postado em 07/07/2010 07:05
Uma pesquisa realizada na Faculdade de Ciências da Universidade de Brasília (UnB) avaliou 87 mulheres e 60 homens com mais de 60 anos e concluiu que sete em cada 10 faziam uso de dentadura. O estudo mostrou também que nove entre 10 idosos da região apresentam lesões bucais, como infecções e outros problemas causados por fungos e bactérias. ;São pacientes com uma higiene inadequada, com condição bucal precária e que usam dentadura em mal estado;, afirma a pesquisadora Ana Luiza Rego Julio. Os problemas mais comuns na boca dos idosos são as cáries de raiz, a xerostomia (boca seca), as lesões de mucosa ; como candidíase e leucopatia ;, as doenças periodontais, que atacam os tecidos de suporte e sustentação dos dentes, e o câncer bucal.Ana Luiza afirma que a maioria desses problemas é causada pelo uso de próteses mal adaptadas, por má higienização bucal e pelo fumo. Grande parte dessas enfermidades pode ser combatida com limpeza adequada da boca e da dentadura, além de visitas regulares ao dentista para avaliação e manutenção da saúde bucal. ;O acompanhamento do cirurgião-dentista é a melhor forma para a prevenção e o controle dessas lesões`, destaca.
Especialista em odontologia geriátrica, Dalton Costa, da Associação Brasileira de Odontologia (ABO), defende que devem-se levar em conta todas as peculiaridades dessa faixa etária, desde a existência de doenças crônico-degenerativas até situações sociais e psicológicas, como viuvez, aposentadoria e solidão, para a elaboração de um diagnóstico e a indicação de tratamento. ;O atendimento odontológico a esse grupo deve ser humanizado e personalizado, com paciência, carinho e atenção especial, e também conhecimento multidisciplinar, com a interatividade entre diversas áreas profissionais, como odontologia, medicina, nutrição e psicologia;, explica.
A pesquisa da UnB considerou também a relação entre medicamentos que combatem a osteoporose e o agravamento de doenças, como a osteonecrose bucal (1). ;É preciso atenção aos medicamentos que os idosos usam, porque eles podem provocar efeitos colaterais diversos na cavidade bucal, como lesões nos tecidos moles e hipossalivação, prejudicando a qualidade de vida dessas pessoas;, acrescenta. Para a orientadora da pesquisa, a professora da Faculdade de Ciências Nilce Santos de Melo, o resultado do estudo foi reflexo da desinformação desse grupo na idade adulta. ;Esses números não devem se repetir para as gerações futuras;, estima.
1 - Osso ;morto;
Doença causada pela morte do osso da mandíbula. Deixa a região exposta a inflamações, gerando desconforto, dor e ardência.
Cuidados com a dentadura
- Após comer, lave as mãos e retire a prótese com cuidado
- Lave com uma escova macia (não a mesma usada para limpar os dentes fixos) e sabonete neutro ou creme dental não abrasivo, para evitar danos a prótese e não facilitar a aderência de restos de alimento
- Limpe bem cada face da prótese. Evite usar água quente, que também pode danificá-la.
- Duas vezes por semana, coloque a prótese durante 30 minutos em um copo com metade de água e três gotas de água sanitária. Lave bastante antes de usar novamente, com pasta de dente não abrasiva ou sabonete neutro, para tirar o gosto
- Em nome do conforto, a prótese deve ser retirada durante a noite. Sempre que retirá-la, coloque em um recipiente com água ou algodão ou gaze umedecida. Lave todo dia esse recipiente e troque a água, o algodão ou a gaze.
- A boca também deve ser limpa antes de colocar a prótese no lugar. Bocheche com água e, com outra escova bem macia, massageie a gengiva, a bochecha e a língua. Mas cuidado com a força.
Fonte: Dalton Costa, especialista em Odontologia Geriátrica da Associação Brasileira de Odontologia