Cidades

Polícia Civil confirma os primeiros casos de estupro virtual no DF

Homem de 23 anos foi preso na semana passada em investigação de extorsão por meio de redes sociais. Computador do suspeito tinha milhares de fotos e vídeos íntimos das vítimas

Jacqueline Saraiva, Mayara Subtil - Especial para o Correio
postado em 11/09/2017 11:06
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Além da extorsão contra mulheres e adolescentes, o estudante de psicologia preso pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), na terça-feira (5/9), é investigado por dois estupros virtuais. De acordo com a investigação, o criminoso vai responder pelo crime em razão do constrangimento e das ameaças feitas para que as vítimas, duas adolescentes, tirassem a roupa na frente de uma webcam. São os dois primeiros casos do tipo no DF. O primeiro estupro virtual de que se tem registro ocorreu no Piauí e o suspeito já está condenado. No total, cinco vítimas registraram ocorrência na capital, três mulheres e duas adolescentes. As idades das adolescentes não foram confirmadas.

[SAIBAMAIS]O estudante foi encontrado pela polícia na casa onde mora com os pais, em Parnamirim, na Região Metropolitana de Natal (RN). A delegada Sandra Melo, da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), destacou a frieza do suspeito tanto com as vítimas quanto com a polícia. Ao ser preso, ele chegou a debochar da ação dos agentes falando: "Vocês demoraram, hein?". Ele foi trazido para Brasília em uma operação de busca e apreensão, por conta das ocorrências registradas aqui, por três mulheres e duas adolescentes. A prisão, em caráter temporário, é de até 30 dias.
De acordo com a delegada Sandra Melo, os crimes seguiam sempre o mesmo padrão. O homem se apresentava às vítimas como mulher. Para isso usava vários codinomes, como Gabriela, Gabrielle ou Gabi, e vários perfis nas redes sociais. Às duas adolescentes, ele disse inclusive que tinha menos de 18 anos, para ajudar a ganhar a confiança delas. Depois disso, ele fazia propostas de troca de vídeos e fotos íntimas e, quando conseguia o material, se revela como homem e passava a extorquir as vítimas, além de exigir condutas sexuais das vítimas sob a ameaça de divulgar o material, o que caracterizou o estupro virtual. Em um dos áudios, ouvidos pelos agentes, uma das vítimas implorou para que ele parasse com as ameaças. "Ela pedia: ;Pare pelo amor de Deus;", relatou a delegada.
Segundo o depoimento do criminoso, ele teria confirmado que recebeu dinheiro de três vítimas, com valores entre R$ 300 e R$ 1.500. As cobranças em dinheiro, segundo ele, teriam começado só em maio deste ano, mas a polícia acredita que outras pessoas também tenham dado dinheiro a ele em troca da não divulgação de fotos. "Ele disse que este ano teria visto que poderia ganhar dinheiro com isso. Mas desconfiamos que não sejam só essas três vítimas."

Vítimas pelo país

O total de vítimas em todo o país também é uma incógnita para a polícia. De acordo com a investigação, cada vítima enviava cerca de sete arquivos e, como no computador dele foram encontrados mais de 10 mil arquivos, há a possibilidade de que ao menos mil pessoas tenham sido vítimas do golpista nos últimos seis meses, última vez em que ele apagou dados do computador para armazenar novas fotos.
Vindo de uma família de classe média em Parnamirim, o jovem é visto pelos familiares como extremamente anti-social e quieto. Segundo relatos de parentes, ele chegava a ficar até dois dias trancado no quarto. Mas a família ficou surpresa ao saber do caso. "Eles ficaram transtornados. Era estudante de psicologia e isso surpreende", contou Sandra Melo. A delegada o definiu como vaidoso e de uma frieza inacreditável.

Pena

O suspeito deve responder por extorsão, onde a pena varia entre 4 a 10 anos de prisão; lavagem de dinheiro, que vai de 13 a 10 anos de prisão; estupro de menor de 18 anos e maior de 14 anos, que varia de 8 a 12 anos de prisão; e armazenamento de arquivos e pornografia, que varia de 1 a 4 anos de prisão.

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