Cidades

Dia das Crianças: especialistas alertam para os perigos do consumismo

Solução é usar a criatividade e buscar alternativas para que os pequenos compreendam os limites na hora de comprar

postado em 10/10/2016 06:00

O casal Débora e Júnior, com o filho, Lucas: gastos direcionados para atividades em família

Com a chegada do Dia das Crianças, os pequenos estão expostos a série de propagandas que estimulam o consumismo. O momento desafia os pais no processo de conscientização em relação a limites e é ideal para tentar educar as famílias sobre como lidar com a publicidade de produtos infantis, uma das mais agressivas do mercado. Parece bobagem, mas, quando esse é o assunto, instruir os filhos desde cedo é algo essencial.

A pedagoga Fernanda Pereira, 34 anos, é mãe de primeira viagem de Pedro Henrique Pereira, 4. Ela entende que é importante começar, desde agora, a ensinar o garoto a ter limites na hora de comprar. ;É um exercício para a vida. Quando somos adultos, nem sempre podemos ter tudo o que queremos, e ele precisa compreender isso logo cedo;, acredita. Fernanda conta que ele dá valor ao dinheiro e entende quando os pais não podem adquirir algo. ;Sempre tentamos policiar o Pedro para que ele coloque na balança o que realmente precisa e o que pode esperar. Ele é um bom menino e, por sorte, raramente faz birra;, conta a mãe. Para o Dia das Crianças, Pedro pediu aos pais três brinquedos, mas Fernanda e o marido optaram por dar o mais barato, que atendia o orçamento do casal e as expectativas do filho.

Para o diretor do Instituto Brasileiro de Política e Direito do Consumidor (Brasilcon), Walter Moura, a responsabilidade dos pais em relação ao consumo é imprescindível. Segundo ele, a criança e o adolescente não têm capacidade civil para compreender o mundo. ;Os pais precisam educar os filhos, pois os dois podem ser vítimas de compras impulsivas. Os pequenos porque não têm escolha própria e estão sempre influenciados por propagandas; e os pais, porque acabam comprando os brinquedos e atendendo a vontades, algumas vezes desnecessárias;, explica.

Walter acredita que os brinquedos têm importância fundamental na formação pedagógica e que, em vez de comprarem produtos de marca, vinculados a personagens, os pais deveriam ser criativos e optar por presentes que atendem a necessidades. Esse é o caso da assessora parlamentar Débora Ferreira, 32, mãe de Lucas Leite, 9. Para ela, priorizar os momentos em família é algo que sobressai qualquer tipo de consumismo. Débora direciona gastos para atividades de lazer, como cinema, teatro e idas ao parque. ;Desde cedo, eu e o meu marido ensinamos o Lucas que o importante é estarmos todos juntos. Hoje, ele prefere que gastemos dinheiro com atividades com que possamos nos divertir durante os fins de semana;, conta.

A assessora admite que, apesar de ser uma necessidade dos pais atender aos desejos do filho, Lucas precisa entender que não se pode ter tudo. ;Preferimos dar ao Lucas em atividades pequenas, e achamos que isso nos dá mais retorno do que quando o presenteamos com coisas caras;, avalia. Ela e o companheiro, Júnior Leite, 35, não chegam a falar de valores com o filho, mas também não gastam com presentes fora de hora. A mãe conta que, quando o menino quer um presente, ela tenta ser criativa. ;Tento surpreendê-lo. Quando ele pede uma chuteira e já tem muitas, por exemplo, invisto em uma chuteira para mim. Assim, podemos fazer algo juntos;, valoriza. O casal acredita que recordações são presentes para a vida e para o caráter e tentam, todos os dias, passar isso para o filho.

Valores
Apesar da conscientização de muitos pais, os pesquisadores da Brasilcon se mostram preocupados com a publicidade infantil. Para eles, ela ocorre expressamente e subliminarmente, vinda de uma indústria pesada, que transforma a infância dos pequenos em algo desvinculado das tradições familiares e brasileiras.

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