Cidades

Manifestantes protestam contra aumento do preço das passagens

O ato desta segunda-feira foi convocado nas redes sociais pelo Movimento Juntos, mas outras entidades aderiram a manifestação

postado em 02/01/2017 18:17
Manifestação contra aumento do preço das passagens em Brasília

Manifestantes protestam, nesta segunda-feira (2/1), contra o reajuste nos valores das passagens do transporte público do Distrito Federal. Embalados pelo grito "Pula, sai do chão contra o aumento do busão" e faixas com palavras de ordem, os passageiros iniciaram o ato às 17h30, na Rodoviária de Brasília. Após cerca de uma hora de concentração, eles deixaram o local e iniciaram caminhadas em vias da capital, bloqueando o trânsito. O grupo passoy pela via S1 e W3 Sul e, em seguida, foi até o trecho situado entre o Hospital de Base e o Setor Comercial Sul. O trânsito foi parcialmente interrompido e liberado por volta das 20h30.

Devido ao avanço da manifestação, a Polícia Militar chegou a interromper o trânsito em local próximo ao Setor Hoteleiro Sul, na altura do Brasil 21. Entre os carros, os manifestantes levantaram diversas faixas. Uma das bandeiras descrevia: "Planaltina contra os ataques ao povo"; outras pediam auditorias no transporte público.

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Em uma passeata pela Rodoviária, os manifestantes convocaram a população para participar do protesto. "Motorista, cobrador... Me diz aí se seu salário aumentou", foram palavras entoadas, em razão da justificativa do governo, segundo quem a necessidade do reajustes decorre, em parte, do elevado gasto com a folha salarial dos funcionários.

Na rodoviária, o posto do DFTrans foi fechado por volta das 19h45. Os funcionários alegam que interromperam o atendimento por causa de uma queda no sistema, mas passageiros dizem que o motivo pode ser outro. A estudante Morgana Valente, 26 anos, chegou ao posto por volta das 18h30 e não conseguiu recarregar o cartão. "É um absurdo essa situação. Somente tinha dois funcionários, uma fila enorme e agora resolvem fechar. Disseram apenas que o sistema saiu do ar, mas acreditamos que tem relação com os protestos. Só queremos ir para casa", reclamou.

Direito

O ato desta segunda-feira foi convocado nas redes sociais pelo Movimento Juntos, mas outras entidades aderiram. Um dos organizadores, Vladmir Almeida, acredita que a revisão tarifária é uma afronta ao direito de ir e vir do cidadão. "O trabalhador não é apenas trabalhador quando está no serviço. O estudante não é somente estudante quando está na escola. Temos direito ao lazer, à cultura... Esse aumento abusivo de 25% impossibilita as pessoas de terem esse acesso." Na visão dele, o acréscimo é inaceitável, considerando a qualidade do serviço de ônibus e metrô no DF. "Não podemos aceitar esse valor. É um absurdo", completou.

Para reforçar a segurança e evitar possíveis depredações, além do chamado "catracaço", o Grupamento de Pronto-Emprego (GPE) da Polícia Militar foi enviado ao local, e outro contingente de oficiais foi colcado de sobreaviso. Na Estação Central do Metrô, PMs fizeram um cordão de isolamento nas estradas do terminal. Até o momento, não há registro de violência no ato.

A Avenida Hélio Prates, em Taguatinga, também recebeu mobilizações. Cerca de 20 pessoas, munidas de cartazes com as descrições "R$5 eu não pago" e "25%... Ficou louco", os manifestantes bloquearam a via por cerca de cinco minutos. A chegada da PM, entretanto, garantiu a desobstrução da pista.

Aumento

A revisão tarifária estabelece um aumento de R$ 2,25 para R$ 2,50, no caso de linhas circulares internas; de R$ 3 para R$ 3,50, nas passagens de coletivos de ligação curta; e de R$ 4 para R$ 5, nas viagens de longa distância e no metrô (leia O reajuste). Esse é o segundo reajuste referente à malha metroviária durante a gestão de Rodrigo Rollemberg (PSB). Em comparação ao início de 2015, quando o chefe do Executivo local assumiu a gestão do DF, o valor da tarifa mais cara subiu 66%.

O ato desta segunda-feira foi convocado nas redes sociais pelo Movimento Juntos, mas outras entidades aderiram a manifestação

Ao Correio, o Secretário de Mobilidade, Fábio Damasceno, informou, neste domingo, que o reajuste é necessário para cobrir os gastos do GDF com o transporte público ao longo dos 10 anos de congelamento de tarifas, prévios a 2015. "Durante esse período, acumularam-se dívidas com insumos, os salários de motoristas aumentaram e o diesel subiu", explica. O titular da pasta ressaltou, também, a gratuidade para estudantes, idosos e deficientes. De acordo com dados do órgão, 33% dos passageiros do DF utilizam o passe livre.

Ainda segundo Damasceno, os R$200 milhões angariados ao longo de 2017 com o aumento serão revertidos em melhorias nos coletivos e no metrô brasiliense. "Investiremos em rastreamento, novos ônibus, sistema de bilhete único, entre outros". A Secretaria de Mobilidade alega que cerca de 60% da população será afetada pelo aumento das tarifas de linhas circulares internas e de ligação curta; e 40%, pelo acréscimo nas passagens de metrô em viagens de longa distância, que podem atingir 70 km.

Diálogo

A cúpula da Câmara Legislativa terá uma reunião com o governador Rodrigo Rollemberg (PSB), às 19h30 desta segunda-feira, para solicitar a suspensão temporária do decreto que prevê a revisão tarifária, até que o assunto seja debatido de maneira mais ampla.

Caso o chefe do Executivo local não acate o pedido, os deputados distritais garantiram a convocação de uma sessão extraordinária, durante o recesso parlamentar, para apresentar um projeto de decreto Legislativo que suste os efeitos da revisão tarifária, anunciada pelo Palácio do Buriti na última sexta-feira.

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