Cidades

Salão Brasiliense de Cutelaria reúne apaixonados por facas em Brasília

O encontro ocorre hoje e amanhã na Estância Gaúcha do Planalto, com direito a demonstração de forjamento e palestras

Geison Guedes - Especial para o Correio
postado em 01/04/2017 18:36

O encontro ocorre hoje e amanhã na Estância Gaúcha do Planalto, com direito a demonstração de forjamento e palestras

Este fim de semana ocorre ; na Estância Gaúcha do Planalto ; um encontro bem incomum, o Salão Brasiliense de Cutelaria. Com programação até as 20h de sábado (1;/4) e de 10h às 16h de domingo (2), o evento reúne mestre cuteleiros e apaixonados por facas em geral. Além de palestras e demonstração de forjamento, o público tem acesso a diversos modelos fabricados no Brasil e no mundo.

[SAIBAMAIS]Segundo Milton Hoffmann, organizador da feira e coordenador do curso de Cutelaria da Faculdade de Artes da Universidade de Brasília, o intuito é divulgar sobre a arte que já chegou a ser extinta. "A fabricação de ferramentes de corte remete à idade média. No entanto, com a revolução industrial e a evolução do modo de produção, a profissão de cuteleiro se extinguiu". De acordo com Hoffmann, a arte retornou há pouco tempo. "Cerca de 50 anos atrás, mais ou menos, os europeus resolveram reviver a atividade na forma que era feita antigamente", conta.

No Brasil, o estado de maior destaque na cutelaria é o Rio Grande do Sul. Para o coordenador, São Paulo e Brasília também estão em proeminência. "O DF se destaca na parte da educação, principalmente por causa do curso da UnB". Desde 2009 que o Salão Brasiliense de Cutelaria não é feito, neste período o encontro ficou concentrado em São Paulo. "Muita gente pedia para retornamos com o evento na capital, até por isso resolvemos trazê-lo de volta. Nesta edição, contamos com 50 expositores do Brasil, França e Bélgica e realizamos um concurso de melhor faca em 18 categorias, de modelos de cozinha ao cutelo clássico".
O encontro ocorre hoje e amanhã na Estância Gaúcha do Planalto, com direito a demonstração de forjamento e palestras
O cuteleiro Alexandre Bianco, há cinco anos na área, começou a prática como hobby e acabou se profissionalizando. "Sempre gostei de facas, mas com o tempo não achava mais a que eu queria. Com isso, resolvi fabricar as minhas, fui fazendo cursos e hoje deixou de ser hobby para virar profissão". A especialidade de Bianco é o Aço Damasco, um tipo de minério onde se mistura o aço comum com carbono. "Depois de prontas, as facas deste tipo não são melhores, nem piores que as comuns, a grande diferença é beleza. Elas ficam muito mais bonitas e são ideais para quem gosta de colecionar".

Demonstração de Forjamento

Durante o Salão, o cuteleiro Neoclédio Copatti realiza duas apresentações de forja. De maneira simples, ele mostra os primeiros passos para se produzir uma faca, aquecendo uma barra de ferro em uma pequena fornalha e moldando com martelo sobre uma bigorna. Como Bianco, Copatti também começou a produção como hobby. "Eu não encontrava peças do jeito que queria, então resolvi fabricar as minhas".
O encontro ocorre hoje e amanhã na Estância Gaúcha do Planalto, com direito a demonstração de forjamento e palestras
Para se profissionalizar, ele fez o curso de cutelaria na UnB e, lá, conheceu o coordenador Milton Hoffmann. Graças a ele que Copatti teve a oportunidade de ir para os Emirados Árabes Unidos, onde trabalhou como um dos cuteleiros do sheik de Abu Dhabi. "Fiquei dois anos por lá, aprendi muito e, por causa dos meus filhos mais velhos ; que permaneceram no Brasil ; resolvi voltar. Hoje utilizo a experiência recebida em Abu Dhabi para fazer todo tipo de faca e pretendo abrir meu próprio curso", afirma.

Paixões diferentes

O pequeno Murilo Martins, 10 anos, morador do Gama, é apaixonado por pescaria e facas. O pai não pode levá-lo a exposição, mesmo assim ele conseguiu ir. A tarefa ficou a cargo do professor Josafá Santana, 54 anos, e do aposentado Apolônio Camelo, 54 anos, amigos de seu pai. Segundo Camelo, um vizinho dele comentou sobre o Salão e, por gostar de facas, principalmente as de pescas, resolveu ir e convidou Murilo e Josafá.

O encontro ocorre hoje e amanhã na Estância Gaúcha do Planalto, com direito a demonstração de forjamento e palestras

Ao contrário do aposentado, Santana não tinha conhecimento sobre a arte e ficou impressionado com a quantidade de cuteleiros e de gente no evento. "Não fazia ideia que existem colecionadores de facas, muito menos que tem gente dispostas a pagar R$ 4 mil ou mais em uma peça". O professor gostou tanto da ideia que resolveu levar uma para casa. "Estou levando uma que vai ser muito útil nas minhas pescarias". Já para Murilo, a vontade maior era poder ter uma para ele. "Como sou pequeno, o máximo que posso fazer é olhar, não posso nem pegar uma", lamenta.

Confira mais fotos do evento:

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