Cidades

Polícia Civil trata caso de bebê de 6 meses morto como feminicídio

Esther Araújo Costa chegou ao Hospital Regional de Sobradinho sem sinais vitais, quando a equipe médica constatou sinais de agressão nela

Walder Galvão - Especial para o Correio
postado em 05/11/2018 17:25
Esther Araújo Costa morreu aos seis meses vítima de maus-tratos dos pais
Agentes da 13; Delegacia de Polícia (Sobradinho) tratam o caso da bebê de 6 meses morta vítima de maus-tratos como feminicídio qualificado. Esther de Araújo Costa chegou ao Hospital Regional de Sobradinho sem sinais vitais na segunda-feira (29/10). No local, os pais dela foram presos em flagrante, quando a equipe médica constatou que a criança poderia ter sido agredida.

Esther passou por reanimação e foi encaminhada ao Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib). Ela ficou quatro dias internada até ter o óbito constatado na sexta-feira (2/11). Foram necessários três exames para determinar a morte encefálica da menina.

O delegado à frente do caso, Hudson Maldonato, afirma que o inquérito será concluído na quarta-feira (7/11). ;Esse pode se enquadrar como feminicídio. De acordo com o código penal, esse tipo de crime ocorre quando tiver acontecido em ambiente domiciliar. Nós temos um ser humano do sexo feminino que morreu no seio familiar. Agora, cabe à Justiça e ao Ministério Público acolherem a consideração da polícia;, ressalta.

Os suspeitos devem responder por feminicídio com qualificadores: motivo torpe e impossibilidade de defesa do indivíduo. Se condenados, podem pegar de 12 a 30 anos de reclusão. Inicialmente, o crime era investigado como maus-tratos e os policiais ainda consideravam tortura, mas, com a morte do bebê, o quadro mudou.

Hudson explica que, até o momento, cerca de oito pessoas foram interrogadas pelos investigadores. ;Nós ouvimos os pais, que permaneceram em silêncio, os policiais que participaram da prisão, um conselheiro tutelar de Sobradinho 2, que conhecia a mãe, uma pessoa que ajudava financeiramente a família, socorristas do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e a médica do hospital de Sobradinho;, relata.
À Justiça, o delegado vai fazer uma sugestão para que os pais da vítima passem por exames psiquiátricos. Ele acredita que ambos tenham algum problema mental. ;Ou são duas pessoas muito ruins, monstros, ou eles têm alguma psicopatologia que tenha contribuído para o evento;, frisa.

Luto

O tio de Esther, Adriano Barbosa, conta que, após se organizar com outros familiares, conseguiu arrecadar o dinheiro necessário para arcar com as despesas do velório e do sepultamento. Por volta das 15h30 desta segunda-feira (5/11), ele foi até o Instituto de Medicina Legal (IML), da Polícia Civil do Distrito Federal, dar entrada na remoção do corpo. De acordo com ele, o sepultamento da criança ainda não foi marcado.

Adriano afirma que a menina deve ser velada no Cemitério de Valparaíso e que os custos para a cerimônia ficaram mais de R$ 4 mil. ;Minha maior dor é pensar que eu poderia ter evitado toda a tragédia;, lamenta.

Relembre o caso

Os pais de Esther a levaram para o Hospital Regional de Sobradinho na segunda-feira (29/10). A bebê estava sem sinais vitais e, por conta do aspecto de maus-tratos na filha, ambos receberam voz de prisão ainda na unidade de saúde.
Esther foi transferida para o Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), onde permaneceu internada até a noite de sexta-feira (2/11), quando teve a morte confirmada. Ela ainda passou por três exames que constataram o óbito.

O casal foi preso acusado de maus-tratos, com aumento de pena pelos agravantes de lesão corporal grave e pelo fato da vítima ser menor de 14 anos. A Justiça ainda determinou que ambos ficassem presos preventivamente.

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