Ciência e Saúde

Estudo com insetos mostra que iluminação urbana afeta ecossistema

Agência France-Presse
postado em 22/05/2012 17:34
Paris - As luzes da cidade têm um efeito inesperadamente forte sobre populações de insetos, favorecendo algumas espécies e prejudicando outras, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (23/5), que suscita novas questões sobre o impacto humano na vida animal.

Cientistas chefiados por Thomas Davies, da Universidade de Exeter, sudoeste da Inglaterra, passaram três dias em agosto de 2011 instalando armadinhas de insetos no entorno de Helston, uma pequena cidade da Cornuália. Eles capturaram 1.194 insetos de 60 diferentes espécies. Segundo suas descobertas, a proximidade com as luzes urbanas foi um fator relevante no número de insetos e na prevalência de espécies.

Cinco espécies, incluindo formigas, besouros terrestres e bichos-de-conta, foram muito mais abundantes em áreas iluminadas em comparação com áreas localizadas entre pontos de luz. As luzes da cidade também atraíram mais insetos predadores e necrófilos.

Mudanças minúsculas nas populações de insetos repercutem na cadeia alimentar, impulsionando algumas espécies, mas prejudicando outras, destacaram os biólogos. "A iluminação urbana muda o meio ambiente em níveis mais elevados de organização biológica do que se sabia anteriormente, trazendo à tona a potencialidade de poder alterar a estrutura e a função dos ecossistemas", acrescentou o estudo.

A iluminação urbana avança à proporção média de 6% ao ano em todo o mundo, mas seu impacto na vida selvagem é pouco compreendido. O senso comum diz que as luzes da cidade afetam o relógio biológico de aves urbanas e influencia os hábitos alimentares de mamíferos como raposas, ratos, camundongos e morcegos.

O estudo, publicado no periódico britânico Biology Letters, faz um alerta sobre a introdução da próxima geração da iluminação urbana, que usa metal haloide ou diodos emissores de luz (LEDs).

Segundo os cientistas, estas tecnologias emitem luz em uma faixa mais ampla de comprimento de onda à qual os organismos são sensíveis. "A falta de informação disponível sobre os impactos ambientais da poluição luminosa não reflete realmente a escala potencial deste problema", destacaram.

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