Cidades

Lona de circo deveria aguentar ventos de até 120 km/h, segundo Defesa Civil

Segundo relatórios, o local ainda não estava preparado para abrigar os espetáculos. O órgão notificou principalmente com relação a base não ter sido montada, seguindo os patrões de segurança

Walder Galvão*
postado em 28/03/2017 15:28
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Em duas vistorias realizadas no circo instalado no estacionamento de um shopping da Asa Norte, a Defesa Civil do Distrito Federal sinalizou sobre falhas na montagem da estrutura. Segundo relatórios, o local ainda não estava preparado para abrigar os espetáculos, que estavam com a inauguração marcada para a próxima sexta-feira 31/3). O órgão alertou, principalmente, com relação à base, que não teria sido montada de acordo com os padrões de segurança. Mesmo assim, um pouco antes da estrutura ceder, crianças de ao menos três escolas particulares assistiram a sessões do Circo Kronos. A Defesa Civil acredita que os ventos chegaram a quase 100 km/h na região. Porém, de acordo com o Inmet, no momento do incidente, os ventos estavam entre 50km/h e 60km/h no momento do acidente


O secretário da Defesa Civil Sérgio Bezerra explicou que, a velocidade dos ventos não teria interferido na estrutura caso ela tivesse sido montada adequadamente. "As lonas suportam até 120km/h de ventos. O que poderia ocorrer, no máximo, seria elas se rasgarem, mas a estrutura não cederia", afirma. Bezerra explicou, ainda, que, na preparação do espaço, é preciso usar quatro bases com seis pinos de ferro cada. Elas são necessárias para suportar todas as peças e a lona. Nas vistorias realizadas, a equipe indentificou que as bases estavam com apenas dois pinos. Esse foi um dos motivos para não ter obtido a aprovação do projeto pelo órgão. "Só seria liberado depois que eles atendessem as demandas da Defesa Civil", disse.
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[SAIBAMAIS] Apesar das justificativas do empresário, a Defesa Civil diz ter identificado irregularidades na parte elétrica, como a falta de um aterramento adequado do gerador de energia."É importante destacar que por ser uma estrutura de grande porte a Defesa Civil costuma fiscalizar durante o processo de montagem, porque, depois de pronta, muitos detalhes ficam encobertos, o que não dá pra perceber depois. Por isso o órgão acompanha tudo e faz as observações necessárias a tempo", destaca.
O diretor e proprietário do Circo Khronos, Luciano Rangel, defendeu-se. O empresário garante que não foi sinalizado pela Defesa Civil sobre irregularidades na base da estrutura. "Fomos notificados apenas para fazer duas alterações no aterramento do gerador de energia, o que foi feito imediatamente. O Corpo de Bombeiros também tinha aprovado nosso projeto. De forma alguma o circo iria autorizar a entrada de pessoas, caso fosse sinalizado sobre o risco de queda da estrutura", disse ele, justificando a apresentação para crianças de algumas escolas, momentos antes da tragédia.
Rangel acredita que a força do vento foi a única responsável pelo incidente. "Foi uma fatalidade. O vento estava muito forte. Tivemos árvores arrancadas pela região, o que mostra a tamanha força", sinaliza. Segundo o proprietário, a família do funcionário que faleceu está recebendo toda a assistência da empresa.

Ventos

Devidos aos impactos na região, a Defesa Civil acredita que o vento pode ter chegado a uma velocidade entre 90 km/h e 100 km/h. A análise foi feita em virtude de estragos na região. "Na mesma quadra onde fica localizado o shopping, várias árvores caíram e placas foram derrubadas", sinaliza Bezerra. Mesmo assim, o secretário da Defesa Civil considera que houve irresponsabilidade por parte da direção do circo ao fazer uma apresentação no local. "Eles ainda não tinham o alvará. Fica bem claro que o circo não poderia colocar público naquele local até a aprovação pelos órgãos de segurança."
Segundo relatórios, o local ainda não estava preparado para abrigar os espetáculos. O órgão notificou principalmente com relação a base não ter sido montada, seguindo os patrões de segurança
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) não possui uma unidade de análise próximo ao local onde ocorreram as rajadas de vento. No entanto, de acordo com a meteorologista Maria das Dores de Azevedo, o vento deveria estar entre 60km/h e 50km/h no momento do acidente. "Pelo estrago causado na cidade, o vento deveria estar em uma velocidade elevada. Nenhum fenômeno atípico atingiu o local na tarde de ontem. A ventania foi causada por uma chuva isolada", explica.
*Estagiário sob supervisão de Renato Alves

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