Ciência e Saúde

Taça de pedra é encontrada durante escavações na cidade de Jerusalém

postado em 01/08/2009 08:15

Fornos para assar pães: no porão de uma casa que pertenceu a um sacerdote, os arqueólogos encontraram três fornos para pães. Testes apontaram para o século 1;Depois de cear, tomou o cálice, dizendo: ;Este é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado, em favor de vós; .; (Lucas 22, 20). Antes da Santa Ceia, reunido com seus 12 apóstolos, no Cenáculo, Jesus Cristo provavelmente lavou as mãos em uma taça de pedra, em um ritual chamado de netilat yadaim. Não muito longe dali, arqueólogos fizeram uma descoberta instigante: um copo, também de pedra, no qual estão escritas 10 linhas em aramaico e hebraico, redigidas de modo a formarem uma espécie de código secreto. A relíquia, datada do século 1, foi encontrada em escavações no Monte Sião, na elevação oeste do Jardim das Oliveiras, em Jerusalém. Naquele mesmo local, ficava a residência de Caifás, o Sumo Sacerdote que presidiu os dois julgamentos de Jesus Cristo. Nas imediações, o pórtico real que dava acesso ao Pátio dos Gentios do Templo e a Piscina de Siloé.

[SAIBAMAIS]Em entrevista ao Correio, por e-mail, de Jerusalém, o norte-americano Shimon Gibson ; codiretor das escavações ; confirmou que Jesus pode ter usado um tipo idêntico de taça para o netilat yadaim. ;Taças de pedra desse tipo (canecas com asas e bico) são típicas do período que se estendia da era de Herodes, o Grande, que reinou em Jerusalém entre 37 a.C. e 4 a.C., e a destruição de Jerusalém e do Templo pelos romanos, no ano 70;, afirmou. Segundo ele, a inscrição é nítida, mas seu significado permanece um mistério até mesmo para especialistas em epígrafe, que tentam desvendar seu significado. ;É certo que a pessoa que escreveu essas 10 linhas em alfabeto aramaico ou hebraico tinha a pretensão de ser misteriosa. Isso pode ser uma posta de uma escrita secreta sacerdotal;, admitiu.

James D. Tabor, também codiretor das escavações e professor da Universidade da Carolina do Norte, em Charlotte, contou ao Correio que a taça está quebrada, mas ainda assim em ótimas condições. ;Ainda não pudemos decifrá-la, mas sabemos que tais inscrições são raras. As mais comuns em taças de pedra se referem a nomes de pessoas, e se resumem a uma ou duas linhas;, explicou. ;Então, o fato de termos 10 linhas é algo realmente excitante.; De acordo com ele, as taças desse tipo eram usadas pelos sacerdotes, pois acreditava-se que o copo de pedra, ao contrário daquele feito de cerâmica ou barro, não conduzia impurezas ao ritual;, acrescentou. A inscrição faz uso do alfabeto hebraico, mas os cientistas ainda precisam determinar se a linguagem usada é o aramaico ou o hebraico. ;Ela parece ter sido redigida propositalmente de modo a ser secreta, com letras invertidas, escritas de trás para frente e de cabeça para baixo;, disse. A arqueologia tomou conhecimento dessa técnica por meio dos Manuscritos do Mar Morto.

Ferramenta sacerdotal: pelo menos 10 caracóis, com um buraco no centro, indicavam o uso por parte dos sacerdotes, que extraíam tintura púrpura para cobrir vestesOs especialistas preferem não ligar a peça encontrada a Jesus Cristo. Isso porque, apesar de o Monte Sião ficar próximo do Cenáculo, abrigava as residências de sacerdotes aristocratas ; um mundo discrepante da realidade de Jesus. No livro Os dias finais de Jesus: a arqueologia como evidência, Shimon Gibson reuniu as evidências científicas sobre a vida de Cristo em Jerusalém. ;Abordei o ritual de purificação que Ele provavelmente usou na cidade: a limpeza de seu corpo inteiro na água (uma forma de batismo); a unção dos pés com óleo, e a lavagem das mãos antes das refeições, em taças semelhantes às que encontramos;, comentou.

As escavações do Monte Sião também trouxeram à tona importantes vestígios do período do Segundo Templo (516 a.C. ; 70 d.C.), incluindo um complexo residencial com uma mikve (piscina de purificação). Dentro da mesma casa, os arqueólogos encontraram três fornos para pães com marcas de fogo datadas no ano 70, exatamente quando o general Tito e suas tropas destruíram a cidade. Pelo menos 10 conchas de caracol fossilizadas também foram coletadas por Gibson e Tabor. ;Nós achamos caracóis muito raros em Jerusalém, com um buraco no meio onde se extraía a tintura púrpura com que os sacerdotes pintavam suas vestes sagradas;, afirmou Tabor.

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