que parece detalhe é essencial para Flávio Luís. Sem o piso tátil próximo aos pontos de ônibus, ele precisa afinar o ouvido e prestar atenção se há barulho de frenagem e de pessoas subindo no veículo para identificar qual é o local certo de esperar o transporte. Os outros passageiros o ajudam a confirmar o destino. ;Se não tem ninguém na parada, paro todos os ônibus e pergunto;, comenta. Sem o piso tátil para o guiar até o ponto, Flávio Luís também usa o meio-fio da calçada como referência.



Embora seja capital do país e tenha a mais alta renda per capita, o Distrito Federal não tem requisitos mínimos de acessibilidade em 93,52% das 5 mil paradas de ônibus existentes. Essa falta de acesso respeitoso aos deficientes físicos foi tema de uma auditoria do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF), à qual o Correio teve acesso com exclusividade. O relatório mostrou ainda que 99,07% das calçadas têm falhas, o que dificulta a locomoção dos deficientes físicos, assim como 90,74% dos pontos não dispõe de piso tátil e 61,22% não têm rampa próxima para a travessia da via.

A alta porcentagem de paradas fora do padrão atrapalha a mobilidade de mais de 570 mil pessoas no Distrito Federal. Segundo dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 22,23% da população do DF declaram algum tipo de deficiência. São histórias como a do atleta paralímpico Rafael Prudêncio Gonçalves, 28 anos. Ele ficou paraplégico há quatro anos, após levar um tiro nas costas durante uma tentativa de assalto em Fortaleza (CE).

Mesmo quando os veículos estão equipados para o serviço, não há paradas de ônibus, nem calçadas de acesso devidamente preparadas, com marcação táctil e sinal sonoro

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