Ciência e Saúde

Estudos indicam que doenças neurológicas são fruto da evolução

Os pesquisadores compararam pedaços de ossos antigos com o material genético do homem moderno

Vilhena Soares
postado em 18/04/2014 06:00

Cientistas da Universidade Hebraica de Jerusalém compararam o material genético de neandertais e do homem moderno e chegaram a conclusões que podem estar ligadas ao surgimento de transtornos psiquiátricos e neurológicos. A resposta desses males da modernidade estaria em diferenças nos níveis de metilação (modificações químicas do DNA), que foram maiores nos neandertais.

;Uma vez que muitas diferenças morfológicas entre os grupos humanos podem ser atribuídas à diferença na regulação dos genes, seguimos em busca de informações sobre a regulação de genes no DNA antigo. Nós nos baseamos em um outro trabalho que desenvolveu um protocolo semelhante a partir de amostras antigas;, destaca Liran Carmel, uma das autoras do estudo e professora do Departamento de Genética da Universidade Hebraica de Jerusalém.



Os pesquisadores compararam pedaços de ossos antigos com o material genético do homem moderno e encontraram cerca de 2 mil regiões metiladas a mais nas amostras pré-históricas. De acordo com os cientistas, essa divergência pode explicar mudanças nas formações de membros do corpo humano moderno. ;Os nossos dados sugerem que essas diferenças podem ser explicada pelas alterações na atividade dos genes HOXD9 e HOXD10, que estão ligados a alterações de membros da morfologia óssea que influenciaram na estruturação do corpo;, explica Carmel.

Outra descoberta do estudo é a de que, nas áreas mapeadas com maiores diferenças na metilação em seres humanos modernos, há um aumento de cerca de duas vezes da possibilidade de existência de genes relacionados a doenças neurais, o que facilitaria propensão do homem moderno a ter problemas psicológicos e neurológicos. ;Relatamos que os genes cuja atividade tinha mudado recentemente ao longo da linhagem podem ter levado os seres humanos a serem mais propensos a essas doenças. Combinando isso com o fato de muitos desses genes serem expressos também no cérebro, essa constatação levanta a hipótese de que os genes cuja atividade mudaram ;recentemente; em nosso cérebro também estão relacionados com doenças mentais;, detalha Carmel.

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