Cidades

Crise no DF transforma presentes de Natal em "lembrancinhas"

Lojistas se preparam para as festas de fim de ano, mas, diante da crise econômica, mantêm-se cautelosos sobre as expectativas de vendas. Para aos consumidores, a palavra de ordem é economizar

postado em 23/11/2016 06:04
Para Vera, a crise tem um lado bom: não pensamos só no consumismo

As árvores enfeitam as praças dos shoppings. As guirlandas começam a aparecer nas portas das lojas. Luzes verdes e vermelhas destacam as vitrines, que anunciam promoções. A pouco mais de um mês para o Natal, o comércio está preparado para a principal data comemorativa do setor. Os brasilienses, porém, não parecem acompanhar o clima festivo de fim de ano. Entre lojistas e vendedores, o clima é de pessimismo nas vendas. Para os consumidores, este será o ;Natal das lembrancinhas;.

Na casa da aposentada Vera Pinheiro, 60 anos, o Natal costuma ser celebrado com festa. Este ano, porém, ela admite que a comemoração será mais tímida. ;As minhas expectativas são de muita economia. Não dá para fugir, não se pode fazer grandes compras. E eu acho que vai valer muito a seguinte máxima: em vez de dar presente, estar presente;, pondera. Mãe de um casal, Vera comenta que só presenteará a filha, que mora em Brasília. ;Esse é o lado positivo da crise. A gente para de pensar tanto no consumismo e começa a adotar um outro estilo de vida, com muito mais valor em termos de sentimentos.;

Na lista de presentes de Myckaele Paiva, a prioridade é o filho, Davi

A atitude de Vera se reflete na expectativa dos representantes do comércio no Distrito Federal. Apesar de divergirem nos números, eles concordam que o momento é difícil. Para o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), Adelmir Santana, 2016 terminará com queda nas vendas, em relação ao ano passado. A redução, para ele, é baseada em acontecimentos históricos. Os consumidores ainda sentem no bolso o reflexo da crise econômica que atinge o Brasil ; e o comércio ; desde 2014.

Até mesmo as contratações temporárias deverão sofrer uma baixa nesta temporada. Segundo pesquisa da Fecomércio-DF com empresários da área, as vagas começaram a ser preenchidas mais tarde. ;No ano passado, as empresas iniciaram o recrutamento de novos funcionários desde agosto. Este ano, somente a partir agora, segunda quinzena de novembro, novas oportunidades começam a surgir;, ressalta Adelmir. A expectativa é de que contratem cerca de 3,8 mil pessoas. O que representa uma queda de aproximadamente 28% na demanda.

Débora Siqueira, 32 anos, gerente de uma loja de maquiagem de um shopping no Guará, contratou uma pessoa para auxiliar no caixa neste fim de ano. ;Infelizmente, devido ao nosso quadro de funcionários, não existem chances de contratação depois desse período.; Situação contrária ao que ocorreu com o gerente de uma loja de departamento de um shopping na Asa Norte. Adriano Cardoso, 26, começou na empresa como empregado temporário de fim de ano, ganhou experiência e acabou efetivado. ;Aqui no estabelecimento abriremos cinco vagas para o período.; Para o Sindicato do Comércio Varejista do DF (Sindivarejista-DF), 20% das contratações podem se tornar permanentes.

Investimento

Um pouco menos pessimista, o Sindivarejista-DF espera um leve crescimento de 2% nas vendas, superando o cenário negativo do ano anterior, que fechou em queda de 3,5%. Para o presidente do sindicato, Edson de Castro, a expectativa dos empresários sempre é grande para esta época. Os shoppings investiram mais de R$ 5 milhões em ornamentações e prêmios para atrair consumidores. Também aumentou o estoque. ;As pessoas acabam se sentindo motivadas a participar, querem colocar o cupom na urna;, justifica.
É o caso da mãe de primeira viagem Myckaele Bispo de Paiva, 24 anos, que está à procura de um presente para o filho, Davi, 3 anos. Desde que o pequeno chegou, a celebração é em casa, com direito à presença dos familiares, que vêm de Goiânia para a festa. ;Estou apertada, com muitas contas para pagar, mas, com certeza, eu e meu marido compraremos alguma coisinha para o Davi.;

O sindicato prevê que o consumidor invista, em média, R$ 200 com o presente ; aumento de R$ 30 no intervalo de um ano. Essa, porém, não é a expectativa de muitos compradores. Silvana Melo, 21 anos, está desempregada e não pretende gastar muito neste Natal. ;Vou presentear meus amigos com algo mais simbólico, pois este ano está difícil. O preço vai ter que ser mais em conta;, salienta.

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