Ciência e Saúde

Mosquitos perdem as asas

postado em 28/02/2010 17:41

Enquanto os pesquisadores paulistas tentam entender a relação do Aedes aegypti com a água, um grupo de cientistas britânicos e americanos tenta combater a doença de outra forma. Por meio da manipulação genética, eles conseguiram criar fêmeas do mosquito que não possuem capacidade de voar. A vantagem, está no fato que, em terra, elas não conseguem viver muito tempo e se reproduzir com os machos, que permanecem no ar.[SAIBAMAIS]

Em entrevista ao Correio, o pesquisador Luke Alphey, da Oxitec Biotecnology, de Oxford, na Inglaterra, explicou que a técnica consiste em manipular geneticamente os machos da espécie para que seus genes gerem fêmeas com uma deficiência nos músculos das asas. ;Os genes que deixam as fêmeas com os músculos das asas prejudicados são repressivos. Se dermos a elas um antídoto, elas conseguem passar a voar. Já os machos têm essa capacidade independentemente de fornecermos ou não essa substância;, explica o cientista.

O pesquisador acredita que a alteração poderá controlar a dengue ou outras doenças transmitidas por mosquitos, pois age diretamente no vetor da doença. ;Sem mosquito, não é possível a propagação da dengue. Não existe atualmente uma droga que aja diretamente no vírus, e a dependência de inseticidas se torna ineficaz, pois esses insetos têm uma grande capacidade de adaptação. Além disso, seria impossível encontrar todos os insetos para combatê-los;, completa o pesquisador.

Apesar da promessa de controle da doença que a pesquisa traz, Ailton Domicio da Silva, assessor da Subsecretaria de Vigilância em Saúde, da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, prefere manter uma postura cética diante da novidade. ;A história mostrou que os insetos têm alta capacidade de adaptação. Então, acredito que somente após a descoberta de uma vacina a doença será definitivamente controlada. Soluções diferentes dessa são apenas paliativas e emergenciais;, opina.

A FRASE

"Sem mosquito, não é possível a propagação da dengue. Não existe atualmente uma droga que aja diretamente no vírus, e a dependência de inseticidas se torna ineficaz;

Luke Alphey, pesquisador da Oxitec Biotecnology

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