Ciência e Saúde

Mudanças climáticas tornam águas da Antártica menos densas

Agência France-Presse
postado em 04/05/2012 16:10
Sidney - As águas mais densas da Antártica tiveram seu volume reduzido drasticamente nas últimas décadas, em parte devido aos impactos das atividades humanas sobre o clima, informaram cientistas australianos nesta sexta-feira (4/5).

A pesquisa sugere que até 60% da "Água Antártica de Fundo", água densa que se forma nas bordas da Antártica, que penetra nas profundezas e se espalha pelos oceanos do mundo, desapareceu desde 1970.

"É uma resposta às mudanças que acontecem no clima das regiões polares, devido tanto a causas naturais quanto humanas", afirmou à AFP o chefe das pesquisas, Steve Rintoul, da Entidade de Pesquisa Científica e Industrial da Comunidade Britânica, entidade de ciências do governo australiano.

O fenômeno "não está provocando mudanças no clima, está respondendo a mudanças no clima. Portanto, é um sinal de que as coisas estão mudando na Antártica", acrescentou.

Os cientistas não têm certeza sobre o que está provocando o fenômeno, mas Rintoul disse que a hipótese principal é que quanto mais gelo derrete nas bordas do continente antártico, mais água doce chega ao oceano.

Ele disse que isto pode estar provocando o "afundamento" da água densa em latitudes elevadas, um processo que tem sido vinculado a grandes mudanças climáticas no passado.

"Nós estivemos rastreando essas massas d;água para ver se mudanças similares ocorridas em condições meteorológicas no passado podem ocorrer novamente no futuro", afirmou.

"Nós não vemos isto ainda, mas isto, a contração da água densa em torno da Antártica, pode ser o primeiro indício de que estamos nesta direção", acrescentou.

O estudo foi feito por cientistas australianos e americanos a bordo do navio Autora Australis, que partiu para a Commonwealth Bay, a oeste da costa Antártica, e retornou para Fremantle, na Austrália.

Eles mediram a temperatura e coletaram amostras de salinidade em etapas da viagem rumo ao extremo sul da Terra, revelando também a água densa em torno da Antártida ficou menos salgada desde 1970.

Rintoul disse que a mudança estava "provavelmente refletindo tanto o impacto humano no planeta, quanto ciclos naturais".

"E o impacto humano inclui tanto o aumento de gases de efeito estufa, mas também o buraco na camada de ozônio sobre a Antártica", disse, acrescentando que este buraco fez os ventos do Oceano Austral se intensificarem.

Rintoul disse que é importante entender por que as mudanças ocorrem para se ter uma idea do quão rápido os níveis dos mares vão subir no futuro.

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