Ciência e Saúde

Pode ter existido vida microbiana no passado em Marte, afirma a Nasa

"Uma pergunta fundamental desta missão (Curiosity) é se Marte pode ter sido propício para a vida", disse Michael Meyer, cientista chefe do Programa de Exploração de Marte da Nasa. "Pelo que sabemos agora, a resposta é sim"

Agência France-Presse
postado em 12/03/2013 15:21
Washington - Análises feitas pelo robô Curiosity, da Nasa, em amostras de rochas marcianas revelaram a presença dos elementos básicos que compõem a vida - hidrogênio, carbono e oxigênio - uma evidência de que o planeta pode, no passado, ter abrigado organismos vivos, noticiou nesta terça-feira a agência espacial americana.

"Uma questão fundamental para esta missão é se Marte poderia ter tido um ambiente habitável", disse Michael Meyer, cientista chefe do Programa de Exploração de Marte da Nasa. "Pelo que nós sabemos, a resposta é sim", emendou.

Em uma entrevista coletiva transmitida pela televisão, a equipe da Nasa informou que esta é a primeira prova definitiva de que existiu um ambiente capaz de abrigar a vida além da Terra. "Há lugares que sugerimos serem habitáveis, mas não determinamos onde", disse Dave Blake, o principal pesquisador da investigação de Química e Mineralogia do Curiosity.

O Curiosity, um robô com seis rodas e dez instrumentos científicos a bordo, é o veículo mais sofisticado já enviado para outro planeta. A amostra foi retirada do leito rochoso sedimentar em uma área onde uma pesquisa anterior provou ter existido um antigo rio ou lago. As análises demonstraram que ela contém minerais de argila, de sulfato, além de outras substâncias químicas.



Com base nas análises desses elementos químicos, os cientistas conseguiram determinar que a água em que as rochas foram formadas tinha um pH relativamente neutro, ou seja, não salgado, ácido ou oxidante demais. "Nós descobrimos um ambiente habitável que é tão benigno e propício à vida que, provavelmente, se esta água existisse e tivéssemos estado ali, conseguiríamos bebê-la", afirmou John Grotzinger, cientista encarregado do projeto Curiosity, do Instituto de Tecnologia da Califórnia.

Na mesma coletiva, John Grunsfeld, um dos altos oficiais da Nasa, afirmou que a descoberta o fez "sentir-se zonzo". Ele disse que os novos dados ajudam a dar uma ideia de como foi a aparência do planeta vermelho em uma era anterior, com um possível lago de água doce e um Monte Sharp coberto de neve. Mas, alertaram os cientistas, esta aparência não seria recente.

Embora seja difícil confirmar a data exata, provavelmente seria há três bilhões de anos, disse Grotzinger. Os cientistas também notaram que será necessário coletar mais amostras rochosas para confirmar estes resultados porque é possível que carbono residual na perfuratriz tenha afetado as análises.

Mas "o instrumento está funcionando lindamente", entusiasmou-se Paul Mahaffy, principal pesquisador da Análise de Amostras do Curiosity na investigação sobre Marte.

A equipe já está planejando quando vai coletar as próximas amostras rochosas, bem como a rota do robô rumo ao Monte Sharp, onde a análise de minerais deverá ajudar a fazer cálculos de datação.

O veículo-robô Curiosity, movido a energia nuclear e com valor estimado em US$2,5 bilhões tem explorado a superfície do planeta desde seu pouso dramático no planeta vermelho em 6 de agosto para uma missão de dois anos.

Os cientistas não esperam que o robô encontre alienígenas ou criaturas vivas, e de fato, segundo disseram esta terça-feira, o dispositivo não tem a capacidade de identificar vida microbiana ou fósseis, mesmo se eles existissem atualmente.

Mas a análise do solo e das rochas visa a encontrar evidências de que Marte pode ter abrigado vida no passado.

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