Ciência e Saúde

Nasa faz simulação da 'viagem' do CO2 pela atmosfera do planeta

Processo é o primeiro a mostrar com riqueza de detalhes a dinâmica do gás, um dos maiores responsáveis pela elevação da temperatura global

Jacqueline Saraiva
postado em 18/11/2014 12:28
Uma simulação feita por pesquisadores da agência espacial americana (Nasa, na sigla em inglês) mostra em detalhes como o dióxido de carbono viaja pela atmosfera terrestre. O vídeo foi produzido pelo Laboratório Espacial Goddard, a partir de um modelo chamado GEOS-5, um computador de altíssima resolução, criado pelos pesquisadores da instituição dos Estados Unidos. O principal objetivo é alertar para a necessidade de se cortar as emissões da sustância, que é responsável pela elevação da temperatura da Terra. Veja o vídeo, em inglês (no Youtube é possível habilitar as legendas):

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Segundo a Nasa, a simulação, intitulada ;Nature Run;, demonstrou as emissões de CO2 ocorridas entre janeiro e dezembro de 2006. De acordo com a análise, quando ocorre o ciclo de crescimento das plantas e árvores no Hemisfério Norte, durante a primavera e o verão, o processo de fotossíntese faz com que uma grande quantidade de dióxido de carbono seja absorvida. Já no Hemisfério Sul predomina o lançamento de monóxido de carbono, por conta principalmente de incêndios na América do Sul, África e Austrália.

[SAIBAMAIS]Os cientistas demonstraram ainda que, nos períodos de outono e inverno no Hemisfério Norte, entre setembro e março, a maior parte das emissões de carbono permanece na atmosfera. No vídeo é possível ver que as manchas mais acentuadas ficam sobre os Estados Unidos, Europa e Ásia -- mais precisamente sobre a China --, que são as regiões onde mais há emissão do poluente.



;Fascinante;

Esse tipo de simulação, combinando os dados de observações dos cientistas, é a primeira a mostrar com riqueza de detalhes essa dinâmica do dióxido de carbono no ar. A resolução do modelo GEOS-5 é aproximadamente 64 vezes maior do que a de modelos típicos climáticas globais. Bill Putman, que é o cientista chefe do projeto do Goddard Space Flight Center da Nasa em Greenbelt, Maryland, afirma que o projeto é ;fascinante;, mesmo observando as consequências dramáticas dessa emissão tão alta de CO2. "Simulações como essa, combinadas com dados de observações, vão ajudar a melhorar a nossa compreensão de emissões humanas de dióxido de carbono e fluxos naturais em todo o mundo", afirmou.

Apesar de os efeitos do CO2 ainda seres desconhecidos por grande parte da população global, os estudos como o do ;Nature Run; vão ajudar os cientistas a entenderem melhor os processos que levam às altas concentrações de gases poluentes no mundo. A simulação produziu cerca de quatro petabytes (milhões de bilhões de bytes) de dados e exigiu 75 dias de computação dedicada para ser completada.

O grande vilão

As indústrias do mundo lançaram um recorde de emissões de carbono para a atmosfera em 2013, segundo um relatório, divulgado em setembro deste ano, feito por cientistas de diversas partes do mundo. O estudo mostra que foram emitidas 36,1 bilhões de toneladas métricas de CO2 no ano passado, uma alta de 2,3% em relação a 2012.

O gás é fundamental para a manutenção da vida no planeta. Sem ele, plantas e outros organismos não realizariam o processo da fotossíntese. No entanto, entre os séculos 18 e 19, o nível do CO2 presente na atmosfera era de aproximadamente 280 partes por milhão (ppm). Após a Revolução Industrial, no final do século 19, esse valor não parou mais de crescer. Hoje, o gás é considerado o maior vilão responsável pelo aquecimento global, assim como o metano, ozônio e CFCs.

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