Cidades

Bebês com risco de contaminação por bactéria permanecem isolados no HMIB

Exames vão comprovar se as crianças, que estão na mesma ala onde houve três mortes de recém-nascidos, estão contaminadas ou não pela bactéria multirresistente serratia. Em alguns setores do hospital, o atendimento foi suspenso

postado em 10/03/2017 06:08 / atualizado em 19/10/2020 13:51


Diante da possibilidade de contaminação pela bactéria multirresistente serratia, parte do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB) permanece interditada para atendimento. O alerta veio após a morte de três bebês em menos de uma semana. Eles estavam internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal. Uma menina de 8 dias teve  confirmada a infestação pela bactéria. No caso dos outros dois recém-nascidos, ainda é investigada a presença da bactéria.

 

 

No local, permanecem 33 crianças, que estão isoladas e sendo acompanhadas pela equipe médica. Exames devem indicar se os recém-nascidos internados também estão contaminados ou apenas com o micro-organismo presente no corpo. Enquanto isso, nas demais alas, o atendimento segue normal. Mesmo com o temor de algumas mães, a Secretaria de Saúde do DF garante que não há possibilidade de infestação da bactéria pela unidade médica.

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O resultado do laudo da morte de um bebê, que confirmará ou não se a causa foi a serratia, deve ser liberado em até sete dias. Segundo a pasta, o óbito de uma das crianças ocorreu em um período anterior à suspeita do micro-organismo. E ressalta que também não há exames que apontem a infestação. Enquanto isso, a direção do hospital restringiu internações, separou equipes para atender aos bebês isolados e redirecionou partos para outras unidades de saúde. Além disso, pelo menos até domingo, só serão atendidos casos em que os partos estão previstos e nas circunstâncias de a paciente apresentar sangramento, período expulsivo e abortamentos. Os casos emergenciais e as cirurgias estão mantidos.

Grávida de seis meses, Jeodith Tomé Cunha, 35 anos, faz o acompanhamento pré-natal no Hmib. Ontem, ela foi uma das atendidas na unidade de saúde. “A situação está normal, eu me consultei como nas demais vezes. É claro que diante de uma possibilidade de infestação, dá um pouco de medo. Fico pensando se, quando o meu filho nascer, o hospital ainda viverá essa mesma situação. É algo que tem que ser resolvido o quanto antes”, destacou a professora. A farmacêutica Priscila Pereira, 33 anos, também levou a filha Giovanna, de 1 ano, para uma consulta. “Ficamos internadas durante três meses na unidade. O hospital é quente. Diante de uma bactéria, o receio é de ela se espalhar para as outras alas”, disse.

Moradora de Ceilândia, Rosângela Araújo Vieira, 28 anos, deu à luz Sibele, na última segunda-feira. Ficou internada até ontem no Hmib e relatou não ter percebido diferenças no atendimento após a possibilidade de infestação na UTI Neonatal. “Ninguém alertou sobre perigos. Fiquei sabendo da possível infestação por parentes e por mensagens no celular. Fui muito bem atendida”, destacou. A manicure estava numa ala diferente das que ficavam os três bebês que morreram. Em razão disso, ela não notou mudança na rotina do hospital.

A subsecretária de Atenção Primária à Saúde, Martha Gonçalves, explicou que a suspeita é somente na UTI neonatal e que, em razão disso, não é necessário suspender o atendimento em toda a unidade de saúde. Ela detalhou que os 33 bebês internados continuarão a receber atendimento normal. “São crianças com algum tipo de problema respiratório ou cardíaco. O tratamento com antibiótico só será iniciado se for comprovado que o micro-organismo está agindo no organismo. A bactéria pode estar colonizada, ou seja, morando na pele da criança, mas isso não significa infecção. Vamos continuar monitorando esses bebês internados.”

Martha detalhou que o plano segue o mesmo, até uma possível avaliação por parte da Secretaria de Saúde. Casos de baixo risco serão direcionados para os hospitais do Paranoá, da Asa Norte e de Samambaia. Já os de alto risco vão ser atendidos nos hospitais de Taguatinga, de Samambaia, além de no Hospital Universitário de Brasília (HUB). “Médicos do Hmib serão remanejados para outras unidades para reforçar o atendimento.”

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