Cidades

Com greve, vans e carros piratas fazem transporte no Distrito Federal

Nas baias vazias da Rodoviária do Plano Piloto, o que se vê é a movimentação de alguns motoristas que atuam com transporte pirata

Paula Pires - Especial para o Correio , Luiz Calcagno
postado em 28/04/2017 13:20
A Polícia Militar está com um efetivo no local, mas não impede a entrada dos veículos não autorizados
Os transportes piratas dominaram o cenário de Brasília nesta sexta-feira (28/4). Com a greve, os veículos irregulares tomaram conta da capital. Um dos lugares de Brasília com maior circulação de pessoas, a Rodoviária do Plano Piloto está com pouco movimento. Nas baias vazias, o que se vê é a movimentação de alguns motoristas que atuam cladestinamente. A Polícia Militar está com um efetivo no local, mas não impede a entrada dos automóveis não autorizados, como carros, vans e ônibus.
A opção para Vanessa Oliveira, 21 anos, foi o transporte pirata. Moradora de São Sebastião, a jovem, que trabalha na 505 Sul, precisou usar uma van pirata. O gasto para chegar à Rodoviária foi de R$ 5. Para terminar de chegar ao trabalho, ela gastará, ao menos, mais R$ 3,50.

;Para vir está tranquilo, porque tem muita van, mas eles estão cobrando muito caro. Além disso, é um transporte inseguro, porque, geralmente, são carros em estado precário e em alta velocidade;, lamenta.

A educadora temporária Carla Andrade, 38, gastou R$ 40 para ir do Lago Oeste, onde mora, à Rodoviária do Plano Piloto. Foram R$ 30 de mototaxi para chegar ao Colorado, onde pegou um carro pirata e gastou mais R$10. ;Estou com R$ 50 reais e espero que dê pra voltar pra casa. Não posso faltar porque posso ter um desconto de até R$200 no salario;, acredita.

Devido à falta de transportes, o soldado Vinícius Souza, 19, conta que os amigos fizeram um rodízio na hora de ir ao quartel. O jovem, que normalmente espera 20 minutos para pegar um ônibus na Rodoviária e voltar para Taguatinga, esperou mais de uma hora nesta sexta (28/4). Ele já pensa em um segundo plano. ;Liguei para o meu primo pra voltar de carro, mas ainda vou esperar até as 18h;, lamenta.
Em Taguatinga, o transporte pirata também foi a saída encontrada por muitas pessoas que precisavam se locomover. No início da manhã, os veículos passavam a todo momento. O preço da passagem varia de R$ 5 a R$ 10. Para evitar pagar a mais, algumas pessoas preferiram pegar carona com amigos. É o caso de José de Sena, 61, que trabalha na Agência dos Correios na Asa Sul. Ele foi andando da CNF até o centro para encontrar um colega. "Ainda não sei como vou voltar, mas não pego ônibus pirata. Acho a greve válida. Aposento no meio do ano. Não serei afetado. Mas e quem é mais jovem, como fica?", questionou.
Na BR-020, em Sobradinho, mais de 10 pessoas esperavam no ponto de ônibus para ir ao trabalho no início desta manhã. Os carros irregulares também circulavam pela região. Não é a primeira vez que a auxiliar administrativa Tatiana Vieira, 39 anos, passa por essa dificuldade para conseguir chegar ao trabalho. No ano passado, com a greve dos rodoviários, ela teve de recorrer ao transporte pirata. Desde 7h na parada, ela espera chegar na Asa Norte, no Plano Piloto, às 8h. "Vou pagar o dobro, mas não posso faltar. A greve e um direito deles, mas prejudica muita gente", lamenta.
As paradas de ônibus do centro de Ceilândia amanheceram lotadas. Alguns passageiros esperaram o coletivo por mais de duas horas.
Colaborou Priscilla Miranda, estagiária sob supervisão de Adriana Bernardes

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