Ciência e Saúde

Missão Swarm vai explorar polo magnético: um alvo em constante movimento

Se tudo sair bem, a missão Swarm, de 230 milhões de euros (US$ 276 milhões), explicará algumas das coisas incomuns que estão acontecendo com o magnetismo do nosso planeta

Agência France-Presse
postado em 18/11/2013 19:22
Paris - A Europa lança na semana que vem um trio de satélites de alta tecnologia para explorar algo que pode parecer bem mundano: o polo magnético da Terra.

Afinal, o magnetismo tem estado entre nós há bilhões de anos. Ele tem aplicações incontáveis na nossa vida, de dispositivos elétricos aos de navegação. Então, qual é a novidade?

Na realidade, há muita coisa nova. Se tudo sair bem, a missão Swarm, de 230 milhões de euros (US$ 276 milhões), explicará algumas das coisas incomuns que estão acontecendo com o magnetismo do nosso planeta.

"O campo magnético da Terra é uma coisa muito importante. Ele torna a vida possível na Terra, ao oferecer abrigo contra a radiação do espaço", disse Albert Zaglauer, gerente de projeto da Astrium, fabricante dos satélites.O campo é variável, disse Zaglauer.

"O polo magnético está mudando e o campo magnético está mudando também. Por quê?", questionou. O magnetismo terrestre origina-se de ferro e níquel líquidos superaquecidos, que giram no núcleo externo cerca de 3.000 quilômetros debaixo da superfície.

Como um dínamo giratório, este oceano de metal subterrâneo gera correntes elétricas e, consequentemente, um campo magnético. Mas, ao contrário do que muitos podem pensar, o campo não é constante e imutável.

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Desde que foi localizado com precisão pela primeira vez por James Ross no Grande Norte canadense, em 1831, o polo norte magnético não parou de se mover e seus deslocamentos às vezes brutais intrigam os cientistas.

Ao longo do século XIX e até 1980, o polo magnético se movia de forma bastante lenta (menos de 10 km por ano), rumo à Sibéria, mas sua velocidade logo se acelerou, beirando os 60 km/ano nos anos 1990, antes de voltar a se estabilizar.

No total, entre 1831 e 2007, o polo magnético norte percorreu cerca de 2.000 km rumo ao nordeste. A causa? O campo magnético terrestre, que a missão Swarm quer medir, é muito variável no espaço e no tempo. Inclusive se inverteu em várias oportunidades ao longo da História, de forma muito irregular, mas em média a cada 200.000 anos.

Atualmente, o campo magnético terrestre diminui de forma bastante rápida (perdeu cerca de 6% em intensidade em um século), mas continua sendo superior ao que se observa antes de uma inversão, um processo que leva vários milhões de anos. Ao contrário dos polos geográficos, os polos magnéticos Norte e Sul - isto é, os pontos na superfície terrestre onde este campo magnético é exatamente vertical - não estão situados em pontos opostos do globo.

O polo magnético norte se encontra atualmente a mais de 85 graus de latitude (com relação ao norte geográfico) enquanto o polo magnético sul está situado a apenas 65 graus de latitude sul, na região Antártica.

Como os polos geográficos são fixos é, portanto, necessário corrigir a direção indicada por uma bússola. Para se orientar de forma precisa com este instrumento - que nunca sofre defeitos, ao contrário de um GPS ou instrumento de rádio - é preciso dispor de um mapa muito recente. Os dados coletados pelos satélites Swarm servirão para atualizar estes mapas, usados sobretudo na navegação aérea.

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