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Vídeo: sem água, racionamento no DF pode aumentar para dois dias

A falta de chuvas e a diminuição dos níveis dos reservatórios fazem com que aumente a possibilidade de o racionamento ser revisto no Distrito Federal. Governo pede a colaboração do brasiliense para a redução no consumo

Isa Stacciarini
postado em 16/10/2017 06:00
O restaurante de Luciene Suares, no Varjão, tem uma caixa-d'água de 500 litros, mas falta para lavar a louça e os banheiros do estabelecimento
Com a diminuição da oferta de água para distribuir à população, o racionamento tem chance de ser ampliado. Hoje, a interrupção do fornecimento de água dura um dia, com 48 horas de estabilização. Se o corte for ampliado, os moradores ficarão dois dias com a torneira seca e o mesmo tempo para ter o sistema completamente restabelecido. Para evitar o endurecimento da medida (leia Para Saber Mais), são necessários três pontos: a redução no consumo, o aumento da afluência dos reservatórios e a colaboração dos produtores rurais.

;A água não está chegando como deveria nos reservatórios não só por causa da seca, mas também pelos outros usos da bacia. Precisamos de uma união total de todos;, destaca o presidente da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), Maurício Luduvice. Outras medidas também têm sido tomadas, como o rodízio nas cidades abastecidas por córregos. Por causa da vazão nos rios, a Caesb faz cortes sucessivos nas regiões norte e sul da cidade, como Planaltina, Sobradinho 1 e 2, Mestre D;Armas, Vale do Amanhecer e Brazlândia.

Luduvice explica que, no Rio Pipiripau, principal manancial da parte norte do DF, a Caesb não tem conseguido captar mais do que 200 litros por segundo, mesmo com outorga para a retirada de 400 litros. ;Com isso, somos obrigados a fazer rodízio para não prejudicar ainda mais a população. Nesses casos, os moradores reclamam, mas é fundamental que eles tenham uma caixa-d;água;, esclarece.

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Para poupar o principal reservatório do Distrito Federal, o Descoberto, a Caesb aumentou a transferência do sistema Santa Maria/Torto para algumas áreas antes abastecidas pelo primeiro. A medida começou em agosto por Guará 1 e 2 e foi ampliada, gradualmente, esta semana para as regiões da Expansão do Guará, da Colônia Agrícola Águas Claras e do Setor Habitacional Lucio Costa. ;Parte da água fica no sistema Santa Maria, e o restante é transferido para o Descoberto;, explica o presidente da Caesb.

Ontem, o Descoberto registrou o menor índice hídrico da história, de 12,1%, e o Santa Maria/Torto estava em 26,3%. A previsão é de que a curva do Descoberto chegue a 9% até 31 de outubro, mas a queda diária e a escassez de chuva são preocupantes. ;Esperamos que a chuva ainda caia em outubro. Mesmo assim, é fundamental que as pessoas entendam a gravidade e a situação delicada que estamos vivendo;, ressalta Luduvice.


Consequências

Antes, a Caesb poderia captar 3,8 metros cúbicos de água do Sistema Descoberto, mas, com a redução do nível de água, a Adasa diminuiu a autorização para 3,1m;. A alternativa da Caesb são as novas captações, como a do subsistema de captação do Lago Paranoá, que começou com um volume inicial de 0,4 m; para ser aumentado até 0,7m;. A estrutura abastecerá Lago Norte, Paranoá, Itapoã e Taquari, atualmente assistidas pelo reservatório de Santa Maria.
[SAIBAMAIS]Por e-mail, a Caesb informa que, durante a vigência do limite estabelecido de 3,8m; por segundo, ;a companhia sempre manteve a captação de água abaixo desse valor, o que fez com que os níveis dos reservatórios ficassem acima do mínimo estabelecido pela curva de referência;. Destaca, ainda, que ;vai cumprir os novos limites estabelecidos e, para isso, conta com o reforço das novas captações que estão entrando em funcionamento e também com o apoio da população, reduzindo consumo e desperdícios;.


Segundo a professora do Departamento de Geografia da Universidade de Brasília (UnB) Marília Peluso, é necessário que as pessoas pensem a longo prazo, pois o Distrito Federal pode sofrer as consequências. ;A conscientização precisa ser frisada a cada dia para que as pessoas se deem conta do tamanho do problema. A água precisa ser cuidada no momento de falta e, também, depois;, ressaltou.


Uso racional

No lote multifamiliar da dona de casa Maria das Dores de Siqueira, 48 anos, moram seis pessoas. Sem caixa-d;água, ela faz a reserva, nos dias de racionamento, em panelas, baldes e vasilhas. O filho, que mora no imóvel ao lado, separa uma quantidade maior, porque usa o tanquinho de lavar roupa. Mas, na sexta-feira, dia de corte no Varjão, dona Maria não se programou, porque, doente, só chegou do hospital de madrugada. ;Agora, é ter paciência e esperar a água voltar. Mas, mesmo nos dias normais, a gente economiza no uso. Eu mesmo tomo banho com uma bacia no chão para reutilizar a água para outras coisas, como lavar o chão;, explica.

A família do aposentado Voneli Olímpio de Oliveira, 68, tem caixa-d;água com capacidade para 500 litros, mas acaba não sendo suficiente. Morador do Riacho Fundo 2, ele também espera o restabelecimento com baldes, bacias e panelas cheios. ;A gente acaba priorizando outras coisas, como tomar banho. As louças ficam sujas. Realmente, a gente faz o que dá;, lamenta. Mas a consciência do uso racional da água faz parte da rotina da família. A água da máquina de lavar também é usada para lavar a garagem.
O aposentado Voneli de Oliveira, do Riacho Fundo 2, recorre a baldes, bacias e panelas para garantir o abastecimento da casa

Para saber mais

Situação crítica

A ampliação do racionamento é prevista desde novembro. Na resolução da Adasa que autorizava o início do rodízio, um artigo decretava que o período de interrupção poderia ser ampliado, progressivamente, caso ocorresse agravamento na situação de escassez hídrica dos reservatórios. Só neste mês, o Descoberto caiu 2,9 pontos percentuais. Para deixar a situação mais crítica, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê menos chuvas no último trimestre de 2017 do que o registrado na média histórica do Distrito Federal.


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