Paloma Oliveto
postado em 21/11/2013 08:27
Perto da imensidão oceânica, fontes de água doce, como rios, lagos e reservatórios, parecem uma gotinha. Juntas, representam apenas 2,2% da superfície do planeta, o que fez com que, durante muito tempo, fossem ignoradas no balanço do ciclo do carbono. Contudo, uma pesquisa publicada na revista Nature constatou que essa rede de transporte aquífero emite o dobro de CO2 na atmosfera do que se imaginava. Usando três parâmetros ; concentração do gás na superfície das águas, velocidade de transferência para a atmosfera e extensão de rios e lagos ;, o grupo internacional de cientistas também descobriu que 70% da evasão de dióxido de carbono originário dessas fontes está concentrada em somente 20% do território global, sendo que a região amazônica lidera o ranking.Os cálculos feitos pela equipe de pesquisadores revelaram que esses reservatórios são responsáveis por um fluxo de 2,1 gigatoneladas de CO2 por ano ; como comparação, a queima de combustível fóssil lança até 8 gigatoneladas. Peter A. Raymond, biogeoquímico da Faculdade de Estudos Ambientais e Florestais de Yale e principal autor do estudo, afirma que não é possível, ainda, identificar o que gera tanto dióxido de carbono na água doce. ;A matéria orgânica que se acumula no solo e é levada pelo rio provavelmente tem um grande papel nisso, mas não explica, sozinha, uma taxa tão alta de evasão. Mais estudos são necessários para determinar a fonte, inclusive se há ação antropogênica envolvida, isto é, se atividades humanas estão por trás de parte das emissões;, afirma.
Com a ajuda de mapas gerados por satélite, Raymond identificou que as fontes de água dos trópicos são aquelas com maior fluxo de carbono ; sozinhos, os rios amazônicos concentram 0,6 gigatonelada da evasão global desse tipo. Embora exista uma relação com o clima e a vegetação tropical, o cientista afirma que também é necessário investigar mais profundamente por que nessa latitude há mais carbono circulando nos rios e lagos ; algo que ele já começou a fazer.
Em um artigo escrito para a Nature, o pesquisador Bernhard Wehrli, do Instituto Suíço Federal de Ciências Aquáticas, estima que a inesperada quantidade de carbono sendo emitida por fontes de água doce pode vir da respiração do solo, da erosão e do desmatamento. ;No presente momento, não está claro o que contribui mais;, afirmou. Ele destacou que, para tanto, será necessário usar métodos avançados de geoquímica que diferenciem a matéria orgânica terrestre da aquática. Wehrli também destacou que é preciso detectar o quanto de metano (outro potente gás de efeito estufa) as fontes de água doce estão emitindo.
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