Cidades

Gim Argello tem redução de pena negada por não obter nota mínima no Enem

Além disso, o ex-senador tem graduação em direito, o que, para o MP, impede a concessão do benefício

Bruno Lima - Especial para o Correio
postado em 24/02/2018 08:00
Gim Argello está preso em Pinhais, no Paraná, desde outubro de 2016
Condenado a 11 anos e 8 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro e formado em direito, o ex-senador Gim Argello teve um pedido de redução de pena negado pela Justiça por não ter alcançado nota suficiente no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A defesa solicitou o abatimento de 40 dias argumentando que o político teria atingido a nota mínima de 450 pontos nas diversas áreas de conhecimento ; média necessária para conseguir o certificado de conclusão do ensino médio. No entanto, Gim não conseguiu comprovar que a pontuação teria sido realizada nas provas de linguagem, códigos e suas tecnologias e redação. Ele está preso em Curitiba desde abril de 2016 por vender facilidades na CPI da Petrobras a empresas investigadas na Operação Lava-Jato.

Na decisão de 16 de janeiro, o juiz Eduardo Lino Bueno Fagundes Júnior considerou que os documentos apresentados pela defesa não comprovam a aprovação, mas apenas a presença de Gim no dia da prova. ;Em relação ao pedido de remição por suposta aprovação no Enem, observo que, na declaração apresentada, não consta aprovação em língua portuguesa, LEM (línguas estrangeiras modernas), artes, educação física e redação;, destacou.

Os advogados entraram com um recurso alegando que os ;documentos colacionados bem realçam a aprovação do apenado no Enem/2016 em, pelo menos, quatro áreas de conhecimento, inclusive, no grupo de linguagem, códigos e suas tecnologias, com média de 555.8, embora na redação tenha alcançado a nota de 460 pontos; ; a nota mínima da redação é 500 pontos.

A promotora de Justiça Dorenides Guerra Pires sustentou que, mesmo que tivesse sido aprovado, o benefício não seria devido, uma vez que Gim é graduado em direito. ;A remição por estudo tem por fim a ressocialização do apenado quando este adquire conhecimento que não possuía antes de entrar no sistema penitenciário, afinal, o Enem não acrescenta em nada no conhecimento e educação de um indivíduo que concluiu o ensino médio regularmente;, detalhou. O juiz acolheu a manifestação do Ministério Público do Paraná e manteve o indeferimento. O Correio não conseguiu contato com os advogados responsáveis pela defesa do ex-senador.

Multa

Gim está preso desde outubro de 2016, durante a Operação Vitória de Pirro, no âmbito da Lava-Jato. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), ele recebia dinheiro de dirigentes de empreiteiras para não convocá-los a depor em Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) instauradas no Congresso Nacional para apurar crimes ocorridos na Petrobras.

Em outubro de 2016, o juiz Sérgio Moro condenou Gim Argello a 19 anos de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e obstrução à Justiça. No entanto, em novembro de 2017, o Tribunal Regional Federal (TRF) da 4; Região anulou a condenação por obstrução e reduziu a pena do ex-senador para 11 anos e 8 meses. Por ter cumprido um sexto da pena, Gim poderia passar para o regime semiaberto, mas, como não quitou a multa de R$ 1,495 milhão determinada pela Justiça, ele segue preso no Complexo Médico Penal de Pinhais, no Paraná.

O que diz a lei

A remição de pena, ou seja, o direito do condenado de abreviar o tempo imposto em sua sentença, está prevista na Lei n; 7.210/84 de Execução Penal (LEP) e pode ocorrer mediante trabalho, estudo e, de forma mais recente, pela leitura. De acordo com a norma, o condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto pode diminuir um dia de pena a cada 12 horas de frequência escolar. A Recomendação n; 44 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) possibilita o benefício aos presos que estudam sozinhos e, mesmo assim, conseguem obter os certificados de conclusão de ensino fundamental e médio, com a aprovação no Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA) e no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), respectivamente.

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