Cidades

Investigação sobre Máfia das Próteses chega aos planos de saúde

Uma das linhas de apuração é identificar se funcionários das operadoras têm envolvimento com o esquema criminoso de órteses e próteses no Distrito Federal. A polícia também quer saber se os acusados mantêm contas no exterior

Nathália Cardim, Flávia Maia
postado em 09/09/2016 06:05

Cumprimento de mandados de busca e apreensão no Hospital Home, onde eram realizadas cirurgias de próteses e órteses: mais de 50 vítimas


As investigações sobre a Máfia das Próteses chegaram aos planos de saúde. Um dos focos será descobrir como ocorreram as irregularidades dentro das operadoras, inclusive com a suspeita de participação de funcionários das próprias empresas. Entre as que podem ter sido prejudicadas pelo superfaturamento nos procedimentos, estão a Golden Cross, a Geap e os planos corporativos de tribunais. Esses grupos podem ter pagado, por cirurgias, até três vezes mais os valores de mercado. Há suspeita de facilitação e ;vista grossa; nas auditorias internas. Enquanto isso, mais de 50 vítimas do esquema procuraram as delegacias para prestar depoimento.


O adjunto da Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Deco), delegado Adriano Valente, responsável pela investigação da Mister Hyde, afirma que parte da apuração tenta identificar possíveis operadoras e funcionários envolvidos no esquema criminoso. ;Essa é uma das linhas de investigação da polícia. Nesta primeira fase, nada é descartado;, afirmou. Adriano acrescentou que acompanha a movimentação financeira dos envolvidos nas fraudes de próteses e órteses a fim de averiguar se o grupo mantém dinheiro no exterior.


Organizações representativas das empresas de planos de saúde, como a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) e a Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), acompanham os desdobramentos no DF. Esquemas de órteses e próteses tornaram-se comuns no Brasil (leia Memória). Estimativas da Abramge apontam que de 20% a 30% dos custos pagos nos procedimentos são propina. A associação entrou com processos contra cinco das 10 principais fabricantes de órteses, próteses e materiais especiais (OPMEs) nos Estados Unidos, pedindo para que não estimulem o pagamento de suborno a médicos e hospitais do Brasil.


A estimativa da Abramge é de mais de US$ 100 milhões de prejuízo no país. ;Não podemos ter um modelo de distribuição de um produto alicerçado em cima de propina;, defende Pedro Ramos, diretor da entidade. Ele está nos Estados Unidos representando a Abramge nos processos. E acredita que o termo ;auditorias frágeis; usado por envolvidos e revelado nas escutas da Mister Hyde pode ser indício de participação de funcionários das operadoras. ;As auditorias de planos de saúde estão cada dia mais preparadas. Alguém ;deixou; essas cirurgias serem autorizadas;, acredita.

Danos

Brasília tem muitos planos de saúde de autogestão de funcionários públicos, como os dos tribunais. Há suspeita de eles tenham sido lesados pela organização criminosa. O Correio entrou em contato com os planos dessas Cortes credenciados pelo Hospital Home (613 Sul), unidade usada pelos médicos suspeitos para as cirurgias. Em nota, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) no DF esclareceu que o TRE-Saúde fará auditoria para checar se houve dano ao patrimônio. ;Em uma primeira análise, verificamos que apenas dois pacientes se utilizaram dos serviços investigados, mas não é possível avaliar se as próteses eram realmente necessárias;. O Superior Tribunal de Justiça não foi notificado sobre irregularidades e reiterou que as perícias do plano são rigorosas.

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