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Jovens caratecas lutam para conseguir participar de disputa no Mato Grosso

Cerca de 100 atletas locais, principalmente crianças, se revezam no semáforo da Epig, bem próximo à entrada do Parque da Cidade, em busca de ajuda para viagem que pode alavancar um sonho olímpico

postado em 26/04/2017 06:00
Com seus tradicionais quimonos, atletas mirins realizam movimentos de karatê enquanto o sinal de trânsito permanece vermelho

Atletas brasilienses de karatê estão usando um local além do tatame para mostrar habilidades. No lugar da plataforma de borracha, o espaço onde circulam é um cruzamento de trânsito. A luz vermelha do semáforo dá o sinal para as performances (ou katas) dos jovens atletas. Todo esse movimento marcial tem um objetivo: conseguir dinheiro para participar da classificatória do Campeonato Brasileiro de Karatê, no Mato Grosso. Cerca de 100 atletas locais, principalmente crianças, se revezam no semáforo da Estrada Parque Indústrias Gráficas (Epig), bem próximo à entrada do Parque da Cidade, em busca de ajuda para viagem que pode alavancar um sonho olímpico.
A cada nota ou moeda de real, os rapazes e as moças chegam mais perto da tão esperada viagem. A classificatória acontece entre 11 e 13 de maio, em Rondonópolis (MT). Além de arcar com os valores de inscrição e equipamentos, a equipe precisa garantir os recursos para hospedagem e alimentação. O lugar no pódio em alguma modalidade garante a participação na final do Campeonato Brasileiro de Karatê, que ocorrerá em outubro em Salvador.
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A karateca Laryssa Victória Lopes, 13 anos, é uma das que embarca pela primeira vez em uma competição a nível nacional.

A garota, que começou a treinar há apenas três anos, tem no esporte uma grande paixão e também almeja a carreira de esportista para o futuro. ;Desde que ingressei no karatê, minha vida mudou completamente. A rotina de treinos é quase diária. Não tenho palavras para descrever esse esporte. Se estou triste, basta apenas eu iniciar algum movimento para mudar o humor. É uma paixão;, define a garota. Laryssa, que até então apenas participou de disputas locais, está otimista com a seletiva. ;A confiança é a primeira sensação que devo ter, e estou muito confiante, com a certeza de que estarei em um lugar no pódio;, aposta a carateca.

Entre os atletas há também aqueles que tiveram destaque em alguma competição. É o caso de Hemilly Cristine Moreira, 10 anos. Ela começou a fazer karatê aos 7 anos. Apesar de pequenininha dentro do quimono, a garota é grande quando apresenta seus títulos e conquistas, como o bicampeonato nacional, em outubro do ano passado. ;Quando coloquei meu pé no tatame pela primeira vez, vi que aquele era o meu esporte. Foi amor a primeiro tatame;, brinca.

O asfalto quente não desanima nem atrapalha a desenvoltura do grupo. ;Qualquer esforço é válido nesse momento para não deixar nosso sonho morrer. Estamos confiantes de que vamos todos conseguir viajar para participar do campeonato. Os brasilienses têm sido bastante solidários com a nossa causa. Só temos a agradecer;, diz, com desenvoltura, Hemilly Cristine.

Incentivo

Se, na linha de frente, estão os competidores realizando movimentos do katarê, de fundo, as mães também participam empunhando uma faixa estampada com ;Ajude um atleta;.

Moradora de Planaltina, Yanna Chamone, 28 anos, acompanha o filho Miguel Farago, 8, e os demais atletas na busca pelo sonho. ;O pessoal está bem receptivo com as crianças. Como pais, o que temos que fazer é incentivar os filhos. Desde que começou a campanha, venho acompanhando eles de perto no sinal. As arrecadações têm sido boas;, comenta.

Os atletas que participam da campanha no semáforo fazem parte de duas agremiações: a Associação Hardy, de Sobradinho, e a Gerardo Coelho Karatê, de Taguatinga. Técnico de alguns dos esportistas, Heitor Hardy adianta que o transporte para o Mato Grosso já está garantido.

;A busca é para cobrir os gastos, principalmente com equipamentos. Os valores são altos e muitas dessas famílias não têm condições para arcá-los. Por esse fato, decidimos vir para o semáforo pedir contribuição de quem passar por aqui;. Ele destaca que não somente as doações que animam o grupo. ;É gratificante também ver o motorista abrindo a janela do carro para dar o parabéns, bater palmas ou buzinar. Eles ficam animados com essa demonstração de carinho e é isso que move o espírito do atleta;, ressalta.

PARA AJUDAR

Quem quiser contribuir com os caratecas de Brasília pode depositar qualquer quantia na seguinte conta:

Caixa Econômica Federal
Agência: 1041
Operação: 001
Conta-corrente: 00021698-9
Felipe Hardy Souza F. de Miranda

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