Cidades

Família faz apelo para que filho de 7 anos consiga um coração novo

Negativa de parentes para que órgãos de pessoas mortas sejam doados é a principal causa para o aumento da fila de espera por um transplante

postado em 26/12/2016 06:00
Há um ano, Nicholas foi diagnosticado com uma doença rara, chamada miocardiopatia restritiva, que faz com que o músculo do coração seja rígido o suficiente para prejudicar a circulação do sangue por todo o corpo
Na porta do quarto, adesivos infantis avisam que ali é território de criança. Dentro da suíte, alguns brinquedos. No notebook ou na televisão, passam desenhos, filmes de aventuras ou de personagens famosos entre as crianças. Trata-se de um lar provisório, em um hospital, onde o pequeno Nicholas Araújo Arimateia, de 7 anos, vive desde 8 de novembro. Veio de Natal (RN) com a família para aguardar o presente mais precioso que poderia ganhar neste Natal. Com um sorriso no rosto e um olhar de quem não desanima, ele espera por um coração. É o primeiro da fila por um transplante cardíaco.

[SAIBAMAIS]Há um ano, Nicholas foi diagnosticado com uma doença rara, chamada miocardiopatia restritiva, que faz com que o músculo do coração seja rígido o suficiente para prejudicar a circulação do sangue por todo o corpo. Até outubro, ele contornava o problema com o uso de medicamentos, mas sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Por isso, os movimentos das pernas e mãos ficaram comprometidos. ;Foi constatado que a doença estava extremamente agressiva. Por isso, ele está como o primeiro da fila na lista de espera. Desde então, eu e a mãe dele nos revezamos no hospital com o Nicholas. É uma rotina cansativa, porém estamos esperançosos que a espera acabe logo;, relata o pai do menino, Giovanni Dmitri Arimateia, 40 anos.

Depois do transplante, os pais do menino ainda terão de morar por mais um ano em
Brasília para acompanhamento do quadro médico. O pequeno fica grande parte do tempo no quarto, porém, pelo menos três vezes ao dia, pode caminhar pelo corredor e tomar um pouco de sol do lado de fora, nos horários de fisioterapia.

Nicholas faz parte de uma lista extensa. Na fila dos transplantes, há pacientes esperando por pulmão, fígado, córnea. Dados do Ministério da Saúde, mostram que, no fim de setembro, a lista de espera nacional por um transplante era de 28.494 potenciais receptores de órgãos (coração, fígado, pâncreas, pulmão e rim), sendo 328 para coração. Na capital do país, 12 precisam de um novo coração. Este tipo de procedimento é somente feito em quatro cidades: São Paulo, Curitiba, Fortaleza e em Brasília, no Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF). Os dados do Sistema Nacional de Transplante atestam que o DF realiza, em média, 60 transplantes por mês. No ano passado, foram feitas aqui 30 cirurgias de coração, 61 de fígado, 81 de rim, 510 de córnea e 37 de medula óssea. Até hoje foram 160 transplantes de coração feitos em adultos e crianças no DF. O primeiro em criança foi realizado em 2009.

Os números poderiam ser melhores. E essa é a esperança dos pais de Nicholas. Eles acreditam que, nesta época, em que aflora o sentimento de solidariedade e a vontade de ajudar o próximo, pode-se despertar a consciência para este tipo de doação em especial. Uma única pessoa doadora de órgãos pode salvar ou melhorar a qualidade de vida de outras oito. Mas normalmente as famílias têm dificuldade em aceitar ; com a agilidade que um procedimento desses precisa ; que aquele parente querido que se foi é um potencial doador, ainda que ele tenha manifestado essa vontade em vida. Até o filho parar na fila de transplantes, Giovanni, o pai de Nicholas, não tinha se dado conta da necessidade de trabalhar pela conscientização da doação de órgãos. ;Percebemos que as pessoas ainda são um pouco desinformadas sobre os procedimentos. A nossa intenção é, a partir do caso do Nicholas, sensibilizar as pessoas para essa importância.;
Negativa de parentes para que órgãos de pessoas mortas sejam doados é a principal causa para o aumento da fila de espera por um transplante
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