Cidades

Emoção e revolta em velório de pai e filho assassinados no Jardim Botânico

"Percebi que ele ainda estava quente. Dizia 'volta, por favor!', mas não adiantou". O desabafo é do irmão de Anderson Ferreira, funcionário da Presidência e tio de Rafael Ferreira, filho do servidor. Ambos foram assassinados pelo vizinho, no sábado, e são velados na tarde deste domingo no Cemitério Campo da Esperança

Mayara Subtil - Especial para o Correio
postado em 10/12/2017 14:25
Anderson Ferreira e o filho Rafael Ferreira, mortos no Jardim Botânico
Em meio a lágrimas e pedidos por justiça, familiares e amigos de Anderson Ferreira de Aguiar, 49 anos, e Rafael Ferreira, 21, prestam uma última homenagem às vítimas do brutal assassinato da última sexta-feira (8/12). Os corpos estão sendo velados na capela 10, do Cemitério Campo da Esperança, na tarde deste domingo (10/12). Pai e filho foram mortos pelo vizinho, Roney Sereno, 43 anos, na porta de casa, no Condomínio Estância Quintas da Alvorada.

[SAIBAMAIS]O sepultamento de Anderson Ferreira está previsto para começar às 16h30. Já o de Rafael, às 17h. Anderson, que era funcionário da Presidência da República, e Rafael foram mortos pelo vizinho Roney Ramalho, 43 anos. O crime aconteceu no Condomínio Estância Quintas da Alvorada, as 23h45. O motivo, segundo testemunhas, é a antiga rixa entre eles, principalmente por conta de uma lixeira é uma câmera instalada na casa do acusado, que filmava toda a varanda da família das vítimas.

Durante o velório, a esposa da vítima, Ana Karina Ferreira, fez questão de relatar ao Correio detalhes sobre a família e a convivência com Roney. Bastante emocionada e com um terço enrolado na mão esquerda, ela diz que já recebeu ameaças do acusado. "Ele (Roney) foi calculista. Estava de tocaia para assassinar meu marido e meu filho. Deu cinco tiros nas costas do Anderson. Rafael foi ajudar o pai e ele aproveitou para disparar mais dois tiros na cabeça dele", relatou.

Para Ana Karina, Roney não pode sair da cadeia. "Tenho mais dois filhos e todos nós estamos sob ameaça. Se esse cara sair, nós estaremos em alto risco de vida. Meu marido e meu filho eram pessoas dignas, de bem. Rafael nunca fumou, nunca usou drogas e estudava para cursar veterinária. Já tinha conseguido bolsa de 60% em uma faculdade. Meu marido sempre foi um homem íntegro. A Justiça precisa ser feita;, desabafa.

No cemitério, o irmão de Anderson, Emerson Ferreira, 43 anos, se culpa pela morte trágica da vítima. "Se eu tivesse chegado poucos minutos antes, nada disso teria acontecido. Vi a Karina (esposa) desesperada levando Rafael ao Hospital de Base;, explicou, também emocionado.

Emerson chegou a ver o irmão morto minutos após os disparos. A atitude dele foi de tentar sacudir o corpo de Anderson, na esperança de trazê-lo de volta. "Percebi que ele ainda estava quente. Dizia ;volta, por favor!', mas nada adiantou", detalha.

Assim como Ana Karina, Emerson quer que a Justiça seja feita. "A morte para esse assassino seria pouco. Quero que ele passe o resto da vida na cadeia comendo o pão que o diabo amassou. Ele não será perdoado por mim, mas por Deus. Ele não é louco, é calculista", disse.

Caso

Na nopite da última sexta-feira (8/12), Roney sacou uma arma e disparou contra Rafael Macedo de Aguiar, 21 anos, e Anderson Ferreira de Aguiar, 49 anos. O atirador foi preso em flagrante por uma equipe do Grupo Tático Operacional 41 (Gtop 41), da Polícia Militar, e encaminhado para a 6; Delegacia de Polícia (Paranoá).
O assassino trabalha como segurança no Ministério Público Federal (MPF) e é membro da Federação Brasiliense de Tiro Esportivo (FBTE). Anderson Ferreira trabalhava na Presidência da República há 25 anos. O funcionário morreu na hora.
Rafael Macedo chegou a ser socorrido pelo Corpo de Bombeiros e encaminhado ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). Porém, não resistiu aos ferimentos e faleceu, às 5h30. Segundo informações de amigos próximos à família, Rafael era o filho mais velho. Ele e o pai estavam saindo de casa para abastecer o carro quando foram atacados pelo vizinho.

Arsenal
Na casa de Roney, a Polícia Militar encontrou armas e mais de 30 mil munições.
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