Ciência e Saúde

Cidade mineira tem hábitos de sono semelhantes à era pré-industrial

Depois de avaliar 3 mil moradores do lugar, pesquisadores concluem que a hora de dormir e acordar é influenciada por fatores ambientais e genéticos

Vilhena Soares
postado em 19/03/2015 06:31

Igreja da Matriz, no centro de Baependi: população da cidade costuma se deitar de uma a duas horas mais cedo que moradores de grandes cidades

Na pequena e tranquila Baependi, cidade com cerca de 18 mil habitantes em Minas Gerais, o ritmo de vida é bem diferente do de grandes cidades. As pessoas não costumam esticar muito a noite, preferindo dormir cedo. E, tão logo o dia amanhece, estão de pé. É como se a população, pelo menos em relação aos hábitos de sono, vivesse em tempos pré-industriais, com um relógio biológico muito parecido ao natural.

Por esse motivo, a localidade se tornou foco de um estudo que busca compreender o regime de sono moderno, conduzido por especialistas da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Surrey, no Reino Unido. Depois de investigar a vida de moradores do lugar, os autores do trabalho, publicado no jornal especializado Scientific Reports, concluíram que a hora de se deitar e se levantar é resultado de uma combinação de fatores ambientais e genéticos.

Segundo Alexandre da Costa Pereira, um dos autores do artigo, a investigação foi iniciada 10 anos atrás, como um estudo sobre a saúde cardiovascular. ;Queríamos identificar os fatores genéticos ligados a doenças do coração, e, com o passar dos anos, o trabalho englobou outros traços do nosso interesse, como o sono;, conta ao Correio o médico do Instituto do Coração (Incor), ligado ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Em Baependi, os especialistas puderam analisar casos de diferentes gerações, pertencentes às mesmas famílias e que seguem hábitos muito parecidos, o que ajuda a identificar as influências genéticas e ambientais sobre o comportamento. Outra vantagem oferecida pelo município é o estilo de vida que se leva ali. ;Baependi é uma cidade muito autêntica e tradicional, com muito pouca migração de entrada. Apesar de quase todos os habitantes terem acesso à eletricidade e à televisão, o estilo de vida ainda é muito tradicional em diversos aspectos;, explica Malcolm Von Schantz, pesquisador da Universidade de Surrey e também coautor do trabalho.

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