Cidades

Sociedade civil e Câmara Legislativa anunciam ações contra a crise hídrica

Comissão Pastoral da Terra convoca a população a repensar sua relação com o bioma, responsável pela captação da água que abastece as grandes bacias do Brasil

postado em 28/09/2016 06:05
A Barragem do Descoberto, principal fonte de abastecimento do DF, atingiu ontem 35,12% da capacidade
Hoje não faltará água no Distrito Federal. Pelo menos essa é a garantia da Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb). Depois de uma semana na qual a gravidade da crise hídrica ficou evidente, com várias regiões atingidas por cortes no abastecimento, o momento agora está focado em poupar água. O estado de alerta segue, já que a Barragem do Descoberto está com 35,12% da sua capacidade. Tanto a sociedade civil quanto o poder público começam a traçar ações direcionadas ao combate à crise.

Ontem, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) lançou a Campanha Nacional em Defesa do Cerrado, com o tema Cerrado, Berço das Águas: Sem Cerrado, Sem Água, Sem Vida. No mesmo dia, a Comissão de Desenvolvimento Econômico Sustentável, Ciência, Tecnologia, Meio Ambiente e Turismo da Câmara Legislativa realizou uma audiência pública, na qual representantes de autarquias que cuidam do sistema hídrico apresentaram à sociedade, por meio dos deputados, o trabalho de contenção do problema. ;A campanha quer refletir as alternativas para a recuperação do cerrado. Muitas comunidades fazem sua parte, recuperando nascentes e mananciais. Vamos unir as organizações para discutir as iniciativas;, explica Isolete Wichinieski, integrante da CPT.

O projeto, que conta com a participação de 36 instituições, também pretende denunciar a violência que os povos que vivem no cerrado têm sofrido. A antropóloga e professora da Universidade de Brasília (UnB) Mônica Nogueira esteve no lançamento e elencou as questões que culminaram com a situação grave de limitação hídrica na qual o DF vive. De acordo com ela, além da perigosa ocupação desordenada do solo, o cerrado sofre com a falta de valorização histórica da sua importância, com a pouca difusão de informações sobre a necessidade no ciclo da água e com os interesses econômicos que pesam sobre a região.

;O que o DF vive é uma demonstração mínima do que pode abater todo o país, caso a sociedade brasileira não atente para a importância que o cerrado cumpre, no que diz respeito aos ciclos hidrológicos.; Para a especialista, é imprescindível criar uma forma de enxergar essa vegetação. ;O imaginário social precisa ser mudado. Existe a exaltação da floresta, do litoral, de valorização da paisagem. Quando se fala em água, as pessoas pensam nas grandes bacias hidrográficas da Amazônia. Acontece que o papel do cerrado é o de capturar essa água e mandar para lá.;

Na Câmara Legislativa, apenas o deputado distrital Cristiano Araújo (PDS) se manteve no auditório para ouvir os convidados na audiência pública. Os outros parlamentares que estiveram no local apenas externaram preocupação com a crise, mas deixaram as cadeiras antes de o debate começar. O presidente da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do DF (Adasa), Paulo Sérgio Brêtas de Almeida Salles, afirmou que essa é a pior crise. ;Nunca pensamos que a água poderia faltar. Temos uma situação hoje que nos obriga a poupar.;

Hoje, a Adasa vai realizar uma coletiva de imprensa para repassar informações referentes à tarifa de contingência em virtude da escassez hídrica no DF. Salles comentou brevemente sobre o tema, afirmando que ela não atingirá hospitais e que o impacto no setor produtivo deve ser menor, para afastar qualquer possibilidade de aumento no desemprego.
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