Ciência e Saúde

Especialista: mortes por uso de anticoncepcional não são motivo para pânico

Na população geral o risco de trombose em mulheres é de 5 para cada 10 mil. Com o uso da pílula, o risco dobra, mas mesmo assim é um evento raro, passa de 10 para cada 10 mil mulheres. Gravidez e pós-parto aumentam as chances em três vezes: 30 para cada 10 mil

Valéria Mendes
postado em 12/06/2013 14:38
Notícias de mortes relacionadas a uso de anticoncepcional não devem influenciar decisão das mulheres
Nesta terça-feira (11/6), o Canadá divulgou a morte de 23 mulheres relacionando os óbitos com o uso dos anticoncepcionais Yaz e Yasmin, do laboratório alemão Bayer. No começo do ano, a França confirmou a morte de quatro mulheres em função dos efeitos secundários do uso da pílula Diane 35 do mesmo laboratório. Na época, a jornalista Juliana Rosa, de 31 anos, suspendeu o uso da medicação. Ela conta que recebeu um telefonema do pai após ele ver a nóticia perguntando qual anticoncepcional ela usava. ;Quando respondi, ele sugeriu que eu parasse;, relata. Desde então, ela está sem usar pílula. ;Com essas novas mortes, minha preocupação foi reforçada e vou procurar um médico mesmo;, afirma.

Edvânia Lima dos Santos tem 35 anos e é babá. Ela também usava o Diane e resolveu trocá-lo por outro medicamento seguindo a orientação de um amigo farmacêutico. ;Nem sei se eu fiz bem porque minha perna tem doído mais do que quando usava o Diane;, conta.

[SAIBAMAIS]Ginecologista e membro do comitê de educação continuada e assistencial da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (SOGIMIG), Agnaldo Lopes da Silva Filho diz que não há motivos para pânico. ;É muito mais uma questão legal que envolve um processo jurídico do que um novo fato científico;, alerta o médico sobre a notícia das mortes no Canadá.

Para ele, é importante destacar um dado que pode tranquilizar muita gente: na população geral o risco de trombose em mulheres é de 5 para cada 10 mil. Com o uso da pílula, o risco dobra, mas mesmo assim é um evento raro, passa de 10 para cada 10 mil mulheres. ;Do ponto de vista de comparação a gravidez e o pós-parto representam um risco maior que é de 30 para cada 10 mil mulheres;, diz. Fatores que aumentam o risco e que devem ser levados em conta são obesidade, sedentarismo e tabagismo. ;O primeiro ano de uso na pílula também aumenta esse risco;, observa.

Agnaldo Lopes recomenda que o uso do contraceptivo não seja interrompido. ;Não é motivo para pânico, o uso do anticoncepcional continua extremamente seguro. Não existe ninguém melhor que o médico para saber qual o melhor anticoncepcional para cada paciente;, salienta. Se a dúvida persiste, o ideal é procurar o ginecologista de confiança.

Sobre o Yasmin, ele explica que a composição é um pouco diferente das pílulas mais utilizadas. ;É um tipo de progesterona diferente, mas é preciso estudo para saber se essas novas progesteronas aumentariam o risco;, conclui.

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