Cidades

Gaeco investiga se Bispo Renato recebeu R$ 200 mil de propina

O dinheiro teria relação com propina paga em esquema de liberação de sobras orçamentárias

Ana Viriato
postado em 21/10/2017 08:00
Defesa do distrital classificou o trabalho investigativo como
Responsável pela Operação Drácon, que desvendou um esquema de liberação de sobras orçamentárias por meio de emendas parlamentares em troca de propina, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) atuará também na investigação do distrital Bispo Renato Andrade (PR). O parlamentar, réu por corrupção passiva devido à suposta participação no conchavo, agora é suspeito de ter cometido os crimes de lavagem de dinheiro e ocultação de capitais. Segundo o inquérito, há indícios de que o deputado tentou esconder R$ 200 mil, recebidos ilegalmente, na residência de um funcionário comissionado de seu gabinete na Câmara Legislativa.

A participação do Gaeco, vinculado ao Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), nas investigações deve ser oficializada nos próximos dias. Os promotores requisitaram permissão à Procuradoria-Geral de Justiça do DF para ingressar no caso por acreditarem que as informações obtidas podem reforçar o embasamento do processo que tramita no Conselho Especial do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT) contra os distritais Celina Leão (PPS), Cristiano Araújo (PSD), Julio Cesar (PRB) e Raimundo Ribeiro (PPS), além de Bispo Renato. As provas poderão ser utilizadas, ainda, na ação que se encontra em 1; instância contra o ex-secretário-geral da Câmara Legislativa Valério Neves, o ex-comissionado ligado ao parlamentar Alexandre Braga Cerqueira e o ex-diretor do Fundo de Saúde do DF Ricardo Cardoso.

[SAIBAMAIS]A Delegacia de Combate aos Crimes contra a Administração Pública (Decap), que também atuou na Drácon, abriu o inquérito para investigar o caso em 22 de setembro, a pedido da Procuradoria-Geral, após a Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos (DRF) prender cinco ladrões em flagrante durante roubo à casa de Márcio Xavier do Nascimento, assessor de Bispo Renato Andrade. Ao prestarem depoimento, os suspeitos contaram que pretendiam roubar R$ 200 mil em espécie. A suspeita é de que, com medo de operações com o cumprimento de busca e apreensão, o distrital teria escondido o dinheiro na casa do comissionado.

Segundo o depoimento, os criminosos souberam da existência do montante por intermédio de um motorista do distrital, identificado como Eriquisson Cláudio da Silva Soares. O parlamentar o exonerou em 8 de junho, seis dias depois dos depoimentos registrados na DRF. Devido às acusações, o ex-comissionado de Bispo Renato estava preso preventivamente desde então, mas teve o alvará de soltura expedido no último dia 11, com pagamento de fiança e a condição de se apresentar a todas as convocações do processo, além de não se ausentar do DF por mais de oito dias sem comunicar à Justiça.

Propina

Após o recebimento do conteúdo por meio da DRF, o titular da Decap, o delegado Jonas Bessa de Paula, requisitou cópia integral do inquérito civil público que trata da emenda parlamentar para empresas de saúde, em curso na Promotoria de Defesa dos Serviços de Saúde, sob a responsabilidade do promotor Jairo Bisol. O objetivo é avaliar possível relação entre a investigação sobre a suposta ocultação dos R$ 200 mil e a Drácon.

Réu por corrupção passiva, Bispo Renato Andrade ainda é alvo de uma ação de improbidade administrativa devido ao suposto envolvimento no esquema investigado pela Drácon. No último dia 11, a 7; Vara da Fazenda Pública do DF deu prazo de 15 dias para que os denunciados apresentem defesa prévia, antes da decisão sobre o recebimento da inicial.

Em nota, o advogado do distrital, Bernardo Fenelon, alegou que ;qualquer investigação nesse sentido é um absurdo, na medida em que nada mais é que o desperdício de tempo e dinheiro público;. ;O mínimo que se espera do Ministério Público local é a atuação para esclarecer os fatos e não permitir a exposição desnecessária de um parlamentar;, acrescenta.

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