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Após quatro meses de seca, chuva cai em algumas regiões do Distrito Federal

Brasília estava na seca havia 123 dias, em meio a uma crise hídrica sem precedentes. Meteorologistas afirmam que há tendência de chuvas em volume maior a partir de 30 de setembro. Reservatórios seguem em queda

Jacqueline Saraiva
postado em 22/09/2017 14:05
Para-brisa de carro molhado
A tão esperada nebulosidade chegou tímida ao céu de Brasília ao longo da noite dessa quinta-feira (21/9) e da madrugada de sexta-feira (22/9). Mas vários brasilienses que transitavam pelas ruas na noite de ontem já percebiam a mudança na temperatura, com um vento mais úmido. O resultado foi o que já era esperado ao longo da semana: após um "jejum" de 123 dias sem chuva, os brasilienses acompanharam a chegada de precipitações, que caem em alguns pontos da capital federal nesta tarde.
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Os meteorologistas do Inmet previam para ontem uma chance pequena, de 30%, de chuva e ela acabou não vindo. Por volta das 8h de hoje, moradores de regiões como Taguatinga e Asa Norte começaram a registrar chuviscos. Em outros lugares, como Vicente Pires e Águas Claras, moradores relataram apenas céu nublado e um vento um pouco mais frio. Pouco depois do meio-dia, moradores do Grande Colorado, em Sobradinho, comemoraram a chuva. Segundo a meteorologista consultora do Inmet, Ingrid Peixoto, houve registro de precipitações tambérm no Sudoeste, Lago Norte, Varjão, Taguatinga, Vicente Pires, no Núcleo Rural Rajadinha, em algumas regiões da parte Leste do Distrito Federal, além de cidades do Entorno.
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Fim da seca?

O Inmet alerta que a população do DF não deve alimentar esperanças de chuva em abundância, já que é ;pouco provável; que a seca chegue ao fim nos próximos dias. "Mesmo com esses 30% e 40% (de chances de chuva), não deve chover muito esta semana. É muito provável que as precipitações cheguem apenas com mais força na semana que vem", afirmou o meteorologista Mamedes Luiz Melo. De acordo com o instituto, a chuva deve cair apenas hoje. No fim de semana, o tempo será marcado pelo calor e por céu claro.

O amanhecer deste sábado (23/9) será com tempo mais fechado e bastante nebulosidade. Com a chegada do Sol, a tendência é que as nuvens se dissipem e predomine o calor. No domingo (24/9), a situação será inversa. ;Teremos sol predominante de manhã e à tarde o céu volta a ficar nublado;, explica a meteorologista consultora Ingrid Peixoto.

[SAIBAMAIS]Os meteorologistas explicam que as nuvens devem cobrir o céu de Brasília nesses períodos podem até não carregar chuva em quantidade suficiente para dar algum alívio à seca. No entanto, eles ressaltam que a nebulosidade ao menos ajuda a manter a umidade relativa do ar e amenizar a evaporação dos reservatórios.

Na próxima semana, a passagem de uma frente fria vinda do oceano, que chega pela região Sul do país, aliada com a umidade vinda da Amazônia, deve trazer chuva em volume considerável. Os registros meteorológicos, segundo Ingrid Peixoto, indicam uma tendência de um volume maior de chuvas a partir de 30 de setembro até 8 de outubro. Ela ressalta que, a partir do dia 27, o DF já começa a perceber a mudança de padrão do tempo.
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Reservatórios em queda

A população segue apreensiva quanto ao abastecimento de água no Distrito Federal. O reservatório de Santa Maria atingiu, na quarta-feira (20/9), o nível mais baixo de sua história: 31,7%. O do Descoberto, por sua vez, fechou o dia com 20,9%. O pior registro para ele foi 18,85%, verificado em 13 de janeiro deste ano. O superintendente de Recursos Hídricos da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do DF (Adasa), Rafael Mello, ressaltou a importância de os brasilienses continuarem economizando água para evitar que o racionamento seja intensificado. "Em setembro do ano passado, o reservatório de Santa Maria estava com um nível em torno de 40%. É uma diferença grande. A população tem colaborado e esperamos que continue para que não tenhamos que aumentar as restrições", afirmou.

Ainda que as chuvas se iniciem em setembro, o aumento no nível dos reservatórios de Santa Maria e do Descoberto só deve começar a ser sentido a partir de novembro, segundo a Adasa. Pela série histórica, não são esperados grandes volumes de chuva, ainda que as precipitações voltem a cair em setembro e outubro. Neste período, a população deve perceber apenas a diminuição no ritmo de queda dos níveis de água.

Não há ainda, segundo a agência, como precisar por quanto tempo seria necessário chover em Brasília para que os reservatórios comecem a melhorar. De acordo com a Adasa, o balanço hídrico é baseado principalmente na vazão dos rios, que têm resposta indireta às chuvas que caem nas bacias. ;Além do escoamento superficial, também há a infiltração da precipitação no solo, garantindo vazão de água durante a seca;, afirma. Caso haja a manutenção das vazões médias históricas durante o período chuvoso, ocorrerá o vertimento do reservatório, processo no qual se inicia o aumento dos níveis de água. ;Mas não é possível, por ora, estabelecer o valor de chuva, em milímetros, que garantirá a manutenção dessas vazões.;

Primavera com mais calor

A primavera começa às 17h02 de hoje com previsão de temperaturas acima da média histórica. Segundo os meteorologistas do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (Cptec/Inpe), a tendência é de que a estação das flores tenha calor, principalmente entre setembro e o começo de outubro. A chegada da nova estação traz uma mudança no regime de chuvas e temperaturas na maior parte do Brasil. De acordo com o Cptec/Inpe, as chuvas passarão a ser mais intensas e frequentes nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, marcando o período de transição entre a estação seca e a estação chuvosa.

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