Cidades

Presos ciganos que aterrorizaram com crimes bárbaros cidades de DF, MG e GO

Segundo a Polícia Civil, os quatro agiam, ora sozinhos, ora em grupo, para uma série de atos, como latrocínios com requintes de crueldade, chacina de uma família e o estupro de uma criança

Sarah Peres - Especial para o Correio
postado em 26/03/2018 17:36

O delegado-chefe Edson Medina, um dos responsáveis pela investigação: troca de informações entre estados para chegar aos suspeitos

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) anunciou nesta segunda-feira (26/3) a prisão de quatro homens responsáveis por uma série de crimes chocantes, que incluem latrocínios; chacina de uma família inteira; e o estupro de uma criança de 5 anos, que teria sido cometido por um dos indivíduos. Os crimes aconteceram em cidades do Distrito Federal, em Minas Gerais e em Goiás. As detenções aconteceram entre os dias 16 e 23, como resultado da Operação Gitanos, nome escolhido devido à origem cigana dos acusados. Segundo a investigação, em alguns dos crimes cometidos, os suspeitos atuaram em dupla ou em trio.

Os primeiros a ser presos, no último dia 16, em Buritis (MG), foram Derli da Silva Moura, o Cigano Ló, 32 anos, e Maicon Alves da Silva, com idade calculada na casa dos 20 anos. Na terça-feira passada (20/3), José Afonso Pereira Dutra Junior, 21 anos, foi encontrado em Planaltina (DF). E, na sexta-feira (23/3), Juverlei da Silva Moura, 30 anos, foi localizado em Anápolis (GO).

A investigação, realizada pela 16; Delegacia de Polícia, em Planaltina, começou há mais de um ano, depois que um crime bárbaro foi cometido na região administrativa. Em 28 outubro de 2016, no bairro Sulamericana, três homens invadiram a casa de um idoso de 88 anos, que além de esfaqueado foi violentamente agredido na cabeça e outras partes do corpo, a ponto de ter alguns dedos da mão amputados. De acordo com a polícia, a tentativa de latrocínio foi cometida por três dos quatro criminosos, que tentavam roubar o cartão-benefício do idoso, no valor de R$ 800.

Quase um ano depois, em 30 de outubro de 2017, outro crime violento, um latrocínio, chocou os moradores de Planaltina. Dois dos homens, segundo a polícia, invadiram uma chácara do Núcleo Rural Sarandy, renderam o caseiro que vivia no local e, depois de amarrá-lo, o esfaquearam até a morte. Quando a vítima foi encontrada, ela ainda tinha duas facas encravadas no corpo, uma na boca e outra no peito. Foram levados equipamentos eletrônicos, como uma televisão, além da motocicleta da vítima, abandonada nas proximidades da chácara.

A violência acima do comum fez com que os policiais desconfiassem de que os dois crimes haviam sido cometidos pelas mesmas pessoas. A investigação ficou a cargo do delegado-chefe Edson Medina, comandante da Seção de Investigação de Crimes Violentos (SivVio) da 16; DP, e do delegado Fernando Crisci, que confirmaram as suspeitas e chegaram aos autores depois de uma longa apuração e troca de informações com as Polícias Civis de Goiás e Minas Gerais.

Sem documento nem endereço

De acordo com Medina, uma das maiores dificuldade para solucionar os crimes foi a falta de documentação confiável dos suspeitos, algo comum no povo cigano, de acordo com o delegado-chefe. "Por se tratar de um povo que não tem o hábito de se registrar com identidade e cadastro de pessoa física (CPF), muitas vezes eles possuem, no máximo, uma certidão de nascimento, que, em muitos casos, nem é verdadeira", explica. Ainda segundo policial, dos quatro homens, somente Derli tem registro civil.

Outro complicador foi a característica nômade dos ciganos. "É um povo nômade, que passa curtas temporadas em uma cidade. Eles vivem se mudando. O que nos auxiliou foram os rastros deixados por eles, além do cruzamento de informações com Goiás e Minas Gerais. A partir daí, encontramos um grupo maior de ciganos, a partir do qual conseguimos novas informações", esclarece Medina.

Testemunhas e sobreviventes dos crimes brutais reconheceram o quarteto por meio de fotos e, novamente, após a prisão. Por isso, para o delegado-chefe, não há dúvidas de que eles são autores dos crimes. No Distrito Federal, eles responderão por latrocínio consumado e tentado, e cada pena pode acarretar até 30 anos de prisão.

Lista de barbáries

A Polícia Civil informou ainda que, nos outros estados, o quatro são acusados de latrocínio consumado, latrocínio tentado, homicídio, roubo qualificado, estupro e posse ilegal de arma de fogo. A colaboração entre as corporações continua para a comprovação de mais crimes. "Como fizemos um banco de dados com o colhimento de digital dos homens e a coleta de material genético, poderemos utilizar essas informações para elucidar outros casos em que eles sejam suspeitos", salienta Medina.

Segundo depoimentos do próprios integrantes do grupo, Derli seria o mais violento. Ele também é investigado pela chacina de uma família de cinco pessoas, em Anápolis (GO). A motivação para o crime seria vingança. O homem também é acusado de estuprar uma criança em Caldas Novas (GO), na frente do pai da menina. Ele também possuía oito mandados em aberto: cinco homicídios qualificados; vilipêndio (ultraje) de parte de cadáver; e associação criminosa.

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