Cidades

Luiz Estevão é colocado no mesmo bloco de sequestrador de sua filha

O ex-tenente da Polícia Militar cumpre pena por ter sequestrado a filha de Estevão. O crime aconteceu em setembro de 1997

Isa Stacciarini
postado em 31/01/2017 12:28

O empresário foi condenado pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3), em 2006, pelo escândalo das obras do TRT-SP

Além de receber regalias, o empresário e ex-senador Luiz Estevão, transferido de ala no Centro de Detenção Provisória (CDP), foi para o mesmo setor onde cumpre pena o sentenciado Osmarinho Cardoso da Silva Filho. Ex-tenente da Polícia Militar, ele cumpre pena por ter sequestrado a filha de Estevão. O crime aconteceu em setembro de 1997. Essa é uma das alegações da defesa do ex-parlamentar para que ele cumpra o isolamento preventivo na cela da ala B, onde estava antes de ser transferido.


Leia mais notícias em Cidades

[SAIBAMAIS]Ele está em uma solitária depois que desrespeitou normas do sistema e desacatou o coordenador-geral da Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe), Guilherme Nogueira, ao ser questionado sobre a presença de itens proibidos em sua cela. Entre eles, chocolate, cafeteira elétrica, cápsulas de café e massa importada.

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), no entanto, negou o pedido para Estevão cumprir isolamento na cela de origem, porque, para a Justiça, ;tal providência não se mostra adequada nos estabelecimentos que possuam alojamento coletivo, como se observa no presente caso, tendo em vista que ele dividia a cela com outro apenado.;

Osmarinho Cardoso da Silva Filho foi condenado a 22 anos de prisão pelo sequestro da filha de Luiz Estevão,  Cleucy Meirelles, que ficou uma semana sob poder dos sequestradoresA decisão da juíza da Vara de Execuções Penais, Leila Cury, ainda ressalta que ;a alocação do interno faltoso em cela diversa visa contribuir para a melhor averiguação dos fatos, na medida em que os mesmos ocorreram justamente na cela em que ele anteriormente ocupava.;

No entanto, a Justiça determinou que cabe a Subsecretaria do Sistema Penitenciário zelar pela integridade física dos dois internos (Luiz Estevão e Osmarinho). ;Determino que a direção do Centro de Detenção Provisória adote todas as providências necessárias para o resguardo da integridade física dos dois internos, a fim de evitar qualquer tipo de contato entre Luiz Estevão de Oliveira Neto e Osmarinho Cardoso da Silva Filho, inclusive com a alocação do primeiro em outro pavilhão disciplinar, sem contato com quaisquer outros presos, se assim considerar necessário;, decidiu.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social, órgão que a Sesipe faz parte, informou que a vistoria feita no bloco 5 do CDP pela Subsecretaria do Sistema Penitenciário ocorreu na quinta-feira (26/1) da semana passada. ;Na ocasião, foram detectados objetos não autorizados dentro da cela e na cantina do presídio, descumprindo normas e orientações da Sesipe. Durante a vistoria na cela, o referido interno ao ser interpelado pelo coordenador-geral cometeu uma falta disciplinar, sendo, por isso, transferido para outra ala do mesmo bloco. Ele permanecerá no isolamento por 10 dias;, informou.

Ainda em nota, a pasta esclareceu que a Sesipe instaurou uma sindicância, publicada no Diário Oficial do Distrito Federal nesta segunda-feira (30/1), e comunicou o caso à Polícia Civil, que já abriu inquérito para investigar a possível participação de agentes públicos. ;A SSP-DF informa ainda que os servidores envolvidos serão afastados dos cargos que ocupam no CDP. Cabe frisar que todas as providencias adotadas estão sendo acompanhadas pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e pela Vara de Execuções Penais (VEP), do Tribunal de Justiça e Territórios (TJDFT);, acrescentou.

Caso Cleucy

Osmarinho Cardoso da Silva Filho foi condenado a 22 anos de prisão pelo sequestro da filha de Luiz Estevão, Cleucy Meirelles, que ficou uma semana sob poder dos sequestradores. O ex-policial ficou nove meses foragido, mas foi preso em Goiânia.Na gestão de Joaquim Roriz o ex-tenente foi expulso da PM.

Caso TRF-SP

O empresário foi condenado pelo Tribunal Regional Federal da 3; Região (TRF3), em 2006, pelo escândalo das obras do TRT-SP. Mas, na última década, apresentou sucessivos recursos ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF) e, assim, conseguiu postergar o início do cumprimento da pena.

A condenação inicial é de 31 anos de prisão pelos crimes de corrupção ativa, estelionato, peculato, formação de quadrilha e uso de documento falso. Mas dois dos crimes, quadrilha e uso de documento falso, prescreveram. A pena final ficou em 26 anos, sendo pelo menos 1/6 em regime fechado.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação