Ciência e Saúde

Brasil ganha laboratório moderno de pesquisa em gemologia, no Rio

De acordo com dados do IBGM, o setor brasileiro de gemas e joias gera 350 mil empregos diretos e registrou, em 2012, faturamento de R$ 7,5 bilhões

postado em 19/08/2014 17:35
O Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, inaugurou hoje (19), na Ilha do Fundão, zona norte do Rio de Janeiro, o Laboratório de Pesquisas Gemológicas (Lapege), considerado o mais moderno laboratório de pedras preciosas da América do Sul. O objetivo, segundo o pesquisador responsável da unidade, Jurgen Schnellrath, é melhorar o desenvolvimento do setor brasileiro de gemas, joias e bijuterias.

;A nossa competência aqui é mais voltada para a parte de identificação e caracterização de pedras preciosas, mas também metais preciosos;, explicou o pesquisador. O Lapege está equipado para comprovar se uma pedra tem, de fato, origem natural ou se é uma imitação sintética, como muitas que são encontradas no mercado. ;Isso parece ser muito fácil, mas nem sempre é;.

Segundo Schnellrath, existem no Brasil muitos laboratórios menores que fazem a identificação básica, com equipamentos de baixo custo, alguns subordinados ao Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM). Segundo explicou, o Cetem obteve financiamento para a compra de equipamentos analíticos de ponta, inclusive espectrofotômetros, aparelhos que medem e comparam a quantidade de luz absorvida por determinada solução.


;Com esses espectrofotômetros, nós hoje estamos habilitados a ir um pouco além do que aqueles laboratórios básicos podem ir;, explicou. Deu como exemplo um diamante colorido que vale, em alguns casos, mais de US$ 1 milhão, o quilate, que é um quinto do grama. Explicou, porém, que é possível criar essa cor de forma artificial nos diamantes. ;Você induz essa cor;. Por isso, é complicado detectar a autenticidade do material usando ferramentas rudimentares. ;Daí, o Cetem ter investido nas técnicas mais avançadas, para poder resolver problemas que até hoje não tinham solução;.

Até agora, os interessados em comprovar a autenticidade de uma pedra tinham que enviar o material para os Estados Unidos e aguardavam meses por uma certificação. ;Hoje, nós passamos a ter um laboratório no país capaz de dar essas respostas em menor tempo e sem ter que enviar para tão longe;.

A meta é estabelecer um acordo de parceria com o IBGM, que representa o setor no país e nos eventos internacionais, pelo qual o Cetem deixaria de emitir laudos, hoje no volume de 100 por ano, passando essa atribuição aos laboratórios de menor porte. Isso é importante, salientou Schnellrath, porque a compra de uma joia depende da confiança do consumidor de estar comprando a coisa certa. ;É importante ter laboratórios capacitados para poder o consumo interno também acontecer;. A certificação facilita também as transações, reforçou.

De acordo com dados do IBGM, o setor brasileiro de gemas e joias gera 350 mil empregos diretos e registrou, em 2012, faturamento de R$ 7,5 bilhões. Cerca de 96% da cadeia produtiva é formada de micro e pequenas empresas. O Brasil é um tradicional fornecedor de pedras preciosas. ;Foi o maior produtor mundial de diamantes, durante 150 anos, desde o início da época colonial até 1866, quando foram descobertos diamantes na África do Sul;, ressaltou o coordenador do Lapege.

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