Cidades

Recém-nascido desaparece no Hospital Regional da Asa Norte

A Polícia Civil trabalha em um retrato falado baseado em informações de funcionários do Hran, mas informou que não divulgará detalhes para não colocar a vida da criança em risco

Otávio Augusto, Renato Alves
postado em 06/06/2017 15:45

A Polícia Civil trabalha em um retrato falado baseado em informações de funcionários do Hran, mas informou que não divulgará detalhes para não colocar a vida da criança em risco

Quinze anos após o reencontro de Pedrinho com os pais biológicos, Brasília volta a ser cenário do desaparecimento de bebê em maternidade. A Polícia Civil do Distrito Federal investiga o sequestro de um recém-nascido de um dos quartos do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), nesta terça-feira (6/5).

Segundo a PCDF, a mãe, Sara Maria da Silva, que tem 19 anos, estava muito abalada, e foi ouvida por investigadores na Divisão de Repressão ao Sequestro. Até o momento, três testemunhas também prestaram depoimento à polícia. A suspeita é de que uma mulher loura, que carregava duas bolsas, uma azul e uma cinza, tenha levado o menino. A mãe não estava mais internada no hospital quando a criança foi levada, pois já havia recebido alta do Hran. Apenas o bebê estava internado.


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Mesmo com a repercussão do caso, a Polícia Civil não comenta a investigação. A corporação trabalha em um retrato falado baseado em informações de funcionários e pacientes. A Divisão de Comunicação da Polícia Civil (Divicom) explicou, em nota, que durante as investigações nenhum detalhe seria noticiado. "Qualquer informação divulgada pode colocar em risco a vida da criança", resume o texto. Por volta das 20h50, policiais isolaram a delegacia e ressaltaram que nenhuma informação seria divulgada.

Mãe e filho estavam em um alojamento conjunto, onde havia vários outros bebês. O sumiço da criança, que nasceu em 25 de maio em uma unidade básica de saúde na Estrutural, foi percebido por volta do meio-dia desta terça-feira. Policiais fizeram buscas no Hran, mas não tiveram sucesso. O recém nascido estava internado há 12 dias no hospital. O menino foi levado ainda com o acesso veneso.

O que chama a atenção no sequestro, é que o acesso para o alojamento onde estavam Sara e seu filho é uma das portarias mais movimentadas do Hran. Vigilantes ficaram de plantão ininterruptamente, segundo o hospital. Ao todo, são 17 profissionais em cada turno. O horário em que a criança foi tirada do local também não coincide com o de visitas. "Acho que temos segurança no hospital. Esse foi um evento muito raro, de grande pesar, mas temos uma vigilância a contento", justificou o diretor do Hran, José Adorno.

O caso Pedrinho

O rapto do menino Pedrinho é o caso de sequestro de bebê mais famoso do Brasil. Desde o seu desfecho, em 2002, quando policiais de Brasília descobriram o paradeiro do garoto, em Goiânia, ele ganhou as capas de jornais e de revistas, inspirou novela, foi tema de documentários e de um livro.

O drama da família de Pedrinho começou em 1986, na maternidade do Hospital Santa Lúcia, em Brasília, e só acabou 16 anos depois. Disfarçada de enfermeira, Vilma Martins Costa chegou ao quarto onde a mãe de Pedrinho se recuperava do parto e roubou o bebê.

Pedrinho foi encontrado em 2002, 16 anos depois do sequestro: caso mais famoso no país

Vilma simulou uma gravidez e sequestrou a criança para forçar o companheiro, Osvaldo Martins Borges, a se casar com ela. Osvaldo se separou da família e criou Pedrinho com Vilma, em Goiânia, como se fosse seu filho legítimo.

A farsa só foi descoberta em 2002, após a morte de Osvaldo. A suspeita do crime foi confirmada com teste de DNA, em 8 de novembro daquele ano. Pedrinho tinha sido registrado por Vilma como Osvaldo Martins Borges Júnior.

[SAIBAMAIS]Antes do teste de reconhecimento de paternidade, os pais verdadeiros de Pedrinho, Jayro Tapajós e Maria Auxiliadora Braule Pinto, receberam vários alarmes falsos. Chegaram a fazer ao todo cinco exames de reconhecimento de partenidade.

No começo de 2003, a polícia goiana confirmou, também por meio de DNA, que outro bebê levado de uma maternidade, em Goiânia, 24 anos antes, havia sido criado por Vilma como filho verdadeiro dela. A menina que a ex-empresária registrou como Roberta Jamilly, era Aparecida Fernanda Ribeiro da Silva, o menina roubada em 1979.

Vilma Martins acabou condenada em ambos os casos, por sequestro e registro falso. Recebeu ainda outra pena por fraudar, após a descoberta dos raptos, procurações em nome de Pedro e Roberta, que lhe dariam ambos poderes sobre eles, incluindo pensões e heranças.

Em meio ao andamento dos processos contra Vilma, a história de Pdedrinho virou tema da novela Senhora do Destino (TV Globo), sucesso de Aguinaldo Silva que começou em 2004 e acabou em 2005.

Vilma ganhou a liberdade condicional em agosto de 2008, após cumprir 5 dos 19 anos das penas inicialmente imposta pela Justiça. Sem ter confessado em alguma delegacia ou em juízo os crimes atribuídos a ela, Vilma mora no bairro Itanhangá, em Goiânia, com Roberta.

Pedro mudou-se para a casa dos pais biológicos, Jayro Tapajós e Maria Auxiliadora Braule Pinto, em 2003. Formado em direito no UniCeub, advogado de um famoso escritório de Brasília, Pedro está casado e tem um filho, João Pedro, de 3 anos. Os três moram em um apartamento da Asa Norte.

Em março do ano passado, o jornalista Renato Alves, do Correio Braziliense, lançou o livrorreportagem O Caso Pedrinho, nas versões impressa e digital, pela Geração Editorial. Trabalhando no jornal desde 2000, ele foi o principal repórter da cobertura do caso.

Também em 2015, o canal de TV norte-americano A, exibiu o Caso Pedrinho em um dos 13 episódios da segunda temporada da série Desaparecidos. Os documentaristas se basearam na reportagens do Correio e na obra O Caso Pedrinho.

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