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Em entrevista, Rollemberg aponta desafios para 2018: saúde e fake news

Rollemberg acredita que terá condições de debater com os adversários que tentam ocupar o Palácio do Buriti a partir de 2019

Ana Viriato, Ana Maria Campos, Denise Rothenburg, Ana Dubeux
postado em 24/12/2017 08:00
Rollemberg:
O ano de 2018 já chegou para Rodrigo Rollemberg (PSB). O governador do Distrito Federal não admite ainda a candidatura à reeleição, coisa que ocorrerá certamente no momento que a Justiça Eleitoral permitir, mas ele já fala abertamente sobre o momento político em que prestará contas à população durante a próxima campanha. Muito mais tranquilo do que há dois anos, quando perdia noites de sono com o fantasma do atraso de salários, dos riscos do enquadramento de sua gestão nos efeitos da Lei de Responsabilidade Fiscal e da falta de recursos para honrar compromissos, Rollemberg acredita que terá condições de debater com os adversários que tentam ocupar o Palácio do Buriti a partir de 2019.

Com números na ponta da língua, sustenta que seu governo vai deixar um feito histórico de regularizações fundiárias, por conta da entrega de mais de 63 mil escrituras. Ele cita ainda a desativação do Lixão da Estrutural, o equilíbrio fiscal, a austeridade e a honestidade como marcos. A saúde, aposta, será o grande desafio para 2018, principalmente com o início do funcionamento do Instituto Hospital de Base, um novo modelo de gestão, a ser testado a partir de janeiro. Nos próximos dias, ele anunciará a contratação de 747 novos servidores, sendo 392 na saúde.


Rollemberg, no entanto, sabe que não conquistará um novo mandato facilmente. Um dos principais inimigos será a militância virtual, composta, muitas vezes, por robôs, nas redes sociais, com mentiras que contaminam a imagem pessoal e do governo disseminadas na internet. ;Dá até para imaginar que existem centrais de fake news;, aponta o governador. Ele garante que vai enfrentar esse fenômeno, que influenciou as eleições nos Estados Unidos, com a verdade ou com a justiça, como tem feito com as inserções partidárias que o atacam.

Mas adversários também existem no mundo real. Grande parte é alimentada por sindicatos e pelo funcionalismo público atingido pela suspensão de reajustes salariais. Nesta entrevista, ele mostra que não pretende aumentar os contracheques de servidores, e o reajuste da Polícia Civil depende de liberação de recursos federais. Mais uma vez, Rollemberg afirma que o debate de realizações em benefício da coletividade vai vencer o embate. O tempo vai mostrar se o otimismo vai se refletir nas urnas.


Por conta de uma liminar do ministro Lewandowski, o governo federal terá de conceder reajustes que estavam congelados. No GDF vai ter aumento de servidor no próximo ano?

A situação da União é completamente diferente da do DF. A União tem uma maquininha de fazer dinheiro. No DF, isso não existe e hoje já temos um comprometimento de 77% do orçamento com pagamento de folha. A partir de esforço grande e equilibramos as contas, vamos garantir o pagamento dos salários em dia, o custeio da máquina, a compra de medicamentos, a limpeza pública, o transporte público... Neste momento, falar em aumento seria muito precipitado.

O líder do governo na Câmara, Agaciel Maia, negocia reajuste do salário dos policiais civis em 14%, com aumento da jornada de trabalho em uma hora. O senhor vai apresentar essa proposta?

Como você mesmo explicou, isso não é aumento de salário. Hoje temos a necessidade de contratação de policiais civis. O que se buscou é a possibilidade em que, aumentando a jornada de trabalho, fazer o aumento equivalente. Mas, para isso, há necessidade de recursos novos. Com o orçamento que nós temos hoje disponível no DF, não é possível fazer isso. A proposta que levei ao ministro do Planejamento foi eles repassarem para a gente os recursos que eles estão retendo do superavit do Fundo Constitucional ao longo dos anos e, com isso, poderemos avaliar a possibilidade de fazer esse reajuste, com o aumento da carga horária.

A conjuntura político-eleitoral pode atrapalhar a negociação, á que o senhor não é um aliado do presidente Temer?

De minha parte, não. Tenho tratado as questões de forma republicana, de forma institucional, colocando sempre os assuntos de Brasília acima de qualquer interesse particular, partidário.

O fato de o ex-vice-governador Tadeu Filippelli ser um aliado do presidente Temer e um crítico contumaz de seu governo pode atrapalhar essa negociação com a Polícia Civil?

Não acredito que o presidente vá se contaminar por isso, mas certamente será uma boa oportunidade para a população julgar as contribuições que cada um deu à frente do governo de Brasília. Estou muito tranquilo para enfrentar esse debate no momento adequado.

O presidente Temer começa uma ampla negociação para aprovar a Reforma da Previdência. O senhor vai ajudar nesse processo?

Posso dizer que ajudei muito o Brasil na construção de uma agenda positiva através do Fórum de Governadores, que foi uma iniciativa minha e que coordenei ao longo dos dois anos de existência. Tivemos resultados muito positivos que colocaram os estados numa situação muito melhor que estavam no início de 2015. Em relação ao tema da previdência, o meu partido tomou uma posição contrária a essa proposta de reforma.


Entre os nomes que se apresentam até agora, quem, na sua opinião, vai mesmo disputar contra a sua reeleição e quem é o mais forte?

Adversário a gente não escolhe. A oposição tem que se entender e identificar quem é o candidato. Tenho muita tranquilidade para participar desse processo eleitoral, de debate que possa discutir a cidade, porque sei como encontrei Brasília e a população também sabe. Recebi uma cidade praticamente destruída, tínhamos R$ 6,5 bilhões de dívidas, os servidores estavam com os salários atrasados. Havia uma série de dificuldades que enfrentamos. O nosso governo é reconhecidamente sério, austero, correto e equilibrou as contas num momento de muita dificuldade do país.

Quando a Câmara Legislativa rejeitou o crédito de R$ 1,2 bilhão no orçamento de 2018, o governo do DF divulgou uma nota dizendo que havia ali ;interesses eleitorais inconfessáveis;. De quem são?

Não vou fulanizar essa questão. O fato é o seguinte: o processo de elaboração do orçamento começou, não cabe mais encaminhar mensagem com projeto de lei. O que tradicionalmente se faz? Isso já aconteceu outras vezes na Câmara e no Congresso. A Secretaria de Planejamento encaminha uma solicitação ao relator-geral do orçamento para que incorpore aquilo como emenda de relator. Foi o que ocorreu. Os recursos estavam previstos para áreas fundamentais, educação, saúde, concurso. Qual foi a reação dos deputados? Não votar. Será que não foi para criar dificuldades para o governo em ano de eleição?

Ainda há muito a ser feito em 2018. Vemos que a Câmara Legislativa é um ambiente hostil. Isso pode atrapalhar o desempenho do governo?

A relação com a Câmara pode melhorar o governo ou criar dificuldades. Nesses três anos, apesar das turbulências, conquistamos vitórias significativas, com o apoio de parte dos deputados. Por exemplo: o Refis, o Instituto Hospital de Base, a reestruturação da Previdência. Todas as proposições foram apresentadas para que o governo equilibrasse as contas e chegasse ao final do terceiro ano com os serviços funcionando bem. A população está muito vigilante. Os eleitores estão acompanhando e saberão julgar aqueles que estão contribuindo ou não.

O deputado Joe Valle a chegou a chamá-lo de moleque e dizer que, se o senhor quisesse fazer ;da Câmara Legislativa um puxadinho do Buriti, teria de ter competência para eleger o presidente;. Esse posicionamento é eleitoral?

Nunca considerei a Câmara um puxadinho. Tenho grande respeito pela Casa. Até porque fui deputado distrital. Mas nunca vi, em toda a história do Parlamento, o Legislativo amputar parte do orçamento. Em todos os lugares, mesmo com as oposições mais ferrenhas, a LOA, que é um interesse da cidade, sempre esteve acima das disputas políticas. Mas continuo tendo o maior respeito.


Na campanha de 2014, o senhor disse que faria uma nova política, estabelecendo novas relações com os deputados. Mas o senhor dividiu o governo e entregou cargos para que deputados o apoiassem. Não tem jeito de fazer diferente?

Acho que, nas circunstâncias em que estamos, nova política é fazer um governo honesto, com responsabilidade fiscal. Essas são duas características reconhecidas do nosso governo. Nas circunstâncias em que pegamos o Buriti, não havia como governar sem ter essa composição com os parlamentares. Agora, com as contas equilibradas, pode haver um ambiente diferente.

Ou seja, não dá para fugir do toma lá, da cá?

Não diria isso. Diria que não dá para fugir de composições políticas que permitam ter os votos necessários para aprovar medidas importantes.

Alguns de seus adversários foram abatidos em denúncias de corrupção. Essa configuração deixa a reeleição mais fácil?

O maior desafio de quem for disputar a eleição não serão os adversários, com todo o respeito a todos os adversários, porque jamais menosprezaria qualquer concorrente. Mas o grande desafio é resgatar a esperança da população, que está muito machucada e desacreditada na política. O grande desafio é acender essa chama e mostrar que a política pode ser um instrumento para mudar vidas.

E como o senhor pretende fazer isso? Há pré-candidatos que adotarão o discurso da novidade e esperança.

Com muita sinceridade. A população quer ver cada vez mais, de todos nós políticos, sinceridade e realismo. Então, quando você contextualiza a situação em que pegou o governo, as medidas que precisaram ser tomadas e o resultado final, há um diferencial. Por exemplo, tenho muita convicção de que a população do Sol Nascente, Porto Rico e Buritizinho terão noção da significância da nossa gestão. Os que forem atendidos no Hospital da Criança, que usufruírem das orlas do Lago Paranoá e as dezenas de famílias que ganharam suas escrituras reconhecerão a atuação do governo.
[SAIBAMAIS]

A atuação da Agefis tem um peso positivo em relação à regularização undiária. Mas seus adversários usam o apelo da derrubada de casa de pobres. Como vai trabalhar essa questão?

Quando decidi governar o DF, deixei claro para mim que os interesses da cidade e das futuras gerações deveriam estar à frente de qualquer outra coisa. Brasília tem sofrido com ocupações desordenadas, com a apropriação indébita do território público. Isso precisava ser combatido. A consequência política será vista na eleição, porque certamente o tema vai ser explorado e algumas pessoas vão se sentir prejudicadas pelas ações. Por outro lado, pessoas que têm visão de futuro nos apoiarão. Por exemplo, parte da crise hídrica se deve a ocupações irregulares. O compromisso com o futuro da cidade é que me faz tomar decisões como essa.

Qual foi o seu principal legado até agora?

Digo com muita humildade que deixaremos legados importantes para a cidade. A desobstrução da orla do Lago Paranoá tem um efeito simbólico imenso. É a democratização do lago, a democratização de Brasília. Ninguém acreditava que o governo levaria essa empreitada até o fim e vamos entregar a orla totalmente desocupada em janeiro. A desativação do Lixão da Estrutural era uma ferida cravada no coração do Brasil. É o segundo maior lixão do mundo e fica a poucos quilômetros do Buriti e do Planalto, o que se configura como uma vergonha para o país. Faremos a desativação incorporando os catadores de objetos recicláveis. Eles trabalharão em balcões, com os equipamentos necessários e receberão por isso. A universalização da educação infantil nunca havia acontecido no DF. Essa era uma meta do Plano Nacional de Educação, que cumprimos. Hoje, todos os pais que procuraram o governo têm as crianças de 4 e 5 anos matriculadas na escola. Temos a regularização fundiária. Entregamos mais escrituras que qualquer outro governo na história de Brasília. Ao fim do mandato, teremos entregado mais que todos os governantes juntos: 63 mil. Isso sem contar as escrituras provenientes das vendas diretas de condomínios, as das igrejas, do Pró-DF e rurais. E ainda temos a resolução da questão da crise hídrica no DF. Há 16 anos, não havia investimentos em obras de captação e tratamento de água. Temos duas prontas apenas no nosso governo e vamos entregar uma terceira. Ao final do governo, teremos feito sete mil litros por segundo. O Instituto Hospital de Base será referência no país, do ponto de vista da compra rápida, contratações e afins. O Hospital da Criança é outro legado que vamos deixar para a cidade. Temos um conjunto de legados que, no momento adequado, serão mostrados. A infraestrutura de cidades como Sol Nascente, Buritizinho, Porto Rico e Vicente Pires; Tudo isso fará uma diferença enorme. Só quem mora no Sol Nascente e, muitas vezes não conseguia sair de casa em dias de temporal devido à lama ou convivia com seus filhos acometidos por doenças respiratórias em razão da poeira, sabe o que é um asfalto na porta de casa. Tudo isso vai ser demonstrado ao longo da campanha.

Qual o seu maior desafio para 2018?

O grande desafio é a saúde. Esse é um desafio em todo o Brasil. Não é diferente em Brasília. Mas tenho muita confiança de que teremos um ano melhor. Vamos começar a implantar um novo modelo na saúde, que é um legado para nossa cidade, por meio do Instituto Hospital de Base, um serviço social autônomo.

A partir de janeiro?

Isso. Um sistema que vai permitir a compra de medicamentos de uma forma mais ágil, a recuperação dos equipamentos, a contratação de pessoal. Não tenho dúvidas de que isso vai possibilitar um resultado positivo para a nossa população. No primeiro semestre, teremos ainda a inauguração do Hospital da Criança, com 220 leitos, 38 leitos de UTI pediátrica, que vai atender a toda a demanda de alta e média complexidade no DF.

Como a implantação do Instituto Hospital de Base pode melhorar o atendimento em outros hospitais e em todo o sistema público?

Vamos testar um modelo moderno com muito mais agilidade e com muito mais capacidade de dar respostas à população e, claro, isso traz um efeito prático e simbólico na rede. Além disso, estamos ampliando a atenção primária e isso é importante para organizar toda a rede. Muita gente vai para os hospitais quando poderia resolver seus problemas perto de casa. E é nosso objetivo, a partir da aprovação da emenda com o crédito do orçamento no dia 15 de janeiro, vamos contratar milhares de profissionais na saúde para abrir os leitos que estão fechados. Nesse período, nós estivemos impedidos de fazer contratações, a não ser para repor servidores, em função da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Já tem o número de pessoas que pretende chamar?

O secretário Humberto (Fonseca) está concluindo o levantamento da necessidade de pessoal para abertura desses leitos que estão fechados nos hospitais. Nós fizemos um esforço muito grande para equilibrar as contas e, com isso, teremos condições de contratar servidores em áreas carentes, especialmente na saúde. Teremos várias medidas que implicam aumento de mão-de-obra. Na segunda-feira (amanhã), haverá 594 ampliações de carga horária. Na terça, teremos 219 nomeações e, até o final de semana, outras 173, sendo 280 médicos. E ainda vamos chamar 355 bombeiros. O senhor anunciou que chegará ao fim do mandato com as contas equilibradas.

O que foi fundamental para isso?

Foi um conjunto de medidas que precisamos adotar. Quando iniciamos a nossa gestão, o DF estava na pior situação de todas as unidades da federação. Cortamos secretarias, cargos comissionados, aprovamos a reestruturação do Iprev, que reduziu o deficit atuarial e isso permitiu realocar parte dos recursos que iriam para o deficit da Previdência, para investir em áreas importantes.

Dá para manter esse equilíbrio no ano que vem?

Sem dúvida. Nós vamos concluir esse mandato com as contas em dia, pagando os débitos que herdamos do governo anterior. É muito importante registrar que herdamos um rombo de R$ 6,5 bilhões, entre as dívidas já contraídas e o buraco no orçamento de 2015. E estamos recuperando a nossa capacidade de investimentos. Investimos R$ 2,5 bilhões até aqui e para o ano que vem temos uma previsão de R$ 1,5 bilhão.

E erros? O senhor identifica quais cometeu ao longo desses três anos?

O maior erro é referente à interlocução política com partidos, que poderia ter sido melhor. Mas reconheço também que parte do afastamento deles se deu em função da agenda que nós cumprimos, a qual é de interesse da cidade, mas não eleitoral. Tivemos de tomar medidas como a redução de cargos comissionados e do número de secretarias; suspensão do aumento salarial dado sem previsão orçamentária ou capacidade financeira. Nenhum político gosta de fazer isso. E não tivemos solidariedade nesse momento. Mas reconheço que poderíamos ter investido em um diálogo maior, e, como consequência, estaríamos em uma situação melhor.

O senhor acredita em uma recomposição com forças que se afastaram, como Reguffe, Cristovam e os partidos que deixaram o governo, como PDT, PSD e Rede?

Diria que o senador Reguffe é um político diferenciado. Sua trajetória e forma de agir politicamente são diferentes da maioria dos políticos do DF. Reguffe não indicou ninguém para o governo e, em nenhum momento, fez questão de fazê-lo. Mas apresentou uma ideia e a cobrava: a inserção dos remédios no Nota Legal. Tivemos, agora, a possibilidade de concretizá-la. Em relação às composições políticas, elas vão depender muito da questão nacional e dos entendimentos locais. Está tudo indefinido.

O senhor acha que a questão das fake news será preponderante?

Com certeza. Já é. Dá até para imaginar que existem centrais de fake news funcionando, porque é impressionante a disseminação de mentiras nas redes sociais.

E como o senhor vai combater isso no próximo ano?

Com a verdade. A verdade aparece.

Há vários ataques por parte da Câmara Legislativa e em inserções políticas. Algumas delas, inclusive, o PSB conseguiu retirar do ar. Como o senhor lida com isso?

Por que a Justiça retirou essas propagandas do ar? Porque eram mentiras. Nós simplesmente mostramos aos juízes que alguns políticos estavam utilizando um espaço, que deveria ser direcionado à divulgação de propostas, para mentir. A apresentação da verdade foi tão cristalina que os juízes retiraram as propagandas do ar.

Mas alguns partidos dizem que isso é uma espécie de censura;

Não é censura. É o direito de defesa. Temos o dever de repor a verdade.

Por que criar agora uma coordenação na Polícia Civil para ampliar o combate à corrupção?

Essa é uma medida interna da Polícia Civil, que vem sendo defendida pelo Ministério Público, no sentido de aprimorar os instrumentos de investigação. Não há nenhuma interferência do governo. As pessoas me conhecem. Jamais usei a Polícia ou qualquer instrumento do Estado para prejudicar ninguém.

As corporações dominaram os estados?

O novo sindicalismo brasileiro vai precisar compreender que deve haver uma visão mais holística de todo o processo. Você não pode acumular uma quantidade de vantagens pessoais em detrimento do conjunto da população. Até porque isso, com o tempo, se tornará insustentável. O Estado não aguentará pagar tantos benefícios para uma parcela pequena da população.

Os sindicatos são críticos do seu governo. São os principais adversários?

Há uma parcela grande dos servidores públicos na saúde, segurança, educação, que reconhecem o esforço do governo. Até porque eles leem jornais, veem televisão e sabem o que está acontecendo no país. Esses funcionários valorizam o esforço do GDF para pagar os salários em dia, ampliar a licença-paternidade, oferecer oportunidades de qualificação; Mas há uma parcela do sindicalismo que só sobrevive em função de demandas corporativas. Essa fatia vai sempre se opor ao governo, que olha para a população como um todo.

Há uma resistência a seu governo por parte do funcionalismo público. Como pretende realizar a reaproximação?

A reaproximação é com a verdade, a demonstração da realidade. Quando você olha que Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Sergipe não pagam os salários, enquanto Brasília o faz, isso mostra uma diferença. Brasília não é uma ilha. Temos que olhar para a cidade dentro do contexto nacional. E, dentro desse contexto, Brasília, que estava em uma das piores situações do país, hoje, está numa das melhores.

No cenário nacional, o senhor vê alguma chance de o PSB apoiar o PT, se o candidato for o ex-presidente Lula?

Não. Não creio nessa possibilidade, porque converso com os dirigentes partidários. O que pode acontecer é o apoio em alguns estados.

O senhor aceitaria conversar com os petistas?

Conversar, eu converso. Mas não vejo nenhuma possibilidade de aliança no primeiro turno.

Qual o tamanho do PT hoje?

O tamanho do PT são as urnas que demonstrarão. Mas o partido tem uma inserção razoável no DF, especialmente nos sindicatos.

E o PSB está mais próximo, em âmbito nacional, do PSDB ou da Rede?

Nacionalmente, o PSB não se definiu ainda. Nós estamos conversando com os candidatos à Presidência, como Geraldo Alckmin, Marina Silva, Ciro Gomes, Joaquim Barbosa; Mas não há nenhuma decisão. Em Brasília, mantemos uma boa relação com a Rede. Tenho grande apreço pelo Chico Leite e pelos militantes. Aprecio muito o partido e suas posições políticas. Assim como também tenho uma boa relação com grande parte do PSDB no DF. Quero dizer que tenho ficado muito satisfeito com o trabalho desenvolvido pela ex-governadora Maria de Lourdes Abadia. Há um exemplo de postura de uma pessoa que foi governadora, se dispõe a ser secretária e não fica em gabinete fechado. Ela está no Sol Nascente, no Pôr do Sol, na Estrutural, em comunidades carentes; sempre ouvindo a população e trazendo demandas. Vejo isso como algo extremamente louvável na política de hoje.

A corrupção no DF acabou durante o seu governo?

O nosso governo é reconhecidamente sério. Todos dizem que essa gestão implementou uma nova política, em que ninguém paga propina para liberar notas ou faturas. Isso acontece rigorosamente dentro da ordem cronológica, conforme disponibilidade de recursos.

Mas houve uma denúncia na PM, segundo a qual a área de finanças estaria justamente cobrando propina para liberar notas;

É claro que, em um governo grande, eventualmente, há irregularidades aqui e ali. Mas é importante ressaltar que todas são punidas. As investigações começaram a partir da própria Corregedoria.

2017 foi um ano bom?

Foi um ano de muitas superações. Um ano muito difícil, em que enfrentamos desafios. Mas vamos entrar em 2018 melhor do que chegamos no ano de 2017. Tenho convicção de que todo esse esforço permitirá que o brasiliense tenha um 2018 muito melhor. E 2018 vai ser o ano da prosperidade em Brasília.

Qual foi o momento mais difícil da gestão até aqui?

O início do governo. Em alguns momentos, cheguei a pensar que não ia ter jeito, que não tinha solução para o tamanho da crise econômica. Confesso que passei muitas madrugadas em claro, pensando alternativas para pagar contas, especialmente o salário dos servidores.

Qual o critério para um bom vice na próxima disputa?

Uma pessoa que tenha muito desprendimento, muita maturidade e coloque os interesses da cidade acima das questões pessoais.

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