Cidades

Advogados de investigados por fraude com moeda virtual deixam o caso

Os clientes eram fundadores e funcionários da empresa Wall Street Corporate e estariam envolvidos em um esquema de fraude com a moeda virtual conhecida como Kriptacoin

Jéssica Eufrásio*
postado em 27/09/2017 18:14

Operação Patrick foi deflagrada pelo MP e pela Polícia Civil na Última quinta (21)

Contratado para defender os presos e os investigados na Operação Patrick, o escritório Todde Advogados & Consultores Associados abriu mão da representação do caso. Entre os clientes da empresa, havia fundadores e funcionários da Wall Street Corporate, supostamente envolvida em um esquema de fraude com a moeda virtual conhecida como Kriptacoin. Os donos da organização teriam desenvolvido um sistema de pirâmide capaz de ter prejudicado mais de 40 mil investidores. Suspeita-se que o grupo lucrou cerca de R$ 250 milhões.

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O escritório não explicou o motivo para ter deixado o caso. Mas o Correio apurou que a razão para o cancelamento do contrato envolveu quebra de fidúcia, representada pela prestação de informações falsas ou não condizentes com a realidade por parte da Wall Street. O fato culminou na impossibilidade de permanência da representação por perda de confiança.

Os representados têm 10 dias para encontrar novos defensores. Até lá, os suspeitos de envolvimento no esquema continuarão sendo atendidos pelo escritório. Ontem, a Todde Advogados divulgou nota, na qual alegou ter renunciado ao ;patrocínio das defesas; e às ;representações de qualquer natureza dos envolvidos na Operação Patrick;. A equipe de advogados prestou depoimento no Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) para anunciar oficialmente a desistência.

Sócio-fundador do escritório, o advogado João Paulo Todde disse que os clientes foram avisados a respeito da decisão antes de o caso ser comunicado à Justiça e que o grupo não pode dar mais detalhes em relação ao processo. ;Nós apresentamos ao MPDFT e à magistrada que analisa o caso uma comunicação formal, dizendo que não conduziremos mais a defesa dos envolvidos nem da empresa. O que podemos confirmar é que houve a rescisão contratual de todos os vínculos profissionais com os representados;, disse.

Sobre a suspeita de ter colaborado na transferência de uma Lamborghini sob a guarda de Weverton Viana Marinho, considerado o líder da organização, João Paulo esclareceu que o veículo de luxo havia sido deixado no estacionamento da empresa de advocacia. Isso aconteceu durante um evento social, no qual Weverton ficou embriagado e preferiu não assumir o volante. ;O carro que ficou no estacionamento do escritório era da empresa All Motors, localizada em Goiânia, e utilizado por Weverton para merchandising da Kriptacoin. O veículo foi retirado após a operação da Polícia Civil, e registramos todo o processo, realizado pelo meu sócio e pelo motorista da All Motors para comprovar a entrega;, justificou.

[SAIBAMAIS]João Paulo Todde também negou a existência de reunião com executivos da Wall Street Corporate para negociação de lucros obtidos com a moeda virtual. Ele afirma que a cláusula não estava prevista no contrato, sob sigilo. Por fim, o advogado confirmou a tentativa de compra do jato vendido por Weverton no valor de R$ 3,5 milhões. Segundo João Paulo, Weverton queria vender a aeronave para ampliar a empresa. A venda seria realizada por metade do valor pedido pelo dono da Wall Street Corporate. Entretanto, João Paulo alega ter desistido do negócio depois de não ter recebido o contrato de venda.

O MPDFT informou que a investigação segue em sigilo. O titular da Coordenação de Repressão aos Crimes contra o Consumidor, a Ordem Tributária e a Fraudes (Corf), Wisllei Salomão, confirmou que um dos donos da Wall Street usou dinheiro do esquema para comprar um jato avaliado em cerca de R$ 3,5 milhões. Segundo ele, a compra consta nos autos. ;Ao menos por enquanto, não há pedido na Justiça para apreensão da aeronave.;, comentou.

* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer

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