Ciência e Saúde

Biólogos encontram vínculos entre vermes, moscas e humanos

Embora as três espécies sejam obviamente diferentes, a evolução usou "ferramentas moleculares notavelmente similares" para formá-las, afirmam os cientistas

Agência France-Presse
postado em 27/08/2014 22:08
Paris - Biólogos afirmaram nesta quarta-feira que a máquina genética de seres humanos, moscas das frutas e vermes nematódeos é surpreendentemente similar em muitas formas, em uma descoberta que pode ajudar as pesquisas básicas sobre doenças.

Um consórcio formado por mais de 200 cientistas comparou o genoma do homem moderno com o de duas criaturas amplamente estudadas em laboratório: a mosca das frutas ("Drosophila melanogaster") e uma criatura microscópica denominada nematódeo ("Caenorhabditis elegans").

Embora as três espécies sejam obviamente diferentes, a evolução usou "ferramentas moleculares notavelmente similares" para formá-las, afirmam os cientistas.

As três compartilham muitos genes e grande parte das chaves para ativar e desativar estes genes, segundo artigos publicados na revista científica Nature. "Quando observamos as moscas e os vermes, é difícil crer que os humanos tenham algo em comum com eles", afirmou Mark Gerstein, professor de informática biomédica da Universidade de Yale.

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[SAIBAMAIS]"Mas, agora, nós acreditamos que podemos ver semelhanças profundas neles que nos ajudam a interpretar melhor o genoma humano", prosseguiu. Cerca da metade dos genes associados com cânceres e outras doenças hereditárias em humanos também existem no genoma da mosca das frutas, afirmou Sarah Elgin, professor de Biologia da Universidade de Washington em St. Louis, no Missouri. A descoberta poderia ser usada para afinar as pesquisas sobre terapia epigenética, acrescentou.

A epigênese é a chave que determina se um gene é silencioso ou funcional. Eles são influenciados pela idade avançada e estresse ambiental, como a exposição a tabaco ou ao álcool. Empresas farmacêuticas estão amplamente interessadas em medicamentos capazes de "reparar" genes disfuncionais. Mais de 70 medicamentos para tratamento epigenético são projetados só para tratar o câncer. Outras doenças alvo importantes são diabetes e mal de Alzheimer.

Elgin explicou que os desenvolvedores de medicamentos precisavam tomar cuidado para que estes novos tratamentos não perturbem o maquinário epigenético que permeia o código genético humano, impondo um efeito colateral de forma similar à quimioterapia. Segundo ela, testar teorias primeiro em organismos modelos, como a modesta mosca das frutas, poderia ser de grande ajuda.

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